De arte se faz a festa, mas a
emoção tem de fazer parte da equação. E foi uma noite em que emoção chegou, sem
dúvida, às bancadas – tenha sido pela dureza da pega, as piruetas que remataram
os ferros ou pela correção na colocação da ferragem.
Os seis exemplares de Canas
Vigouroux oscilaram entre os 485 e os 505kg, de boa apresentação e
comportamento semelhante.
Marcos Bastinhas iniciou a função
aguentando, e bem, a pata com saiu o seu primeiro oponente. É de destacar o
terceiro curto deixado ao estribo e “debaixo do braço”. O cavaleiro teve muita
facilidade em ligar-se com o público arrudense e entre remates mais vistosos e algumas
piruetas de adorno, levou a cabo uma faena muito positiva. Frente ao seu
segundo toiro, e numa altura em que (infelizmente) não se dá muito valor ao que
não é o momento da cravagem, Marcos Bastinhas bregou de forma espetacular, tal
como deve ser. Tourear é isto, levar o toiro para onde o toureiro quer, e assim
fez o Marcos. Deixou a ferragem da ordem, mas acabou por consentir um toque na
montada e não voltou ao “sítio” onde estava. Fechou a sua bonita passagem por
Arruda com a colocação de um ferro de palmo.
Duarte Pinto teve uma passagem
menos gloriosa por Arruda. Com o seu primeiro, teve algumas dificuldades em
cravar o primeiro curto, passando algumas vezes em falso. O seu “oponente”
também não facilitou e tardava na reunião. No entanto, não descurou na brega e
o quarto curto foi de qualidade. Perante o quinto exemplar da noite, a história
não foi muito diferente, infelizmente. A faena não rompeu, a música não tocou e
tudo resultou muito discreto. Melhores noites virão!
Salgueiro da Costa colocou a
“carne no assador” assim que recebeu o terceiro Canas da noite, aguentando e
levando-o na sua montada. Foi (e bem) valorizada a brega. Cumpriu na ferragem
comprida mas o segundo curto foi de grande nota: de frente e ao estribo! Olé!
Andou a gosto e com gosto. Arruda entendeu, gostou e aplaudiu. Coube a
Salgueiro da Costa fechar a noite no que às lides a cavalo diz respeito. Com o
último da noite, a faena não rompeu tanto quanto a primeira. No entanto, foi de
grande destaque e um momento que há-de ficar na memória, o terceiro curto.
As pegas estiveram a cargo do
Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira e de Arruda dos Vinhos. Por
Vila Franca, bateu as palmas ao primeiro da noite o cabo Vasco Pereira e
efetivou ao segundo intento depois de na primeira tentativa não ter aguentado
os fortes derrotes; Rafael Plácido fechou-se decidido à primeira tentativa;
Guilherme Dotti concretizou à segunda tentativa uma pega “limpa”, já que na
primeira tentativa o toiro acabou por fugir um pouco ao grupo e o bom par de
braços do forcado não foi suficiente. Por Arruda dos Vinhos foram caras Pedro
Belbute, que efetivou à quarta tentativa, depois do toiro ter “rompido” pelo
grupo nas tentativas anteriores; Hélder Silva concretizou com valentia à
primeira e Nuno Aniceto efetivou um “pegão” à primeira tentativa, tendo tido o
forcado força e vontade para se ter aguentado na cara depois do toiro ter rompido
pelo grupo adentro.
A corrida foi dirigida por Ana Pimenta e assessorada pelo
médico veterinário Jorge Moreira da Silva.
Fotografia e Texto: Lisa Valadares Silva
