Crónica da 1ª da feira de Arruda: "A emoção tem que fazer parte da equação"

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A Feira Taurina em Honra de Nossa Senhora da Salvação, em Arruda dos Vinhos, começou no passado dia 16 com uma corrida de homenagem póstuma ao forcado Ricardo Silva “Pitó” que há 20 anos naquela arena perdeu a vida. A noite iniciou-se exatamente com uma merecida ovação ao malogrado forcado que pertenceu ao Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira. Os aficionados preencheram as bancadas (cerca de ¾ fortes) e a noite foi de emoção.

De arte se faz a festa, mas a emoção tem de fazer parte da equação. E foi uma noite em que emoção chegou, sem dúvida, às bancadas – tenha sido pela dureza da pega, as piruetas que remataram os ferros ou pela correção na colocação da ferragem.

Os seis exemplares de Canas Vigouroux oscilaram entre os 485 e os 505kg, de boa apresentação e comportamento semelhante.

Marcos Bastinhas iniciou a função aguentando, e bem, a pata com saiu o seu primeiro oponente. É de destacar o terceiro curto deixado ao estribo e “debaixo do braço”. O cavaleiro teve muita facilidade em ligar-se com o público arrudense e entre remates mais vistosos e algumas piruetas de adorno, levou a cabo uma faena muito positiva. Frente ao seu segundo toiro, e numa altura em que (infelizmente) não se dá muito valor ao que não é o momento da cravagem, Marcos Bastinhas bregou de forma espetacular, tal como deve ser. Tourear é isto, levar o toiro para onde o toureiro quer, e assim fez o Marcos. Deixou a ferragem da ordem, mas acabou por consentir um toque na montada e não voltou ao “sítio” onde estava. Fechou a sua bonita passagem por Arruda com a colocação de um ferro de palmo.

Duarte Pinto teve uma passagem menos gloriosa por Arruda. Com o seu primeiro, teve algumas dificuldades em cravar o primeiro curto, passando algumas vezes em falso. O seu “oponente” também não facilitou e tardava na reunião. No entanto, não descurou na brega e o quarto curto foi de qualidade. Perante o quinto exemplar da noite, a história não foi muito diferente, infelizmente. A faena não rompeu, a música não tocou e tudo resultou muito discreto. Melhores noites virão!

Salgueiro da Costa colocou a “carne no assador” assim que recebeu o terceiro Canas da noite, aguentando e levando-o na sua montada. Foi (e bem) valorizada a brega. Cumpriu na ferragem comprida mas o segundo curto foi de grande nota: de frente e ao estribo! Olé! Andou a gosto e com gosto. Arruda entendeu, gostou e aplaudiu. Coube a Salgueiro da Costa fechar a noite no que às lides a cavalo diz respeito. Com o último da noite, a faena não rompeu tanto quanto a primeira. No entanto, foi de grande destaque e um momento que há-de ficar na memória, o terceiro curto.

As pegas estiveram a cargo do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira e de Arruda dos Vinhos. Por Vila Franca, bateu as palmas ao primeiro da noite o cabo Vasco Pereira e efetivou ao segundo intento depois de na primeira tentativa não ter aguentado os fortes derrotes; Rafael Plácido fechou-se decidido à primeira tentativa; Guilherme Dotti concretizou à segunda tentativa uma pega “limpa”, já que na primeira tentativa o toiro acabou por fugir um pouco ao grupo e o bom par de braços do forcado não foi suficiente. Por Arruda dos Vinhos foram caras Pedro Belbute, que efetivou à quarta tentativa, depois do toiro ter “rompido” pelo grupo nas tentativas anteriores; Hélder Silva concretizou com valentia à primeira e Nuno Aniceto efetivou um “pegão” à primeira tentativa, tendo tido o forcado força e vontade para se ter aguentado na cara depois do toiro ter rompido pelo grupo adentro.

A corrida foi dirigida por Ana Pimenta e assessorada pelo médico veterinário Jorge Moreira da Silva.


Fotografia e Texto: Lisa Valadares Silva


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