Onde exista muita heterogeneidade, dificilmente se encontrará homogeneidade, seja ela de pensamento ou de acção. Quero com isto dizer que, com um público multifacetado, de origens bem diversas e com intuitos também diversos, não se poderá esperar que se aplauda com força as sortes mais bem executadas nem se pode criticar que aplauda desplantes sem toiro porque essa é a sua forma de entender e participar no espectáculo, ficando algumas coisas boas por aplaudir e realçar. Mas como diz o refrão “o povo é que mais ordena” e, se se divertiu tanto melhor pois foi para isso que pagou o seu bilhete.
Luís Rouxinol, que foi homenageado pelos seus 35 anos de alternativa, sentiu algumas dificuldades para contornar os problemas que o primeiro da noite lhe colocou e resolveu-os com a solvência que a mestria dos 35 anos de alternativa lhe permitem, e agrado na fase final da lide com um bom curto e outro de palmo. No quarto da noite voltou a mostrar a sua raça e valor na brega e na cravagem da ferragem que rematou com um par de bandarilhas e um ferro de palmo.
Francisco Palha cumpriu frente ao segundo da noite deixando um bom segundo comprido que foi bem rematado e uma série de 5 curtos com destaque para o muito bom terceiro numa lide em que acabou por não romper. Mas no quinto da ordem tudo mudou e para melhor. Na série de curtos (6), moderou andamentos, citou com classe, entrou bem nos terrenos do toiro para cravar de alto a baixo como mandam as regras e o último foi de nota superior. Esteve artista, em toureiro e a mostrar a sua arte.
Com uma conectividade extraordinária com o público, o rejoneador espanhol Andrés Romero cedo se apercebeu do que o público que queria e aliou o bom toureio à espectacularidade de alguns momentos fora da cara do toiro para agradar a essa franja de público. Teve bons momentos na ferragem curta em ambos os toiros, piruetas em alguns remates e os aplausos saíram fortes. Foram duas actuações em que gostei bastante de alguns ferros curtos e o público rendeu-se ao toureio de Romero.
Para pegar estes toiros estiveram em praça 3 Grupos de Forcados: Portalegre, Caldas da Rainha e Académicos de Coimbra. Pelos alentejanos de Portalegre foram caras Gonçalo Lobo numa rija pega de cara à 1ª; e Gonçalo Costa à 2ª tentativa. Pelos de Caldas da Rainha pegaram Joaquim Nilo à 1ª e António Appleton também à 1ª, enquanto que pelos os Académicos de Coimbra foram à cara dos toiros, João Gonçalves e Martim Rodrigues ambos bem e ao primeiro intento.
Lidaram-se toiros do Engº Jorge Carvalho de diversas condições. A representante da ganadaria deu volta após a lide do 6º toiros.
Dirigiu José Soares sem homogeneidade de critério, assessorado pelo veterinário José Luís Cruz.
António Lúcio Dinis