Começo este texto de opinião a assumir
a minha ignorância por ter recorrido ao Google para descobrir quem é Fábio Porchat,
a quem a imprensa, generalista e não só, tanto deu destaque este fim-de-semana,
não pelo resultado do seu trabalho mas pela frase com que terminou uma actuação
sexta-feira passada no Campo Pequeno, e na qual apelou ao fim da Tauromaquia.
E diz-me o motor de pesquisa que
Porchat é um humorista brasileiro que portanto, além da blasfémia de “cuspir” dentro da
Casa do Toureio Nacional sobre a Arte que a ergueu, fez realmente “comédia”
quando viu o seu espectáculo de humor reduzido a notícias sobre o apelo que fez
no final. Pelo que não ficará na memória dos que viram (e dos que não viram mas
só leram notícias na internet como eu) pelo seu desempenho como artista mas sim
por ter dito que “não queria mais que
bichos se apresentassem” na Praça de Toiros lisboeta - e para isso, será
necessário que ele por exemplo, nunca mais entre no Campo Pequeno.
Mas mal menor é para mim o
Porchat. O que ele diz e o que ele quer são me tão insignificantes quanto o
próprio, já que inclusive desconhecia a sua existência. Também não me preocupa que
ainda não se conheçam os cartéis dos festejos taurinos que se prevêem para este
ano em Lisboa, ainda que aos poucos se vão destapando nomes de figuras que, noutras
praças e noutras feiras lusas, também irão estar. O que realmente me incomoda é
a quantidade que se prevê de espectáculos taurinos a acontecerem este ano no
Campo Pequeno e que, de acordo com o que se diz pelos mentideros, poderá não
chegar à meia-dúzia.
Sabemos que quantidade, por
norma, não fica bem de mãos dadas com qualidade mas…nem tanto ao mar nem tanto
à terra. A pandemia não será certamente em 2022 desculpa para uma temporada
menor no Campo Pequeno que é tão só a primeira praça do nosso país. Lisboa não
pode perder posição em termos de importância no Mundo Taurino. Ao Campo Pequeno
se exige não só os melhores cartéis, as grandes figuras, como uma Temporada de
primeira e uma época grande! Limitar a temporada lisboeta a 4 ou 5 espectáculos
é quase faltar ao respeito à História do Campo Pequeno mas também, e
principalmente, aos aficionados.
É fácil deduzir que não será obra
da empresa encarregue da gestão taurina da praça de toiros em Lisboa tal decisão
mas que possivelmente foi a agenda disponível que o “dono daquilo tudo” terá
permitido. Também sei que falar de Álvaro Covões é quase tabu neste meio. Não
vai gostar o empresário taurino, não vai gostar a Prótoiro…vão dizer que não
devemos “incomodar” o gestor do Campo Pequeno ainda assim ele não nos feche a
Porta Grande de vez. Mas eu cá não entendo, pois cordialidade é uma coisa, não
nos fazermos ouvir é outra, e acho que a cova pode aos poucos estar a ser
aberta…
E tomo até de exemplo a RTP e as
corridas televisionadas. Eram muitas, depois meia dúzia…e hoje?
Perante isto tudo, os demais
agentes taurinos, principalmente os toureiros, continuam impávidos e serenos.
Não há união entre os sectores, não há debate sobre o futuro da Tauromaquia, e
neste caso em concreto sobre a tauromaquia no Campo Pequeno…
No defeso a preocupação foi em
quem votar, agora é a de delinear agendas, montar cartéis fotocópias (há feiras
taurinas com 2 e 3 toureiros repetidos nos seus 2 e 3 cartéis de feira…ui que diversidade…),
depois é ver quem toureia mais, quem compra o cavalo a quem… e com isto, que
interessa o Campo Pequeno? Numa das corridas em Lisboa para esta época talvez
saquem de uma lona com uma daquelas mensagens que a Prótoiro lhes há-de ensinar
e nós, aficionados, bateremos palmas, partilharemos nas redes sociais e pronto.
Felizes como sempre, pois o futuro do Campo Pequeno ao Covões pertence, e nós,
parvos (com todo o respeito), deixamos andar. Até ao dia…
Dizem que vai ser uma “super temporada”
este ano em Lisboa?
Oxalá…e que em 2023, e por aí fora,
ainda seja mais “super”!
Patrícia Sardinha