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    João Ferreira: "O meu sonho era viver da minha profissão"


    É um dos grandes casos do Toureio de Prata nacional que tem vindo a crescer e a ganhar destaque nas nossas praças mas também nas do país vizinho. Já saiu nas quadrilhas de grandes Figuras e nas principais praças e Feiras em Espanha sendo sempre convidado a saudar após brilharete no tércio de bandarilhas. Um toureiro que nos enche de orgulho: o bandarilheiro JOÃO FERREIRA em entrevista ao NATURALES.

    Como nasceu o seu interesse no toureio e concretamente em ser bandarilheiro?

    Era difícil não ter tido interesse no toureio com antecedentes familiares ligados a esta área, principalmente tendo tido um irmão que foi forcado e o outro que se tornou matador de toiros. E esse foi sempre mesmo o meu interesse desde o início, ser bandarilheiro, pois gostava como o faziam e como interpretavam a sua função. Recordo-me que a primeira corrida que vi em Vila Franca Xira na trincheira, toureava o meu irmão António João Ferreira que vinha de França para a tourear, e disse-me que me ambientasse e que reparasse melhor… E ao acompanhar a trajectória do meu irmão como matador de toiros, um dia comentei-lhe deste meu interesse e comecei a treinar com ele para que me desse a sua opinião, se realmente tinha alguma hipótese de vir a progredir neste mundo dos toiros. E assim comecei o meu percurso em 2011 em Portugal.

    Então o seu “mestre” foi o seu irmão ou chegou a frequentar alguma escola?

    Quem me ensinou foi o matador de toiros Antonio João Ferreira, sendo que sou afortunado por ser meu irmão. Foi ele quem me passou a técnica, os ensinamentos, a educação taurina que é sem dúvida muito importante. Também frequentei a Escola de Toureio em Vila Franca de Xira para me manter preparado fisicamente.

    Tendo antecedentes, porque não quis ser novilheiro/matador como o irmão? Ou forcado como o outro irmão?

    Não quis ser nem matador porque para isso tem que se ter outro tipo de valores. E forcado também não, porque não tinha conhecimentos nem era a visão da Tauromaquia que eu partilhava. O meu gosto era realmente ser bandarilheiro e no qual acreditava que poderia vir a ter algum futuro.

    O João Ferreira tem destacado na arte das bandarilhas. Qual o segredo para se ser um bom bandarilheiro?

    Eu não diria para se ser um bom bandarilheiro mas sim antes para se ser um bom profissional… acho que logo para começar tem que se ter consciência que é necessária uma boa preparação tanto física como mental e depois claro, o conhecimento desta arte que se torna mais fácil com o decorrer da tua profissão.

    Tem algum toureiro de prata em quem se inspire?

    Tento sempre superar-me a mim mesmo e nisso me inspiro. Certamente que tenho alguns toureiros que admiro, inclusive temos bons profissionais actualmente mas a inspiração é sempre em mim e em melhorar o meu desempenho.

    Ao longo da história da Tauromaquia, Portugal sempre teve grandes exemplos de bons toureiros de prata (e até matadores) no tércio de bandarilhas. Depois, atrevo-me a dizer que, talvez aqui há uns anos, o papel do bandarilheiro tenha perdido alguma importância. Ultimamente temos novamente uma série de jovens bandarilheiros exímios nessa arte. Concorda?  

    Concordo. Sempre tivemos grandes bandarilheiros e matadores bons a bandarilhar e os países vizinhos souberam dar-nos esse valor, mas depois a nossa categoria em Portugal foi um pouco desvalorizada em alguns aspectos, não por culpa da nova geração mas por terem desaparecido certos valores na Tauromaquia. Creio que antigamente também lutavam mais pela sua categoria.

    Como são os dias de treino de um bandarilheiro?

    Principalmente muito treino físico, toureio salão e quando possível estar em frente a uma rês brava nalgum tentadero por exemplo.

    O que sente quando algumas das figuras do toureio o convidam para integrar as suas quadrilhas?

    Um certo receio de não saber se irei estar à altura do compromisso e até de me defraudar a mim próprio mas ao mesmo tempo muito orgulhoso. E penso sempre que as oportunidades são para se agarrar!

    Havendo a diferença do toiro ser picado em Espanha e em Portugal não, isso condiciona de alguma forma, a sua disposição e desempenho no momento de bandarilhar um toiro?

    Tem as suas diferenças e as suas dificuldades. Em Portugal o toiro sai com mais velocidade, mais solto, com mais a cara… Em Espanha o toiro espera um pouco mais por estar picado mas no fundo, tanto num país como no outro, é tudo uma questão de estar moral e fisicamente preparado.

    E o que se sente dias antes de pisar as primeiras praças e nas principais Feiras do Mundo, como em Madrid, Sevilha ou Pamplona…?

    É uma grande mistura de sentimentos, orgulho de poder estar a fazer aquilo que mais gosto, numa praça importante, mas sobretudo orgulho em ser português e poder representar o meu país.

    E quando depois se ouve uma ovação enorme do público de uma dessas praças?

    A Tauromaquia é um mundo de tantas emoções que num momento desses, não consigo definir o sentimento que tenho, pois realmente sente-se tanta coisa maravilhosa ao mesmo tempo… Uma coisa eu sei, que isto é o mais bonito que podemos ter e sentir deste mundo.

    Consegue indicar a melhor tarde que viveu numa arena?

    Não penso que já tenha havido a melhor tarde, pois sou muito exigente e estou sempre a pensar que na próxima corrida terei que me superar.

    Enquanto bandarilheiro, que sonho ainda gostava de realizar?

    Dizem que os sonhos podem tornar-se realidade e se assim for, pois olhe, viver da minha profissão!




    Fotografias: Arquivo/DR/João Ferreira
    Texto: Patrícia Sardinha