NATURALES - 20 anos de resiliência em prol da Tauromaquia
Desabituada que estou da escrita, confesso
que demorei para iniciar este artigo. Devia até estar calada e não contar o que
vou dizer a seguir mas este ano ainda não fui a uma corrida, e por conseguinte nem tenho uma crónica
feita. Em vinte anos a escrever de toiros (aniversário que cumprirei a 15 de
Agosto) tal nunca aconteceu. Mas causa maior me tem alheado de pôr os pezinhos nas
praças e a Covid-19 ajuda à festa, impedindo que cada vez que conto ir a um
festejo…esse seja adiado.
Contudo, tal não tem sido motivo
para não me manter a par das novidades, que verdade seja dita, não têm sido
nenhumas. Tudo na mesma, segundo consta, ou até pior. Já que infelizmente, não
só temos menos espectáculos taurinos, como a qualidade faz jus à quantidade (ainda
que, e como de costume, se leia por aí sempre o inverso). Assim, a equilibrar
com a vergonha de enquanto aficionada ainda não ido a uma corrida este ano, é que
sempre me tenho poupado de vir de lá desiludida.
Mas do que mesmo tenho pena é que tem
sido notória a diminuição na atenção que consigo dar ao NATURALES, bem como em
mantê-lo actualizado de crónicas (aquilo que sempre mais gostei de escrever), e
logo a acontecer no ano em que este cumpre duas décadas de existência...
Sim, é verdade, hoje o NATURALES
faz anos. Vinte!
Um número
grande e idade suficiente para já ter alguma responsabilidade no meio taurino,
não só pela durabilidade, como pelo seu percurso de transparência, frontalidade,
credibilidade, isenção...
Se isto é
convencimento da minha parte?
Talvez um
pouco... Mas gabo-me de o ver reforçado pela opinião de variadas personalidades
do meio e também de aficionados, daqueles que da nossa parte só merecem que
neles nos fiemos, e alguns até o testemunharam agora por escrito e a propósito
do 20º aniversário do NATURALES.
E o NATURALES não tem
defeitos? Tem, claro.
Ao longo
destes anos percebi que é pequeno demais para egos grandes, verdadeiro demais
para quem prefere contar fábulas (é que às vezes só já falta mesmo escreverem
por aí que o toiro falou em plena corrida), exigente demais para os que já
“sabem tudo”, criterioso e conhecedor o suficiente para os que toureiam mal e
isento para os que às vezes pagam alguma coisa para se dizer o contrário.
Além disso, durante estes 20 anos,
o NATURALES comungou de uma humildade e até de algum amadorismo, nunca se
aviando de pretensões de ser o mais visto, o mais falado, de ser o mais bonito
ou moderno, nem de ganhar título de “número 1”. Deixamos isso para os outros, e
alguns há com mérito por bom trabalho, principalmente para irem entretendo em
temporadas como estas últimas que temos vivido, em que nada se passa...e é
preciso “encher chouriços”.
Agora, o que o NATURALES realmente
é, e pretende continuar a ser, é dos que defende a verdade dentro da arena
(porque fora dela já não nos diz respeito), pois a Tauromaquia para nós é
demasiado importante e merece ser respeitada. E isso, apesar de alguns “artistas”
por vezes quererem “ordenar” o contrário, não é andar contra a Festa, é sim,
andar por ela! Querer que haja dignidade e verdade na arena, que se respeitem
as regras do toureio, que se respeite quem paga bilhete, mas que também haja
exigência por parte de quem está nas bancadas e principalmente dos que sobre
ela escrevem, não mais é do que defender o futuro da Tauromaquia com qualidade.
E assim andamos há 20 anos. Duas
décadas desde que o NATURALES ganhou vida e forma através do arrimo do espanhol
Eugénio Eiroa e do português Jaime Amante, que assim encontraram meio de dar
continuidade ao trabalho iniciado pelo saudoso Fernando Dias com o site
Tauromaquia Portuguesa Online, o pioneiro na rede sobre toiros em português. E
nunca se poderá contar a história do NATURALES sem se citar esses três nomes.
Mas, chamem-lhe presunção ou arrogância,
a mim muito o NATURALES deve o seu percurso até aqui, e eu a isso chamo antes
de Dedicação, sentido de Responsabilidade e acima de tudo Afición. Porque só
com muita afición se pode contornar duas décadas mantendo o NATURALES vivo
e fiel às convicções pelo qual sempre se demarcou dos demais: Verdade, Frontalidade
e Independência.
E para quem custou começar a escrever,
e como é meu hábito, já vai agora extensa a conversa. Por isso remato com os Parabéns
a todos os que fazem, e até aos que fizeram, parte da equipa da mais antiga
publicação online activa de toiros em Portugal, mas Parabéns principalmente a
mim e ao NATURALES, já que nestes 20 anos os nossos percursos se confundem:
pois não há Patrícia Sardinha sem se pensar no NATURALES, nem NATURALES sem se
pensar em Patrícia Sardinha.
Vai por nós e vamos ver se nos aguentamos
mais 20…