NATURALES – Que belo título para um site de Tauromaquia, cujo vigésimo aniversário agora celebramos... porque Natural é o passe que constitui a verdadeira essência do Toureio a pé, já que nenhum outro o supera em exposição, beleza e Verdade.
Verdade é também o atributo primeiro de quem, ao longo dos tempos, escreve sobre a Festa de Toiros, e certamente um preceito que caracteriza o órgão de Informação justamente festejado. Comentar Corridas de Toiros nunca foi uma tarefa fácil porque a Arte de Tourear é de tal modo complexa e fascinante que escapa aos padrões tradicionais de análise. Em boa verdade, ninguém pode criticar a ARTE, pois se trata de um fenómeno espontâneo, de pura inspiração.
Logicamente, os críticos de toiros, os escritores, os cronistas são – ou deveriam ser – apaixonados por aquele fenómeno efémero mas intemporal que nasce e morre no círculo mágico das arenas. As suas opiniões são, logicamente, subjectivas, mas alguns distinguem-se pela integridade com que assumem o seu papel – é o que mais aprecio no NATURALES e na sua competente Directora, Patrícia Caeiro Sardinha. Pode concordar-se ou não com que ela escreve, porém é forçoso admirar a independência, a sobriedade e o sentido ético que imprime a todas as suas intervenções.
Os verdadeiros Aficionados, aqueles que amam a Tauromaquia sem reservas nem condicionalismos, sentem certamente a determinação na busca da tal (difícil) Verdade, que tem ressaltado de tantos e tantos textos, ao longo de duas décadas de faenas literárias... AO NATURAL.
Como antigo Jornalista (que fui durante 41 anos consecutivos), agora já reformado mas sempre fiel aos princípios que nortearam a minha carreira, sinto ainda necessidade de sublinhar um aspecto importante de NATURALES, hoje tão desprezado – o facto de os artigos e crónicas e notícias serem escritos em Português escorreito, simples e compreensível. Pode parecer pouco mas é uma mais valia pouco corrente nos nossos dias. Como eu costumo dizer, ainda sou do tempo em que para se ser Jornalista era preciso saber Português, tal como para se ser Cavaleiro era necessário saber montar... Outra época.
À imagem dos meus ídolos do Toureio, sempre fui adepto de faenas curtas, até porque não são necessárias muitas palavras (nem muitos passes) para qualificar o que é verdadeiramente grande, quero apenas reiterar o meu apreço pelo NATURALES, pela sua exigência tranquila, que não deverá jamais tombar nas águas turvas do fundamentalismo. Parabéns a toda a equipa literária e fotográfica do site, e perdoem-me, que saliente um nome na área da Imagem – Florindo Piteira, esse extraordinário fotógrafo de toiros menos reconhecido do que merece.
Contudo, as palavras últimas (como as primeiras) têm de ser para a Patrícia, que soube sempre preservar a alma do seu NATURALES e a quem lanço o meu chapéu, com alegria e admiração.
ANDRADE GUERRA**
*Presidente Emérito da Real Tertúlia Tauromáquica
*Escritor, Jornalista reformado e Cronista Tauromáquico
