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    Crónica da 2ª corrida da Feira Taurina: " Sol, Toiros, Pó e Emoção"

         


    Uma casa bem composta e um ambiente aficionado às portas da centenária Praça de Toiros Palha Blanco aguardavam o começo de uma corrida séria, dura e com bons momentos mas que deixou algo a desejar. 

    Um curro de Veiga Teixeira rematadíssimo, a fazer 5 anos, com trapío e cara, pediu contas aos dois jovens cavaleiros que actuaram. O piso da praça apresentou deficiências e causou um acidente que poderia ter sido evitado. 

    Luís Rouxinol Jr. foi a Vila Franca com ganas de triunfo. Na sua primeira actuação, frente a um complicadíssimo Veiga Teixeira de 575 kg, vivemos momentos de aflição. O piso seco da praça, além de causar grandes nuvens de pó (não se admite em Vila Franca), causou a queda do cavalo mesmo na cara do toiro. O cavalo escorregou e Rouxinol Jr. ficou lá debaixo. Valeu a valentia de Luís Rouxinol pai que prontamente saltou à arena e rabejou o toiro. Antes, Luís Rouxinol Jr. recebera o toiro com uma sorte de gaiola em que teve de esperar muito, com o toiro a não arrancar e a parar-se nos tércios. O segundo comprido teve uma boa reunião mas resultou descaído, e para o terceiro passou em falso mas soube emendar com um ferro bem apontado, bem reunido e bem colocado. Nos curtos, ao primeiro ferro consentiu um toque mas resultou no sitio, com o toiro a carregar depois do ferro. No segundo curto, aconteceu aquele percalço que poderia ter sido evitado, caso o piso da praça estivesse em condições. Após se recuperar, Rouxinol Jr. foi autor de uma lide de valor. 

    Na sua segunda actuação frente ao terceiro da tarde, de 550 kg, um toiro que humilhava nos capotes, que se arrancava ao cavalo. Apesar do bom toureio que se viu, bons ferros, boa escolha dos terrenos e bom remate das sortes, isso não foi suficiente para colocar a Palha Blanco de pé. O primeiro comprido consentiu um ligeiro toque, com o toiro a arrancar-se de largo, o que também se viu no segundo, este de boa nota. O toiro demonstrou mais raça que bravura, a emparelhar-se com o cavalo mas Rouxinol Jr. soube arranjar-lhe argumentos e esteve por cima das dificuldades. Primeiro e segundo curtos de excelente nota. Vila Franca tem afición exigente mas também tem falsos entendidos no assunto, que não souberam dar valor à boa lide de Rouxinol Jr. que terminou lide com um bom palmo na assinatura de uma grande lide. 

    No seu terceiro, de 530 kg, Rouxinol Jr. recebeu novamente em sorte de gaiola, que apesar de vibrante e com o toiro a corresponder, resultou com o ferro traseiro. Melhor o segundo comprido. Nos curtos sacou o Douro e templou a nobre investida do toiro, adornando-se e toureando a gosto. O toiro correspondia e colaborava mas o primeiro curto resultou descaído e com pouco brilho. Os segundo, terceiro e quarto ferros foram de boa nota, com o toiro bem colocado nas sortes, reuniões cingidas, e ferros ao estribo. Pecou por alongar demasiado a lide com um quinto ferro correcto e ainda um palmo, que já pouco acrescentou.

    António Prates evidenciou em Vila Franca uma grande maturidade, especialmente na sua segunda actuação, frente ao quarto Veiga Teixeira da tarde, com 560 kg, que saiu com “gasolina” e humilhou nos capotes. Não tendo o toiro fixo, António Prates apontou-lhe uma tira discreta que resultou traseira demais mas pelo menos conseguiu fixar o toiro na sua montada. O segundo comprido foi bem colocado, e nos curtos demonstrou sentido de lide, adornando-se com o toiro para o tirar das tábuas, com bons pormenores de brega e um toureio versátil. Andou muito bem a cravar. De frente e com as sortes rematadas ao estribo, que lhe valeu música após o seu segundo curto, que assim como o primeiro e o terceiro, foram de boa nota. Ao trocar de montada, cravou o seu quarto e último curto, com batida ao piton contrário e que pôs a exigente Palha Blanco de pé.

    Na sua primeira lide, frente a um toiro de 520 kg, pouco fixo no cavalo,  Prates andou regular. Colocou dois compridos discretos mas bem cravados, que corrigiram a falta de fijeza do toiro, que agora carregava com alegria atrás do cavalo. Nos curtos o toiro pedia mais ligação mas o cavaleiro deu-lhe distâncias e isso resultou em distrações do toiro. Passou em falso ao fazer uma batida ao piton contrário para deixar o ferro. Acabou por se emendar e colocou um bom ferro. No segundo curto, voltou a dar distâncias e deixou o toiro raspar, tendo resultado sem brilho e à garupa do cavalo. Prates cravou mais dois ferros, tendo a lide resultado apenas cumpridora. 

    Na sua terceira lide frente ao toiro mais bravo da corrida e que teve uma merecida ovação e volta à arena, António Prates começou com dois compridos de elevada nota, em especial o segundo, com uma ligeira batida ao piton contrário. Nos curtos, começou por falhar um ferro mas emendou-se bem ao bregar o toiro, deixá-lo em sorte e lograr um bom curto. O segundo foi a silhas passada, antes de concretizar o terceiro, nova passagem em falso. Recompôs com um bom e vibrante ferro ao estribo a que se seguiu nova passagem em falso. Andou melhor a lidar que a cravar, num registo de erro e emenda, tendo os dois últimos quiebros da sua actuação empolgado tudo e todos. 

    No que toca às jaquetas de ramagens, tarde de enorme coração para os forcados. Pelos Amadores de Montemor, Francisco Borges viu-se com o perigoso primeiro, de investida brusca e que só com as ajudas carregadas à quarta tentativa conseguiu consumar. A segunda pega foi de inegável valor, como há muito não se via, à segunda tentativa, com o toiro a arrancar-se de imediato, o forcado Francisco Bissaya Barreto recebeu o toiro e fechou-se com galhardia, aguentando os derrotes violentos do toiro. Na terceira pega de Montemor, Bernardo Dentinho não se fechou com decisão e a pega só se consumou à segunda, com o forcado fechado de braços. Quanto aos forcados da casa, na primeira o cabo Vasco Pereira pegou sem problemas à primeira tentativa. A segunda, por Pedro Silva, foi um verdadeiro pegão à primeira, com o forcado a consentir o arranque de largo do toiro e a meter a praça de pé. A última pega da tarde por João Matos, foi brindada a Platanito, antigo forcado dos Amadores de Vila Franca, e foi consumada com galhardia à segunda tentativa, depois de um arranque pronto do toiro.

    No plano ganadeiro, há que parabenizar o sr. António Veiga Teixeira, por ter trazido a Vila Franca um curro sério, com trapio, cara e mais importante: bravura. Destaque para o último da tarde, com 475Kg, muito trapio e muita bravura, merecidamente aplaudido com volta à arena pelo público, provando ao público, ganadeiros e empresários que peso e trapio são coisas diferentes.

    por João Carvalho