Num ano atípico e de desafios brutais, o povo necessita mais que nunca das suas Paixões e a Tauromaquia é sem dúvida uma delas. E para a viver necessita de condições, e é já por quem as fez cumprir que começo este meu texto.
A recente associação (sem fins lucrativos), “Nossa Praça”, constituída por 10 aficionados locais, conseguiu com audácia e trabalho Q.B levar a cabo a sua Feira Taurina do Sorraia, enfrentando exigências sanitárias e de regras de segurança das mais exigentes de sempre, e juntando a isso a introdução de um conceito controverso- 4 toiros-.
Mas, objectivo superado, duas boas entradas de bilheteira em ambas as corridas, ficando a faltar vender abaixo dos 300 bilhetes em cada uma, regras da DGS verificadas com direito a elogio das entidades fiscalizadoras e aceitação generalizada da boa opção que é uma corrida de 4 toiros, enfim, demonstração de que com Amor à Terra e Dedição tudo se faz, muito Obrigado a vocês, teimosos, corajosos mas Triunfadores.
Falemos agora do espectáculo de 17 de Agosto, a corrida mais típica da Monumental Coruchense e uma das grandes do panorama Nacional. Cartel da terra, António Telles a solo, aproveitando a ocasião para a entrega e estreia de casaca de seu filho, António Telles, concedendo-lhe um toiro para esse efeito. Acompanhavam os toureiros os Amadores de Coruche, que celebram esta temporada 49 anos, e que como tradição pegaram a solo, os 4 toiros de ganadarias do Sorraia, Vale Sorraia, Lopes Branco, Cunhal Patrício e David Ribeiro Telles.
Nas lides a cavalo António Telles demonstrou uma vez mais, que as lições de toureio se lecionam em qualquer toiro, do mais disponível ao mais manso, do mais nobre ao mais sacana, e foi isso que fez, 3 lides limpas, tendo a infelicidade de sofrer uma aparatosa colhida fruto do temperamento um dos toiros da casa, sendo que, após a queda se engrandeceu e colocou 3 curtos, talvez os mais imponentes da corrida.
Quanto a António Telles filho, nesta noite certamente especial para o ginete da geração, não houve cá peso da praça, peso da data ou ainda, peso do oponente. Andou bem, entendeu bem o toiro que lhe competiu, desfrutou, toureou com o bonito classicismo da casa Ribeiro Telles, tendo em dois dos seus curtos, sortes a fazer lembrar quase a papel químico os célebres vídeos do saudoso Mestre David Ribeiro Telles, seu avô.
No que ao setor das ramagens diz respeito, depois de uma noite a 16 de Agosto “menos perfeita”, surge o GFA Coruche no “seu 17 de Agosto” a brindar o público com uma atuação limpa, com o grupo a ajudar bem e os caras a explanar a escola, mandando, templando, recuando e rematando com valentia as sortes. Pegaram os Forcados Fábio Casinhas, Tiago Gonçalves, José Macedo Tomás e João Ferreira Prates, todas as pegas consumadas à 1.ª tentativa.
Quanto as reses bravas, comportamento agradável dos exemplares de Lopes Branco e David Ribeiro Telles, alguma mansidão e comportamento menos nobre dos exemplares de Vale Sorraia e Cunhal Patricio, em termos de apresentação, todos se enquadravam na linha seguida pela Associação e pelo exigido pelo frio mas bastante aficionado público coruchense.
Por fim, uma palavra também ao público, Nós Coruchenses, na nossa Praça, soubemos honrar o esforço da associação e agradecer com um comportamento responsável e respeitador, estamos todos de parabéns!
Texto: Francisco Potier Dias
Vídeo: FaenasTV
Fotografia: Pedro Batalha