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    Associação Praça Maior: "O que atrai os aficionados são os bons cartéis"

    Falta praticamente um mês para que a Praça de Toiros "Celestino Graça" abra as suas portas pela primeira vez este ano, para a concretização de uma Corrida de Toiros, que está a gerar enorme expectativa.

    Motivo mais que suficiente para falarmos com a Associação 'Praça Maior', responsável pela organização dos festejos taurinos, na praça da capital do Ribatejo.


    A Associação Praça Maior tinha apresentado uma temporada com bastante interesse para este ano (uma corrida em Março e duas em Junho pela Feira). Contudo veio o vírus e tudo ficou adiado. Qual o sentimento nesse momento em que se vê todo o esforço e expectativa ficar, digamos assim, em “águas de bacalhau”?

    Depois de tudo ter corrido tão bem em 2019 estava criada uma onda de entusiasmo relativamente à temporada 2020 em Santarém, que estava a ser bem patente desde a cerimónia de apresentação dos carteis, com a adesão de abonados e de empresas patrocinadoras e nas vendas que já tínhamos realizado para a corrida de Março. Naturalmente que foi com imensa pena e decepção que tivemos de tomar a decisão de cancelar os espetáculos previstos para 2020 e transferi-los para 2021, mas a todos foi pedido um esforço de combate à pandemia e nós também tivemos de fazer a nossa parte... Há tanta gente a quem a pandemia trouxe problemas tão mais graves e complexos que a nós, que o que nos cabe não é queixarmo-nos mas sim manter um espirito positivo e contribuir para a retoma dentro daquilo que está ao nosso alcance.

    Podem reiterar se os cartéis de 2020 que transitam para 2021 serão precisamente iguais ao que estava previsto para este ano?

    Sim. Quando vimos que seria necessário cancelar as corridas previstas para Março e Junho, combinámos logo com os toureiros, ganaderos e grupos de forcados que em 2021 levaríamos a cabo a temporada inicialmente pensada para 2020.


    Desde logo indicaram que, se fosse possível ainda este ano, levariam a cabo uma corrida de toiros. Bem dito, bem feito e irão realizar dia 26 um espectáculo tauromáquico em Santarém. Não quiseram de forma alguma que a vossa terra ficasse um ano sem proporcionar toiros aos aficionados?

    Com toda esta situação da pandemia a nossa chegada à “Celestino Graça” já parece que foi noutra vida… mas foi somente no inicio de 2019 que chegámos e surgimos exatamente porque a Praça de Santarém estava num ciclo de degradação e de portas semi-fechadas e nós queríamos que ela estivesse de portas abertas e se criasse um ciclo de revitalização que a tornasse uma Praça Maior. Ora, neste contexto, se foi com total responsabilidade que decidimos primeiro adiar e depois cancelar os espetáculos previstos, também sempre foi nossa intenção poder fazer alguma coisa em 2020 no caso da situação se alterar. Felizmente a situação melhorou, foram definidas condições de higiene e segurança adequadas ao tempo que vivemos, que na Praça de Santarém são totalmente cumpríveis e, uma vez que sentimos que a afición esperava que fizéssemos alguma coisa, decidimos, mesmo fora de data tradicional, levar a cabo uma corrida de toiros.


    Sendo a Monumental de Santarém a praça de maior lotação em Portugal, mesmo com as limitações de lotação impostas com as normas da IGAC e DGS, a Praça Maior leva vantagem em relação a outros empresários e praças, cujas lotações reduzidas condicionam até a possibilidade de realização de um espectáculo taurino. Esse também foi um dos motivos pelo que decidiram avançar com esta corrida?

    É legitimo que, no contexto que vivemos, tendo a “Celestino Graça” a lotação que tem, houvesse a expectativa de que, havendo autorização, nela houvesse pelo menos uma corrida. Com certeza que corresponder a essa expectativa também fez parte da nossa ponderação No entanto é preciso que se compreenda que organizar, com sucesso, uma corrida de toiros depende de um conjunto muito alargado de fatores sendo que a dimensão da praça é apena um deles. É totalmente enganador pensar-se que por a Praça ser grande é mais fácil ser bem sucedido na promoção de qualquer espetáculo. A Praça de Santarém tinha exatamente a mesma lotação antes de 2019 e nem por isso tinha conseguido evitar o ciclo de degradação que estava a viver…


    E que maiores dificuldades têm sentido face às normas impostas pela DGS e IGAC?

    Tal como já temos vindo a ver nas outras Praças onde já se realizaram Corridas de Toiros, a organização do espetáculo neste contexto que estamos a viver obriga a um conjunto de procedimentos e limitações. No contexto particular da Praça de Santarém, para a qual conseguimos a certificação “Clean & Safe”, a lotação máxima é reduzida a 50% e, para garantir a segurança de todos, foi desenhado um Plano de Contingência muito pormenorizado, que cumpre, e até ultrapassa, as regras e sugestões da DGS e da IGAC, que vai obrigar a um conjunto muito alargado e adicional de custos. As maiores dificuldades são assim de 2 níveis: dificuldades organizativas e logísticas, para garantir máxima segurança ao público, intervenientes e colaboradores, e dificuldades para garantir a sustentabilidade económica tendo um maior volume de custos fixos para um potencial de receita de apenas 50% do habitual. É ainda de lembrar que todas estas dificuldades acontecem ainda em cima de uma decisão de perseguição fiscal, totalmente discriminatória, que o governo impôs à tauromaquia, com a subida do IVA dos bilhetes para 23% o que implica desde logo uma perda de receita de 16% para o mesmo nível de faturação face a 2019.


    E pese embora todas essas condicionantes que vivemos conseguiram montar um cartel de uma categoria elevada. António Telles, Moura Jr e Francisco Palha, frente a toiros de Veiga Teixeira e Murteira Grave e irão pegar os Forcados de Santarém e Montemor. É quase impossível montar-se corrida melhor nos dias de hoje…?

    O nosso compromisso é fazer tudo para tornar a Monumental “Celestino Graça” numa Praça Maior. O que torna a “Celestino Graça” uma “Praça Maior” não é o tamanho das suas bancadas, mas sim a quantidade de aficionados que nelas se senta. E o que atrai os aficionados são os bons cartéis. Tentámos por isso montar um excelente cartel e, felizmente, com a colaboração dos cavaleiros e dos ganaderos que estarão presentes, pensamos que foi possível fazê-lo. Neste ponto gostávamos de salientar a colaboração dos toureiros e dos ganaderos que tornou possível a apresentação deste cartel. Temos visto na comunicação social muitos louvores aos promotores que têm levado a cabo corridas de toiros neste contexto que estamos a viver - e não pretendemos tirar nenhum mérito a esses promotores – mas há que salientar que as corridas que se estão a organizar só estão a ser possíveis porque, além dos promotores, os toureiros e os ganaderos se têm predisposto a colaborar em condições bastante penalizadoras face às que lhes eram habituais. Claro que podemos dizer que “é preferível receber pouco a não receber nada”, que “não tinham outra alternativa” ou que “não fazem mais que a sua obrigação para defender a Festa” mas a verdade é que há que reconhecer o esforço que estão a fazer. No nosso caso só é possível fazer esta corrida em Santarém porque os toureiros e os ganaderos nos proporcionaram condições para o fazer.


    O próprio cartaz da corrida é uma “pintura” de tão bonito que é. O que quiseram transmitir com ele?

    O momento que estamos a viver enquanto sociedade exige união. É também bom lembrar que a Festa dos Toiros já antes da pandemia estava a ser fortemente atacada pelos seus inimigos, pelo que a sua defesa exige união. E é ainda importante lembrar que a Praça de Toiros de Santarém estava a viver um ciclo de degradação, quer em termos tauromáquicos, quer em termos da infraestrutura física, que apenas se começou a modificar no ano passado, sendo este ainda um trabalho em curso que tem de ser continuado e que só é possível com união. Então o que quisemos transmitir com o cartaz foi exatamente esta união de todos de mãos dadas: a mão dos toureiros, a mão dos bandarilheiros, que representam todos os que colaboram para o espetáculo aconteça, a mão dos forcados, figuras únicas da nossa Festa, e a mão dos maiorais, que representam os ganaderos e todos os que criam e cuidam este animal único que é o Toiro Bravo. Falta na imagem do cartaz uma mão invisível mas que é mais importante de todas, que é a mão dos aficionados, pois são eles o verdadeiro suporte da Festa! Para o dia 26 de Setembro já garantimos a mão dos toureiros, dos ganaderos, dos bandarilheiros e dos forcados. Precisamos agora da mão dos aficionados!


    O facto de ir haver menos público pode levar a alguma subida no preço dos bilhetes tendo em conta o valor que se praticou praticou em Santarém no ano passado?

    Houve ligeiras alterações no preçário para esta corrida face ao que foi praticado em 2019. No entanto mantivemos o preço mínimo e continuamos a ter uma enorme quantidade de Bilhetes de 7,50 €, 10 €, 12,50 € e por aí fora. Santarém continua a ser, de longe, a Praça mais barata do país e continuará a cumprir a sua missão de democratizar o acesso de todos a esta forma única da cultura popular portuguesa, que é amada pelo nosso povo.Todos, independentemente da sua condição económica, têm lugar na “Celestino Graça” e conseguem ir aos toiros a Santarém.


    Mas haverá alguma campanha ou promoção na aquisição de bilhetes para esta corrida?

    Desejamos que esta corrida contribua, mesmo que de forma modesta, para a retoma económica da cidade e do concelho pelo que, em parceria com a Associação Comercial de Santarém, vai existir uma distribuição de Vales “Leve 2 – Pague 1” nos espaços de comércio tradicional associados desta Associação. Também as empresas e entidades patrocinadoras da corrida irão ter destes Vales para distribuição pelos seus clientes, fornecedores, colaboradores e amigos.


    Quais as expectativas da Associação Praça Maior para esse dia?

    A nossa expectativa é que no fim da corrida a “Celestino Graça” seja uma Praça Maior do que era na véspera, que os artistas e os ganaderos tenham triunfado, que o público se tenha divertido em segurança e que tenha saído contente e com vontade de voltar. Também temos a expectativa que a Praça possa encher a lotação permitida. Não o desejamos por questões financeiras pois, como é do conhecimento público, nós não temos fins lucrativos. Desejamo-lo porque é muito importante para a Festa. A defesa e a vitalidade da nossa Festa precisam de ser afirmadas, muito especialmente, a partir da maior praça do país. Como sempre dizemos, são os aficionados que fazem da Monumental “Celestino Graça” uma Praça Maior e por isso a nossa expectativa é que os aficionados se sintam atraídos pelo cartel apresentado e venham aos toiros a Santarém no próximo dia 26 de Setembro.


    Que diriam aos aficionados reticentes em marcar presença num espectáculo público tendo em conta a pandemia?

    O que podemos dizer é que na Monumental “Celestino Graça” é possível cumprir todas as condições que a Direção Geral de Saúde considera seguras para que não exista transmissão do vírus, motivo pelo qual a Praça obteve o selo “Clean and Safe” para recintos de espetáculos. Nas bancadas é possível manter o distanciamento social, as entradas e saídas são desafogadas e com circuitos perfeitamente definidos, será obrigatória a utilização de máscara, existirão marcações para ajudar a garantir o distanciamento em todas as zonas, existirão dispensadores de soluções alcoólicas em quantidade e de fácil acesso, os WCs serão alvo de limpeza permanente, serão desincentivadas quaisquer aglomerações, o pessoal de apoio estará devidamente equipado e é possível adquirir os bilhetes com toda a antecedência quer online em www.pracamaior.pt, quer no Posto de Turismo de Santarém, evitando filas. Para a segurança de todos antes de existirem regras fomos os primeiros a adiar e depois cancelar os espetáculos que tínhamos previsto. Agora que existem regras emitidas pelas entidades competentes, cumpriremos as mesmas à risca.


    Uma última pergunta: sendo vocês 8 antigos elementos do Grupo de Santarém, e sendo esta a única corrida que se realizará em Santarém este ano, talvez houvesse a expectativa de que o Grupo de Santarém pegasse sozinho os 6 toiros, mas tal não acontece… existe algum motivo para tal?

    Como é sabido o Grupo de Santarém estava não só anunciado para as 3 corridas previstas para a temporada 2020 como, numa delas, a primeira da Feira, iria pegar em solitário 6 toiros da ganadaria António Silva. No entanto, quando decidimos levar a cabo esta Corrida a 26 de Setembro e montar o cartel, praticamente não havia corridas anunciadas e a expectativa era que, devido às limitações impostas, a maior parte das Praças não realizassem espetáculos. Assim, entendemos que era importante que a corrida por nós organizada, naquela que é a maior Praça do país, passasse uma mensagem de abrangência e união, daí termos pensado em 2 ganadarias, uma do Ribatejo e outra do Alentejo, e também termos pensado em 2 Grupos de Forcados, no caso convidando o Grupo de Montemor, que não virá a Santarém em 2021 e que não iria ter a sua corrida anual na sua terra, na Feira da Luz. Apresentámos esta linha de pensamento ao Cabo do Grupo de Santarém que percebeu e concordou, prescindindo assim de pegar 6 toiros na sua terra este ano. Se soubéssemos que afinal iriam ser organizadas várias corridas e cartéis que afinal foram possíveis organizar, provavelmente teríamos sido mais “egoístas” e posto o nosso Grupo sozinho… Mas o Grupo de Santarém comemora este ano 105 anos de vida, passando a jaqueta de geração em geração, sem interregnos, pegando todos os toiros e tendo ao longo destes 105 anos de vida pautado a sua existência por atitudes e gestos maiores, quer dentro, quer fora da Praça. Este é só mais um.