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    Luís Miguel Pombeiro: "Este ano poderão dar-se mais do que as previstas 6 corridas de toiros no Campo Pequeno"

    É o homem de quem se fala de momento no mundo dos toiros. Primeiro, porque arriscou e montou a primeira corrida de toiros numa fase em que muitos ainda faziam contas à vida. Depois, porque ganhou o concurso para realização este ano, dos espectáculos tauromáquicos na primeira praça do país, o Campo Pequeno

    Numa altura em que alguns dos cartéis da temporada lisboeta começam a sair à rua, falámos com LUIS MIGUEL POMBEIRO, da empresa Ovação e Palmas, sobre como se sente no meio destas "mudanças" todas mas também sobre algumas novidades pensadas para a Temporada em Lisboa.


    "O importante era dar o primeiro passo"

    Ainda as normas da DGS não estavam definidas, nem oficialmente autorizado o regresso das corridas de toiros, e já a empresa Ovação e Palmas anunciava uma corrida a 11 de Julho em Estremoz, sendo a primeira pós-desconfinamento. A vontade de dar toiros foi mais forte que o receio das limitações impostas pelas normas e do vírus? 
    As normas estavam mais ou menos definidas só que ainda na casa dos 30% de público, que com os familiares e coabitantes, dava-nos a hipótese de um pouco mais de público. Eu já tinha defendido que era contra as corridas sem público e como tal teria de ser coerente com o que dizia. Escolhi Estremoz completamente fora de data por ser uma praça complicada mas naquela região não havia situações de pandemia. Tinha vontade que as pessoas voltassem a ter toiros porque a inércia em que estávamos é que não poderia continuar. A nossa melhor forma de protesto seria arrancar com a temporada. O lema "Resistiremos" é isso mesmo! Podem querer parar-nos mas não conseguirão. E a verdade é que "mexeu" e provamos que com as medidas da DGS e da IGAC conseguimos dar o exemplo, com algumas falhas de menor importância mas que nos serviram para evitar erros futuros. Fui um pouco atrás do exemplo do Campo Pequeno e do espectáculo do Bruno Nogueira. O importante era dar o primeiro passo.

    E que balanço faz dessa primeira corrida do passado sábado em Estremoz? Superou as expectativas apesar de todos os constrangimentos impostos pelas normas?
    Tenho de agradecer aos Toureiros, Ganadero e Forcados. Sem eles não teria sido possível alcançar os objectivos a que nos propusemos. Depois ao Público! Importantíssima a presença de todos que esgotaram os bilhetes que se podiam vender devido às medidas. Foram fabulosos em dizer presente e da forma exemplar como se comportaram. Foi uma noite histórica onde quisemos resistir mas com união provando que não temos cores politicas, credos ou raças dentro de uma praça de toiros. Temos um gosto comum que é a Tauromaquia e dentro de uma praça somos livres. Uma série de Figuras Públicas foram passando num ecrã instalado dentro da praça e todos foram aplaudidos. Porque apoiavam a Festa. Desde o Jerónimo de Sousa passando pelo Che Guevara e Sá Carneiro. Ninguém colocou as suas ideias políticas primeiro. Fomos todos a favor da Tauromaquia. Foi importante, penso eu. A parte artística não foi o que esperava e foi um pouco como os jogos de futebol, tipo solteiros e casados. Poderia ter sido melhor.

    E qual a maior dificuldade que sentiu na montagem desta corrida face às regras impostas para a sua realização? 
    Acho que algumas pessoas da Festa pensaram que não seria possível que a corrida se realizasse. E as denominadas figuras não deram um passo à frente pois talvez não acreditassem. Se calhar não acreditaram em mim. Talvez hoje já acreditem mas não só pela corrida se ter realizado... De resto fiz tudo como mandam as leis e não senti dificuldades de maior mas uma enorme pressão para que tudo corresse bem.

    Acha que outros empresários estavam à espera do resultado da sua corrida de Estremoz para avançarem também eles com a organização de corridas? 
    Infelizmente acho que não. Uns porque já tinham dito que nada fariam, outros porque as medidas que saíram recentemente ainda não ajudam a que se chegue a 50% de público em todas as praças. Penso que se está a tratar para que seja possível mas ainda é difícil organizar uma corrida com estas medidas. 

    Num ano atípico para todos, o Luís Miguel Pombeiro consegue reunir um grande número de praças sob sua gestão (Cartaxo, Idanha-a-Nova, Estremoz, Terrugem, Azambuja, Arruda dos Vinhos e Campo Pequeno). Em todas elas pretende realizar espectáculos esta temporada? 
    Quando fiquei com as Praças ainda não estávamos com a situação de pandemia e mesmo no concurso do Campo Pequeno ainda não estávamos em estado de emergência. Nada faria prever que iríamos parar por completo. Eu pretendia realizar em todas mas há praças que não vão abrir porque os Municípios ou os proprietários não querem e respeito as decisões que tomaram. Assim, Idanha e Terrugem não abrem as portas este ano. Cartaxo deverá abrir a 22 de Agosto, Azambuja a 5 de Setembro, Arruda também em Setembro e o Campo Pequeno abrirá a 30 de Julho.

    "Ir ao Campo Pequeno tem de significar competição, guerra!"



    A propósito do Campo Pequeno, na véspera de realizar a corrida em Estremoz, foi anunciada a Ovação e Palmas como a nova empresa da praça lisboeta, cujo caderno de encargos para este ano, e segundo algumas notícias publicadas na imprensa, muitos consideraram desajustado. E na sua opinião? 
    Não sei quem considerou desajustado. Ficaram três propostas das quatro entregues porque essa quarta  foi retirada pelo empresário. O Campo Pequeno só poderá ter 50% de público o que limita muito. A opção de ficar parado seria muito pior e daria uma péssima imagem da Tauromaquia. Por isso decidi avançar. E aquilo que se falava que o novo dono e a sua equipa não queriam toiros veio a provar-se que eram apenas "bocas" típicas de muita maledicência que há na Festa. Um pouco como os treinadores de bancada que há no futebol aqui também temos disso. E a prova é que até se poderão dar mais corridas do que as seis iniciais. Tem é de haver uma união de todos em torno do Campo Pequeno e quando digo de todos é mesmo de todos. Não podem ficar a olhar para o umbigo. Temos de dar a cara. Temos de continuar a resistir e a exigir. Uns fazem-no na arena e os outros na bancada. Acho que a minha missão é unir todos em volta da nossa Catedral. Com os cartéis possíveis, com os preços possíveis mas com muita vontade de mostrar que estamos vivos e que nunca nos renderemos a imposições e a ditaduras do gosto. O caderno de encargos está dentro do que se esperava. A empresa que gere a concessão fez as suas contas e lançou o concurso. Nenhum dos concorrentes é imberbe e sabe fazer contas. Não será um ano fácil mas penso que o público irá encher sempre as bancadas. E com 50% de bilhetes ninguém irá ficar rico. Não perdendo é já muito bom. O Campo Pequeno é a nossa casa e vamos prová-lo. 

    Este é aliás, o primeiro ano em que o Campo Pequeno tem uma nova entidade a explorar o espaço, a Plateia Colossal, de que é sabido não organizar corridas de toiros mas espectáculos musicais. Sente por isso a responsabilidade acrescida que do sucesso desta temporada poderá depender a “autorização” por parte da Plateia Colossal na continuidade da Tauromaquia de futuro no Campo Pequeno? 
    A Plateia Colossal é a concessionária do espaço e não está vocacionada para dar corridas de toiros e como tal lançou o concurso. Eu afirmei antes de saber o resultado, que se ganhasse o concurso tudo faria para ficar a gerir a praça por muitos e bons anos. E para isso tenho que fazer um bom trabalho e um planejamento em consonância com outros eventos que se realizem este ano ou nos próximos. Daquilo que pude sentir, a intenção da Plateia Colossal não é nem nunca foi acabar com as corridas de toiros. Terá é de gerir um espaço que lhes custou uns milhões largos e logo no primeiro ano devido à pandemia teve de cancelar todos ou a maioria dos projectos que tinha. Será normal que em 2021 as corridas comecem mais cedo. Era bom para todos que acabasse a pandemia que essa sim condiciona tudo e todos. O sucesso depende de todos como já disse. Não sou eu que irei ser bem sucedido. O Campo Pequeno é de todos nós aficionados e não é do Luís Pombeiro ou de outro qualquer. E como tal todos têm obrigação de defender a casa Campo Pequeno. Eu montarei os cartéis com a ajuda dos Toureiros, Ganaderos e Forcados. Mas o público é que vai mandar e dizer-nos qual o futuro da nossa casa.

    Tal como referiu, há uns meses em entrevista ao site toureio.com, disse que “se eu ficar com o Campo Pequeno será difícil de lá sair”. Mantém essa confiança? 
    Como já disse, essa é a minha intenção. Quando entro em projectos é para vencer. A continuidade depende do trabalho que se apresente e também dos resultados. Será um ano difícil mas para mim não há impossíveis. Há muito trabalho e muita dedicação. Isso quem me conhece sabe que eu sou assim. Este ano, além da limitação de lugares vendáveis para manter a segurança das pessoas dentro das praças, há também o aumento do IVA. Gerir tudo isto é complicado. Por isso ainda não decidi se iremos fazer abono ou não. Se o fizer será por uma questão de respeito pelos aficionados que gostam de ter o seu lugar ao longo dos anos, os seus camarotes com os amigos ou família. Mas não poderão ser feitos descontos como se faziam no passado. Repito que ainda não sei o que fazer. Tinha a ideia de não arrancar com os abonos... Se o fizer apenas apresentarei os três primeiros cartéis e as datas de mais três ainda sem cartéis. Acho que estar a dizer todos os cartéis de imediato, estarei a contribuir para o comodismo. Ir ao Campo Pequeno tem de significar competição, guerra! Há uma corrida de seis cavaleiros, onde estarão já três ou quatro que repetem, a não ser que dêem algum petardo... Tenho de ter lugares em aberto para que os Toureiros possam repetir. Embora tenha já toureiros contratados para duas datas, terei de ter lugar para os que vão triunfando sejam eles Cavaleiros, Matadores , Forcados e Ganaderos. Ainda hoje disse a um Ganadero que se a corrida fôr como todos esperamos voltaremos a repetir a mesma Ganadaria. Trabalharei para que os aficionados fiquem satisfeitos e também que a empresa que me deu o vala para ali estar fique satisfeita. 

    E acha que enquanto empresário haverá alguma diferença entre gerir a primeira praça do país e montagem de cartéis noutras praças que detém? 
    Os objectivos em todas as praças são a satisfação do público. O Campo Pequeno tem muito mais visibilidade e como tal uma enorme responsabilidade. A diferença está em ser a primeira praça do país. E para chamar o público que vem de todas as partes de Portugal há que criar cartéis com nível mas que nunca agradarão a todos. A tal união de que falo é exactamente para que tudo resulte. A mim interessa-me mais que o público se sinta em segurança na praça e que saia satisfeito das corridas. Sinceramente acho que os três primeiros cartéis que irei apresentar irão esgotar . Estou convicto disso! 

    No que se irá focar na montagem dos cartéis do Campo Pequeno? Toiros? Figuras?...
    Tem de ser tudo bem pensado. Tem de haver atractivos de tudo o que questiona e esqueceu-se de falar dos Forcados. Os toiros são factor essencial, assim como os Toureiros, mas a competição entre Forcados também marca a diferença e a chamada de público. Será um misto de tudo...

    E sendo o Campo Pequeno uma praça que sempre manteve pluralidade no tipo de espectáculos (corridas a cavalo, mistas, novilhadas), pretende, ou melhor, acha que a limitação imposta pelo caderno de encargos de (apenas) seis corridas lhe vai permitir oferecer também essa variedade? Por exemplo, poderemos contar com alguma novilhada, que tanta falta faz em Portugal, na 1a praça em 2020? 
    Não há limitações de corridas. A empresa quando lançou o concurso foi aconselhada a que cedesse 6 datas. E penso que também devido aos objectivos que teria para os outros eventos. No dia da abertura das propostas foi explicado o porquê do 15 de Julho a 15 de Setembro. Estaria a arena montada nessas datas, e o montar e desmontar da trincheira tem um custo e já assim o era no passado. Por isso desde que não estejam marcados outros eventos e que se assuma esse valor extra poderão dar-se mais corridas de toiros. E espero que o venha a fazer. Se o público assim o quiser poderemos ter mais corridas. Em relação a Novilhada com sinceridade lhe digo que não está prevista nenhuma. Este ano não será o ano para uma novilhada. 

    Mas então poderemos ter a realização de corridas além da data prevista de 15 de Setembro, indicada no caderno de encargos?
    Até Outubro iremos de certeza. Como lhe disse o público é que vai dizer com a sua presença no Campo Pequeno se será para fazer mais ou não. Não depende de mim mas do aficionado. 

    Sem qualquer tipo de presunções mas sente-se neste momento um herói ou pelo menos “vaidoso”, já que deu a primeira corrida pós confinamento, ficou empresário da primeira praça do país... 
    Herói não sou. Vaidoso, gordo como estou, também não. Orgulhoso talvez. E muito nervoso ou mesmo "eléctrico" sim, porque quero que a temporada do Campo Pequeno seja um êxito enorme! Para bem da Tauromaquia e do futuro da Festa é essencial que a praça venda sempre os 50% dos bilhetes. Se assim não for torna-se difícil. E em vez de 8 ou 9 corridas poderemos estar reduzidos a três ou quatro...Isso sim, seria muito mau.

    E para terminar, desde que ganhou Lisboa, ganhou também mais “amigos”? 
    Não penso assim. Não tenho inimigos na Festa. Mesmo aqueles com quem tive alguma chatice, temos uma paixão comum que são os toiros e como tal acabamos por estar bem. Aquilo que tenho é que de vez em quando desligar o telefone.Não me levem a mal mas de vez em quando preciso de descanso. Não é que não queira atender todos e todos sabem que não prometo nada. Não poderei satisfazer os pedidos de todos. Por isso ninguém está mais atento a quem triunfa ou a Grupos que mereçam vir. Mas nem todos virão. Devem é apoiar a tauromaquia e mesmo não podendo estar na arena que estejam na bancada. Esse apoio significará muito e mesmo a continuidade da Festa . E só se houver continuidade é que poderão vir a estar na arena do Campo Pequeno.





    Fotografias: Emílio de Jesus/Farpas e Patrícia Sardinha/Naturales