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    Lisboa: "Ficaram muitos sorrisos por mostrar e abraços por dar"


    Por cortesia, publicamos com a devida autorização, o apontamento da crítica taurina Catarina Bexiga, publicado na página "Falar de Toiros", a propósito da corrida realizada na passada quinta-feira no Campo Pequeno:

    "A incerteza tem marcado os últimos tempos. A incerteza de como será o amanhã; de como vamos viver o nosso dia-a-dia com este “bicho” que nos mete medo; de como vamos voltar a ser quem somos… Ontem, no Campo Pequeno, ficaram muitos sorrisos por mostrar e abraços por dar; muitas conversas por ter e emoções por revelar… São tempos difíceis, mas… aos portugueses nunca faltou espírito de conquista, de superação, de mostrarmos, afinal, quem somos! A pandemia tem-nos colocado à prova; mas a falta de consideração por uma manifestação cultural, que nos corre nas veias, que já levou longe a nossa bandeira, tem-nos feito pior dano…

    A primeira Quinta-feira de toiros em Lisboa, depois do desconfinamento, contou com um curro com o ferro de Brito Paes, rematado de carnes, com mais de quatro anos, e que de comportamento veio a mais. Os primeiros toiros ficaram aquém das expectativas, com falta de entrega, sem fijeza alguns, distraídos outros, inclusive complicado o quarto da ordem. Até que saiu o N.º 105 de nome “Lezílio”, um toiro que foi pronto, teve alegria nas investidas e transmissão. Valeu a chamada à arena do ganadero.

    De toureio propriamente dito prefiro reter os pontos positivos, porque seria utopia acreditar que esta “nova normalidade” iria eliminar “velhos vícios”…

    Luís Rouxinol teve duas actuações distintas. A primeira resultou irregular com o “Jamaica”; e a segunda, de ofício e com mérito, montado no “Douro”, com um toiro que se tapava no momento da reunião. De saída, deixou expectativas o "Júnior" que recebeu o segundo do seu lote.

    As actuações de Marcos Tenónio começaram de forma superior, mas claramente por opção de conceito desceram de nível na fase final. Com o seu primeiro toiro, de saída procurou abordar lentamente, aguardando a investida do adversário; mas depois o público foi a sua maior motivação. Com o seu segundo (o tal Lezílio) ficou a sensação de que “teve o pássaro na mão e deixou-o fugir”. Grande começo, montado no “Danone”, com dois compridos e um curto, que entusiasmaram de verdade, mas depois voltou a enveredar pelo mesmo caminho. Sabe e pode praticar o bom toureio, mas opta por agitar o público de outra forma…

    Duarte Pinto teve uma actuação discreta com o terceiro da noite, embora, no que diz respeito à preparação das sortes, ficassem vários pormenores de quem tem conhecimento do que está a fazer. Com o último da noite, viu-se um cavaleiro mais encastado e mais decidido a pisar terrenos de compromisso. Com o “Hábito”, cravou dois curtos impactantes, dos que valem para o aficionado.

    Para os homens da jaqueta de ramagens a noite teve vários matizes. Pelos Amadores de Santarém pegaram Salvador Ribeiro de Almeida à segunda tentativa, Joaquim Grave também à segunda e António Queiroz e Melo à terceira. Pelos Amadores de Lisboa concretizaram Duarte Mira à primeira, Vítor Epifânio à segunda e João Varandas à quinta.

    Ontem, todos responderam com civismo, respeitando as orientações (na arena e na bancada) que nos foram impostas, para que voltasse a haver toiros na capital. Esse foi o maior triunfo da noite!


    Catarina Bexiga