Hélder Milheiro: "Poderá haver uma extensão da temporada taurina entrando pelo Inverno"
Tempos de pandemia, um "mundo novo" para todos, a necessidade do isolamento social e claro, a Tauromaquia também a ser afectada com esta grave situação que vivemos sem a realização de festejos tauromáquicos.
A PróToiro — Federação Portuguesa de Tauromaquia, engloba todos os sectores taurinos pelo que numa fase de incerteza como esta, conversámos com o seu secretário-geral, Hélder Milheiro, que, pessoalmente, assumiu estar a viver esta situação com "a necessária tranquilidade, confinado em casa, e seguindo os cuidados e recomendações das entidades de saúde".
A PróToiro — Federação Portuguesa de Tauromaquia, engloba todos os sectores taurinos pelo que numa fase de incerteza como esta, conversámos com o seu secretário-geral, Hélder Milheiro, que, pessoalmente, assumiu estar a viver esta situação com "a necessária tranquilidade, confinado em casa, e seguindo os cuidados e recomendações das entidades de saúde".
Já na qualidade de secretário-geral da PróToiro, e também como aficionado, Hélder avalia os efeitos desta situação no sector taurino, como "um momento complicado e duro, pois o sector está completamente parado e isso é uma situação drástica e com grande impacto em todos os intervenientes, directos e indirectos e que tem de ter a devida atenção do Governo".
A Tauromaquia engloba muita gente a viver exclusivamente do meio, e sendo a Prótoiro representativa dos vários sectores da Festa, tem tido um papel de bastidores na protecção dos seus agentes, como explica Hélder Milheiro: "No início desta crise definimos um modus operandi interno em que cada associação ficou responsável por acompanhar os seus associados no dia-a-dia, identificar problemas e possíveis soluções, e a PróToiro, aglutinando todas as associações, ficou com o papel de criar um plano de medidas e de as fazer chegar ao ministério da cultura e junto dos partidos políticos. Esse acompanhamento está a ser feito e acima de tudo a grande preocupação é com as quebras de receitas e com a indefinição da retoma da actividade".
Mas será que o secretário-geral da PróToiro acredita mesmo que ainda haverá temporada taurina este ano? Hélder pensa que sim, "Tendo em conta as últimas declarações do Governo, pela voz do primeiro-ministro, a partir de Maio haverá uma abertura das actividades culturais. Ainda não é claro como, mas dois dos critérios fundamentais enunciados são cumpridos pela tauromaquia: espaços abertos e com lugares marcados, de modo a permitir vender bilhetes com separação entre lugares e filas. Da parte do sector poderá haver uma extensão da temporada taurina, entrando pelo Inverno... Ainda há muitas dúvidas e só em Maio chegarão mais decisões para podermos agir".
Com a limitação no número de lugares numa praça de toiros, surge a dúvida se com isso os preços dos bilhetes dos espectáculos poderão aumentar, mas o secretário-geral da PróToiro "Não creio que essa seja a solução. Inevitavelmente, esta será uma temporada especial e terão de ser tomadas medidas especiais por todos os intervenientes do sector para que seja possível dar corridas com as limitações de lotação e outras que serão impostas. Todos terão de rumar no mesmo sentido para tornar a realização de espectáculos tauromáquicos viáveis este ano".
Para já, e para atenuar uma futura crise que se estabeleça no sector taurino a PróToiro tem estado "a estudar o levantamento que as associações estão a fazer para prepararmos um conjunto de propostas, mas tudo dependerá da duração da suspensão dos espectáculos", mas não nega que a crise económica que se vai seguir "vai reflectir-se no consumo das famílias e isso vai afectar a área da cultura. Estávamos a preparar um plano estratégico para o sector mas que agora terá de seguir outro caminho porque o contexto económico e social foi completamente alterado". Por agora, a intervenção da PróToiro terá que ser pensada a curto prazo "Estávamos numa rota de 3 anos consecutivos de crescimento de público e os espectáculos também cresceram em 2019. Mas agora o contexto é muito diferente. A situação actual é ainda muito incerta e será necessário uma maior estabilização para podermos projectar medidas para os próximos anos".
Uma das preocupações maiores que o sector tinha antes de sermos apanhados nesta situação, era o futuro da temporada taurina em Lisboa com a venda do Campo Pequeno, pelo que esse assunto teve que ser abordado. Hélder Milheiro volta a reforçar que só quando houver medidas concretas sobre como deverão decorrer os espectáculos culturais, se poderá dar o passo seguinte, "O concurso para a realização de corridas estava aberto mas agora foi suspenso. Se a temporada for retomada, no Verão haverá condições para se realizarem corridas em Lisboa, mas uma vez mais, só quando se souberem as condições para o regresso dos espectáculos culturais poderemos ter uma melhor noção. Antes do Dia da Tauromaquia tínhamos combinado reunir em breve com o novo concessionário do Campo Pequeno. Agora temos de esperar que passe esta fase de confinamento para podermos reunir e analisar a situação do Campo Pequeno para este ano".
Nesta fase de incerteza, aos intervenientes da Festa, mas também aos aficionados, Hélder Milheiro relembra que "A Tauromaquia tem séculos de existência e já passou por muitas fases históricas e socialmente conturbadas, esta é mais uma, que mais cedo ou mais tarde passará. Temos primeiro de atacar a crise sanitária para depois debelarmos a crise económica que se segue. Estes são também tempos para repensar muita coisa e preparar o sector para que possa sair desta situação ainda mais forte. Acima de tudo, é importante pensar que cada dia que passa é menos um dia que falta para que nos encontremos todos, de novo, numa praça de toiros, para celebrarmos a cultura portuguesa".
Fotografias: Frederico Henriques / Pedro Batalha