Poderia ser arisca e pegar no
nosso estimado Hino e mudar-lhe Canhões por Covões…
Mas na verdade, não só por
respeito nacional a algo tão nosso como “A Portuguesa”, acresce que ninguém
quer armar-se de canhões ao sr. Álvaro Covões, o novo “dono” da Praça de Toiros
do Campo Pequeno. Queremos sim, que ele não nos prive de algo tão nosso, que continue
a respeitar a nossa Cultura, a Tradição, a Arte, a nossa Liberdade…na Nossa
Casa! E que por isso, de uma vez por todas, permita que se dê início à
organização de uma temporada taurina em Lisboa.
Foi aliás com a mensagem “Esta é
a nossa Casa”, seguida do Hino Nacional cantado por todos os presentes de pé, que
se fechou um dia inteiramente dedicado à Festa Brava, com a presença de
milhares de pessoas vindas de todas as regiões do País, de todos os quadrantes
sociais, de todas as idades, provando que a Unidade faz a força e que a
Tauromaquia une diferentes condições.
De facto, essa foi a maior
vitória do Festival Taurino do Dia da Tauromaquia: a Presença de Público e a
União dos Artistas em nome do Campo Pequeno.
Relativamente ao artisticamente falando,
poderia também eu, e ainda que se tratando de um Festival mas sendo o Campo
Pequeno a primeira Praça do País, fazer-me de exigente e enumerar uma série de
carências em cada actuação ou até pronunciar-me sobre as voltas dos representantes
das ganadarias à arena... A Festa precisa do nosso apoio, sem dúvida, mas não
caiamos em banalidades. Existem sempre regras e critérios.
António Telles foi diligente como
sempre face à sua experiência e arte; a graciosidade de Ana Batista, a comemorar
duas décadas de profissional, deu brilho à sua lide; Francisco Palha esteve
disposto e muito cumpridor frente ao novilho que teve em sorte; e a garra de
Rouxinol Jr. ficou patente na sorte gaiola com que iniciou funções.
Nas pegas, puseram-se à prova
jovens de ambas as fardações. Pelos Amadores de Santarém consumou à segunda
Salvador Ribeiro de Almeida; e António Queiroz Melo à primeira. Enquanto que
pelos Amadores de Lisboa, António Galamba concretizou à quarta e Tiago Silva à primeira.
A pé, o matador de toiros Nuno
Casquinha valeu-se da sua entrega e dos desplantes perante uma rês nobre para
chegar às bancadas; enquanto que João Silva “Juanito” se decidiu por um toureio
profundo e com conteúdo.
Lidaram-se novilhos a cavalo da
ganadaria David Ribeiro Telles e a pé de Calejo Pires, todos cumpridores em
apresentação e comportamento no geral, destacando-se o terceiro dos da parte
equestre e ambos das actuações a pé.
À parte do grande sucesso que resultou ontem esta iniciativa que em boa hora a Prótoiro organizou, resta-nos agora esperar que o
Campo Pequeno volte a abrir as suas portas aos toiros em breve e muitas mais vezes…e que o Dia da Tauromaquia se repita em 2021!!
Texto: Patrícia Sardinha
Fotografia: Pedro Rodelo
