ANÁLISE TEMPORADA 2019 - Empresas
Na preparação de uma qualquer
receita, por melhores que sejam os ingredientes, se a sua conjugação não for a ideal,
o resultado poderá não resultar comestível. Nesse sentido é importante a “qualidade”
também do cozinheiro.
O mesmo acontece no mundo dos
toiros, onde os empresários taurinos têm que ser uns verdadeiros “mestres de
culinária” para que o espectáculo resulte pelo menos, agradável à vista, já que
ao “paladar” depende do ofício dos artistas e do génio das reses.
Em 2019, a diferença fez-se por
quem, de forma desprendida monetariamente, mas avassaladora no que toca a
vontade, trabalho e certeza em recuperar a praça da sua terra, se uniu sabendo
que “Era preciso fazer alguma coisa!”.
Falamos da Associação “Praça
Maior”, de um punhado de 8 aficionados, antigos forcados, que sem pudor nem
ambições de protagonismo, se juntaram e deram novo fôlego à “Celestino Graça”
tirando-a do estado apático em que vivia nas últimas temporadas. Com 3 cartéis
bem rematados e de qualidade, com uma boa divulgação, os apoios certos e uma
visão adequada ao tempo corrente sem cortar o elo com a tradição, o resultado
foi surpreendente: o público correspondeu, Santarém voltou a encontrar o seu
lugar no panorama taurino nacional, e isso foi a maior vitória.
Quem também parece ter “renascido”
das cinzas em 2019 foi a “Daniel do Nascimento” na Moita do Ribatejo, agora
nas mãos da empresa TauroLeve, que viu as suas bancadas comporem-se nos
festejos “maiores”. Também por obra da família Levesinho, a centenária “Palha
Blanco” manteve um ano mais vivo o espírito único dos aficionados vilafranquenses
bem como a capacidade de criar motivo de interesse em cada cartel montado.
Outra praça que ganhou nova vida,
foi a renovada, e agora denominada, Arena d’ Almeirim, cujo sucesso de
bilheteira muito resultou o profissionalismo de Rui Bento Vasquez a par
da boa vontade da Santa Casa local. Onde Bento também teve dedo e melhorou a
qualidade do espectáculo, bem como a assistência, foi no Sítio da Nazaré, onde
trabalhou a par com a Confraria da Nª Sra. Da Nazaré. Já em Lisboa, a equipa de
Rui Bento prosseguiu no registo de um diversificado abono, tentando coincidir
cada espectáculo com uma efeméride/acontecimento, e do qual salientamos uma
maior preocupação nas ganadarias seleccionadas – principalmente na apresentação
de alguns curros -, mas também pelo ‘arrojo toureiro’ de, 51 anos depois, se montar um
cartel só com 3 matadores de toiros portugueses. Faltou o público a esse
festejo mas sobrou a qualidade, a valentia dos artistas e o exemplo da empresa.
De Caras Tauromaquia, em
Coruche, pelo terceiro ano manteve a bonita Praça de Toiros do Vale do Sorraia
como uma das mais apetecíveis para o público, até pelo interesse dos cartéis.
Este ano, apostaram inclusive num festejo misto (louvável), que pese embora ter
sido o menos concorrido de presença, acabou por ser dos que mais deu que falar
na época 2019, ainda que não pelas melhores razões.
Se há organização que aposta na
juventude, e em quantidade, é a empresa Toiro das Sesmarias, que ano
após ano, gere a Praça de Toiros de Albufeira. Tudo bem que o registo é muito
virado para o turista… mas isso também é promover a Tauromaquia junto dos que chegam
de fora a Portugal. E para aqueles que se iniciam nestas lides, este tipo de
festejos, sabe que nem ginjas.
Rafael Vilhais soube um
ano mais manter a receita de conquistar público com cartéis apelativos em Salvaterra
de Magos, Moura e Caldas da Rainha. A sociedade de empresários, denominada “Arena
Eborense”, manteve trabalho similar ao que tem acontecido nas últimas
temporadas em Évora, mantendo um público fiel. O mesmo aconteceu em Alcochete,
onde os irmãos António e Margarida Cardoso, Toiros & Tauromaquia,
continuam o sólido trabalho iniciado por seu pai.
Realçar ainda o trabalho mantido em
Abiul, Sobral de Monte Agraço, duas praças que registam sempre
boas casas, critério nos cartéis e nunca esquecem o Toureio a Pé, bem como a Associação Tauromáquica Redondense, no Coliseu de Redondo, onde "competição" tem sido o nome do meio dos seus cartéis.