Header Ads

Feito com Visme

  • Últimas

    Crónica da Moita: “Uma Praça Cheia e um Valente”


    Pouca história haverá a contar de uma Corrida Concurso de Ganadarias, no qual se pretende eleger o mais “bonito” e o mais “bravo”, e vai-se a ver, foram todos mansos.

    Entendeu o júri não descartar a atribuição dos referidos prémios, - essa mania de nunca se querer dar um prémio como “deserto” -, e conceder ambos, o de “Apresentação” e “Bravura”, ao menos manso da noite, o exemplar da ganadaria Mata-o-Demo.

    O da ganadaria Eng. Jorge Carvalho foi um manso encastado; pouco claro nas investidas, o bonito “ojo de perdiz” de Condessa do Sobral; o de Ascensão Vaz foi reservado; sem transmitir e parado o de Passanha; manso complicadíssimo o de Prudêncio; e mais colaborador o de Mata-o-Demo.

    Das lides ficou essencialmente o desempenho daqueles que tentaram superar as adversidades que tiveram pela frente, e sobre isso, há um nome que marcou aquela noite mas que à maioria dos que estavam sentados nas bancadas, que pagam o seu bilhete mas querem é festa e mãozinha no ar, passou indiferente: Luís Rouxinol Jr..

    Algures durante uma das lides, o cabo do Aposento da Moita, Leonardo Matias, disse para os seus colegas como motivação: “Grandes toiros fazem grandes pegas. Grandes pegas ficam na História”. Achei bonito. Mas no final da corrida, associei essa frase, ainda que com algumas diferenças, ao que se passou com o jovem cavaleiro: “Maus Toiros fazem grandes Toureiros. Grandes Toureiros ficam na História”.

    Luís Rouxinol Jr. foi todo um valente perante o “Prudêncio” que lhe tocou. Manso, que inclusive fez o mau feito de saltar tábuas, mas que tinha tanto de mansidão como de maldoso, pelo que todo o labor do jovem cavaleiro naquela noite, foi de um mérito que poucos saberão reconhecer, mais preocupados que estavam na expectativa que o toiro repetisse o salto. Rouxinol Jr. nunca se acobardou, pisou terrenos de compromisso, atirou-se ao manso como um leão e reforçou que não só é bom toureiro, como cada vez mais, com os “maus” que lhe vão ditando os sorteios, se revela como um toureiro de raça, valor, encastado e com ofício para todos. E são esses, os que ficam na História.

    António Telles andou em plano cumpridor; Luís Rouxinol também ele a encastar-se perante um toiro de investidas pouco claras, com arrancadas bruscas; João Moura Jr. quase sempre citou de largo perante um toiro reservado e soube corrigir os terrenos encurtando as distâncias; o rejoneador Andrés Romero viu-se com o de Passanha, o único que não raspou, mas que pouco transmitiu pelo que permitiu um toureio de exuberância e facilidades ao espanhol; e António Prates, perante o toiro mais colaborador da noite, chegou às bancadas com os quiebros, numa actuação de altos e baixos.

    Nas pegas os mansos revelaram-se duros, e a valentia dos forcados do Aposento da Moita foi posta à prova, que resultou superada.

    Rúben Serafim consumou à terceira depois num primeiro intento o toiro ter feito a “campana” mesmo com o forcado reunido, e um segundo em que o toiro voltou a baixar muito a cara para tirar o forcado; João Ventura teve um valor e uma força enorme para se aguentar de braços na cara do toiro, quase meia praça, à velocidade TGV; mas só à segunda consumou novamente de forma valorosa; Martim Cosme pegou à primeira, com o toiro a levar a cara por direito durante a viagem; o cabo Leonardo Matias consumou uma pega rija à primeira; Marco Ventura dobrou Martim Afonso, depois de violentíssimas tentativas, consumando no que foi o seu terceiro intento a sesgo e com ajudas carregadas; e João Gomes também a suportar a violência dos derrotes, consumou à terceira.

    Dirigiu a corrida com correcção o sr. Ricardo Dias, numa noite em que se louva o regresso das praças cheias à “Daniel do Nascimento”, mas em que nos ficou acima de tudo a garra, a entrega e a valentia do Luís Rouxinol Jr..