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    Crónica Salvaterra: "REALidades"


    Grande ambiente em praça cheia, sem esgotar, o vivido na noite de sexta-feira, mais uma vez, em Salvaterra de Magos. A presença de S.A.R. o Sr D. Duarte, duque de Bragança e sua Família veio renovar e reforçar o apoio incondicional à Festa dos Toiros tendo feito questão de cumprimentar, na companhia de sua esposa e filhos, simpaticamente, todos os intervenientes logo após as cortesias. 

    A fórmula está descoberta. Uma primeiríssima figura do toureio mundial, triunfador em todas as feiras, com o reconhecimento da rádio nacional de Espanha como triunfador absoluto da temporada transacta, na que poderá ser a sua única actuação em Portugal; a cavaleira da terra com o apoio incondicional dos seus conterrâneos e fãs e um jovem que tem vindo a trilhar o seu caminho com determinação, raça, querer e valor; dois grupos de forcados vizinhos, com pergaminhos, e um curro de toiros com idade, peso e apresentação. Esta é uma realidade!

    Os toiros de Alves Inácio tiveram comportamentos distintos com pesos a oscilarem entre os 480 e os 560 kgs. Mansearam na generalidade de saída, ora buscando tábuas, ora frenando nos capotes, com sentido, esparramando vista em tudo o que se mexesse. Após os ferros compridos e nos momentos das mudanças de montada, sobressaía alguma nobreza nos capotes e, em alguns, nas lides a cavalo.
     
    Ana Batista, no que abriu praça, mostrou decisão e empenhamento, Deu importância na cravagem dos ferros compridos e na série de curtos exibiu excelente brega a um toiro que não, foi de todo, fácil. Tentou e, de sobremaneira, conseguiu ultrapassar as dificuldades que o toiro lhe apresentou e, em curto, desenhou as sortes com propriedade e rigor para lhe cravar quatro curtos que se fizeram aplaudir e, ainda uma rosa de palmo a culminar uma boa prestação.

    Perante o seu segundo,um cornalão que investiu aos arreões, já as coisas não lhe correram tão bem. Mostrou-se algo intimidada e os ferros compridos foram colocados em sortes com a montada atravessada e, na série de curtos, apenas no quarto ferro houve mais ajuste. 

    Francisco Palha teve duas lides distintas. Se na primeira teve alguma dificuldade em entender o toiro, em que as sortes nem sempre lhe saíram na perfeição, tendo dado mais importância aos ladeios, após a colocação dos ferros, já na segunda lide as coisas rodaram mais a seu jeito. O toiro serviu, investindo com nobreza, e Francisco Palha pôde demonstrar o seu toureio de raça e cravar os ferros com alguma emoção.

    Deixei para o final das lides equestres Diego, ou Diogo, Ventura pelo entusiasmo que provocou nas bancadas. Não duvidamos que a grande maioria do público presente ali estava para o ver e aplaudir, fosse como fosse. Sobressaiu, do seu labor, a maneira toureirissima com que se dobrou após os ferros compridos, com a égua Campina servindo esta como autêntico capote de brega no seu primeiro e a lide ao segundo, quinto da ordem, o melhor da noite. Com os cavalos Naziri e Guadalquivir montou o seu espectáculo de boa monta e ferros ajustados e no, já famoso, Dólar, dois pares de bandarilhas a duas mãos e com a montada sem cabeçada, pôs a praça em delírio e em plano de triunfalismo. Esta outra realidade que não podemos escamotear.

    Os grupos de Vila Franca e de Alcochete estiveram em plano de relevo.

    Pelos vilafranquenses Pedro Silva apenas à terceira tentativa se conseguiu fechar com sucesso, João Luz efectuou a pega da noite e João Matos mostrou decisão também à primeira tentativa. 

    Pelo grupo alcochetano foram caras concretizando as pegas aos primeiros intentos, João Machacaz com relativa facilidade, Diogo Timóteo e Manuel Pinto ambos em sortes meritórias e valorosas.


    Raul Caldeira