Crónica do Campo Pequeno: “Da luta de galos foi um Rouxinol quem cantou mais afinado"
Aquando da promoção da corrida da
passada quinta-feira no Campo Pequeno,
a entidade promotora foi dando a conhecer algumas das opiniões e expectativas
dos intervenientes sobre o espectáculo. Entre elas, a do ganadero, Dr. Joaquim Grave, que sobre o jovem
Luís Rouxinol Jr. referiu – e de acordo com o escrito divulgado –,“Rouxinol Jr. terá a oportunidade de se intrometer na verdadeira
“luta de galos””.
Pois da “luta de galos” acabou
por ser um Rouxinol, a lograr ser o
mais destacado de uma corrida em que se esperava competição mas acima de tudo, que
se mostrassem argumentos.
Argumentos esses, que o mais novo
da terna, o cavaleiro Luís Rouxinol Jr.,
demonstrou ter especialmente no seu primeiro toiro, daqueles que destapam os
toureiros ou que os revelam com capacidades, o que aconteceu. Recebeu o toiro
com uma brilhante sorte gaiola, para depois a rês se revelar distraída, sem se
fixar, a perseguir aos arreões, sendo um toiro com muitas teclas de se tocar e que acabou por vir a mais com o decorrer da lide, muito por obra do toureiro
que o soube manter ligado na brega ajustada do Douro. Uma actuação de valor por
parte de Rouxinol Jr. acompanhada de bons ferros.
Frente ao que foi último da
corrida, a prestação passou mais discreta perante um toiro de investida pouco
clara, que por vezes se quis emparelhar ao cavalo e a revelar-se tardo nos
ferros. Rouxinol Jr. cumpriu de forma correcta com a ferragem, destacando-se o
sexto e sétimo curtos, bem como o violino com que rematou função.
João Telles Jr. teve a vida facilitada perante o primeiro, cómodo a
perseguir a passo, o que também tirou alguma transmissão à lide do jovem
cavaleiro que cumpriu sem se comprometer.
Perante o que foi quarto da
ordem, um toiro mais enraçado e pronto de investida, João Telles Jr. andou mais
irregular, consentindo demasiadas passagens em falso, com a insistência nos
quiebros que tiram o toiro de sorte.
Francisco Palha também nunca rompeu frente ao primeiro do seu lote,
tardo e de pouca força, com o qual o cavaleiro passou no Campo Pequeno de forma modesta.
Perante o quinto da corrida, animal
com pouca cara e que raspou bastante, Francisco Palha voltou a não ser
consistente em toda a lide, mas demonstrou mais disposição numa actuação que
ganhou fulgor quando o cavaleiro encurtou distâncias e deixou alguns ferros de
nota alta, como o quarto e o sexto.
Nas pegas a história foi outra e os toiros deram mais trabalho.
Pelos Amadores de Santarém, abriu funções Lourenço Ribeiro com uma enorme
pega, a aguentar a investida veloz do toiro, consumando à primeira; Joaquim
Grave só à quarta e com ajudas conseguiu efectivar; e o momento dispensável da
corrida aconteceu ao quinto toiro, já que na colocação para a pega, a rês investiu
na trincheira e partiu um pitón. Pecou o director de corrida por ter consentido
a tentativa de cernelha, o que depois veio a desautorizar mandando recolher o
toiro, gerando-se a confusão e acabando Francisco Graciosa por consumar uma
pega a um toiro lesionado.
Pelo Grupo de Coruche, Miguel Barbosa saiu lesionado após o seu intento,
dando o cabo, José Macedo Tomás, o exemplo de o dobrar, efectivando bem uma
pega à barbela. O valoroso João Prates Ferreira consumou à quarta, com o toiro
a derrotar de forma violenta nas reuniões; e António Tomás fechou a noite com
uma grande pega à segunda, a aguentar o toiro que se defendia a querer tirá-lo
da cara.
Da ganadaria Murteira Grave, a
cumprir 75 anos de existência, veio a Lisboa um curro díspar em apresentação e de comportamento
para muitos gostos. Foram no geral de pouca transmissão mas cada qual com a sua
‘música’, sendo mais voluntarioso e cómodo o primeiro e os restantes a imporem
que os toureiros sacassem de recursos.
Dirigiu a corrida de forma
correcta, o sr. Tiago Tavares, excepto na situação de não ter de imediato
solicitado a devolução do quinto toiro aos curros após este ter partido um pitón, por forma a que imperasse o critério e a firmeza que lhe são apanágio.
A corrida teve ambiente e registou
cerca de ¾ de casa.