Opinião: "Escutar o silêncio"

NATURALES
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Há quem diga que foi em Évora que se instituiu o silêncio durante o cite na pega de caras.

Na verdade e desde sempre a pega de caras é vista com respeito do público da Praça de Évora que guarda silêncio durante o cite, um momento tão grande num tempo tão curto.

Noutras Praças começou a notar-se essa prática e o Campo Pequeno passou também a dar o exemplo e a “escutar o silêncio” o que não acontecia noutros tempos.

O momento do cite na pega de caras está para os portugueses como a estocada está para os espanhóis e se for bem feito resulta. Se não, há um clamor geral e perigo acrescentado.

Não é por sorte que um homem fica na cara de um toiro para o pegar de caras e, para tal, o cite deverá ter a trilogia: parar, mandar e templar. Quando assim é, o forcado conseguiu momentos de toureio.

Quando a expectativa é grande e o risco enorme, só o silêncio realça o respeito por quem está serenamente em frente de um toiro e isso com naturalidade acontece nas terras lusas, onde a cultura ancestral guarda a mais portuguesa manifestação taurina: a pega!

Manuel Peralta Godinho e Cunha


- Na foto de Maria Filomana Maltez, o cite e a poderosa pega de Francisco Tadeu Garcia ao toiro da ganadaria de Alcurrucén que abriu praça na Arena d’Évora em 25 de Setembro de 2009 - Grupo de Forcados Amadores de Évora.
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