"Para se estar contente, não satisfeito", assim comentou o ganadero Victorino Martín García, a corrida de ontem na Real Maestranza de Sevilha, onde foram lidados toiros da ganadaria que representa e que contou com uma grande enchente de público.
De facto não foi uma tarde brilhante. Não foi uma tarde de orelhas e portas grandes! Nem tão pouco foi a tarde de toiros que desejaríamos mas foi ainda assim, uma tarde de toiros importante, exigente e para aficionado sério, que entenda que nem sempre haver prémios e saídas em ombros, é significado de bom toureio.
Para isso muito contribuiu o exigente, encastado e variado curro da ganadaria Victorino Martín.
O primeiro desde logo impressionou e foi aplaudido de saída. Teve raça na puya, pelo que também o picador mereceu destaque nessa tarde. Na muleta teve mobilidade e duração quanto bastasse para que António Ferrera se evidenciasse essencialmente pela direita e duas tandas de olés sinceros. Pinchou primeiro e depois sim, estocada inteira, com o enraçado toiro a tardar para cair. Ovação.
O segundo teve menos transmissão, mais reservado e de investidas pouco claras e confiadas. Pelo que todo o arrimo que Manuel Escribano colocou quer ao esperá-lo de joelhos no chão com uma larga afarolada, quer depois na execução do tércio de bandarilhas, veio a menos com a muleta, tendo ainda se deixado apanhar sem consequências. Escutou ovação.
O terceiro "victorino" saiu solto, sem se fixar no capote. Mas o toureio caro de Emílio de Justo "transformou-o" na muleta e por duas vezes a profundidade dos seus muletazos fizeram eco em toda a Sevilha. Nem sempre teve ajuda do toiro, muito menos do vento que foi presença constante em toda a corrida. Mas foi faena de mérito e tivesse matado à primeira, levaria orelha certa. Foi ovacionado.
O quarto da corrida iniciou com alguma fiereza no capote e acalmou depois do castigo. Na muleta, Ferrera flectiu a perna, dobrando-o e obrigando-o a investir, de forma humilhada, larga e em redondo. Foi repetidor, teve classe e bravura. Um toiro para dar o triunfo. Matou à primeira e cortou uma orelha.
Escribano repetiu o "exame" frente ao quinto. Voltou a esperá-lo dando a cara à porta dos sustos e ele próprio se encarregou de bandarilhar, ainda que agora com menos sucesso que no segundo da tarde. Na muleta, voltou a ter um toiro para se estar alerta, que investiu sempre mas sem humilhar, desluzindo a faenas e com os passes a resultarem sem ligação. Escutou palmas.
No último, toiro alto, montado, foi novamente de Justo quem teve que pôr mais do que tinha recebido pelos curros. Animal de pouco fundo, tardo mas que na flanela, as boas maneiras do de Cáceres fizeram elevar a qualidade do festejo, principalmente pela esquerda. Palmas.
Deram importância ao festejo a presença da Infanta Elena, bem como do maestro de Camas, Curro Romero, ambos brindados pelos toureiros.