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    Cumpre-se hoje 36 anos do falecimento de Mestre Batista


    Cumprem-se no dia de hoje, 17 de Fevereiro, 36 anos do falecimento de José Mestre Batista, um cavaleiro que revolucionou o toureio a cavalo em Portugal.

    Filho de José Batista Pereira e Maria Júlia Mestre, “Tita”, como é conhecido e apelidado pelos familiares e amigos, desde criança demonstra um grande desejo de vir a tornar-se cavaleiro. Depois da instrução primária, por insistência dos pais, passa a frequentar um colégio em Évora, mas a sua vontade não aponta para o prosseguimento de estudos, pelo que falta constantemente às aulas. 

    Aos doze anos, tem um cavalo, o “Ideal”, com ferro de seu pai, o qual põe a tourear e apenas um ano depois, em 1953, faz a sua primeira actuação, estreando-se na Praça de Toiros de Mourão

    A assistir está Luís Gonzaga Ribeiro, natural de Reguengos de Monsaraz, o homem que lança Mestre Batista no panorama tauromáquico, tornando-se seu apoderado, amigo e protector.

    A 19 de Julho de 1958 e apenas com 18 anos, Mestre Batista marcou a história do toureio a cavalo nacional, ao ver a sua alternativa reprovada, um caso único na tauromaquia portuguesa. Nunca se saberá o que terá levado o júri de então a tal feito, até porque segundo a crítica da altura, Mestre Batista terá tido uma boa actuação. 

    Que diria o Mestre se visse muitas das lides de alternativa de hoje em dia, em que basta aos cavaleiros terem dinheiro ou pais influentes para obterem logo a carteira de profissional?!

    Finalmente obteve a alternativa na Moita a 15 de Setembro de 1958 pelas mãos de D. Francisco Mascarenhas.


    José Mestre Batista caracterizou-se pela sua irreverência, modificou a maneira de vestir passando a usar as casacas mais curtas com bordados diferentes e usava calções de diversas cores por cima de “collants” em vez das habituais meias. Só no uso do tricórnio se manteve imutável. Usou-o sempre. Coisa que hoje em dia é raro pois os cavaleiros só o usam para fazer as cortesias.

    Foi um cavaleiro que moveu multidões atrás de si, foi um caso de popularidade extrema. Mas tanto havia aqueles que o amavam como aqueles que o criticavam.

    Houve durante muitos anos um caso sério de rivalidade nas arenas entre Batista e Luís Miguel da Veiga, tendo sido o cartel mais anunciado durante 15 anos. Mas rivalidade só dentro das arenas, porque foram muito amigos.

    Diz-se que Mestre Batista era um “rebelde com muito humor”. Nas suas actuações, quer tivesse êxito ou fracasso, reagia sempre da mesma maneira com um sorriso. Facto que por vezes era incompreendido pelo público.

    Teve muitas vezes azares com os cavalos, nomeadamente aquando das inundações a 26 de Novembro de 1967 em que alguns dos seus cavalos morreram. Ainda assim Mestre Batista teve forças para continuar e em 5 meses pôs dois cavalos a tourear e com os quais obteve grandes êxitos.

    A 17 de Fevereiro de 1985, em Zafra, vem a falecer vítima de um ataque de asma, doença de que padecia há já alguns anos. O seu corpo jaz no cemitério de Vila Franca de Xira, em mausoléu.

    José Mestre Batista foi triplamente Mestre. Mestre de nome, Mestre do toureio e Mestre como homem.








    Fonte: Mestre Batista - Toureiro de uma Época (António Garçoa)
    Fotografia: Arquivo/Artur Martins