Associação Praça Maior: "Precisamos de todos para fazer da “Celestino Graça” uma Praça Maior"
É deles o presente e o futuro da Praça de Toiros "Celestino Graça" em Santarém. Uniram esforços em prol da praça da sua terra, com o objectivo de devolver público e grandeza à "Praça Maior" de Portugal.
ENTREVISTA À ASSOCIAÇÃO "PRAÇA MAIOR"
"Sentimos que a maior Praça de Portugal, que ainda por cima é a “nossa” praça, não podia continuar num ciclo de degradação"
NATURALES: “Praça Maior” foi o nome escolhido para a vossa associação que gere os destinos da Praça de Toiros em Santarém. A Monumental “Celestino Graça” estava uma praça menor?
Praça Maior: Todos sabemos que a Monumental de Santarém não atravessou nos últimos anos os seus melhores momentos, mas todos os nossos esforços estão concentrados em tornar a “Celestino Graça” numa Praça Maior. Fazer considerações sobre o passado não ajuda ao nosso objectivo, por isso não o fazemos. O que importa é o futuro e que toda a afición se sinta convocada a defender e dar vida à maior Praça do país.
NATURALES: Mas no ano passado não houve corridas de toiros em Santarém. Nas temporadas anteriores, nos poucos festejos que foram realizados, houve pouco público… Enquanto aficionados, porque acham que a “Celestino Graça” chegou onde chegou?
PM: Fizemos as nossas reflexões sobre isso. Mas hoje só estamos concentrados no futuro e no imenso trabalho que há para fazer para voltar a trazer público à Monumental de Santarém.
NATURALES: E de quem partiu esta ideia de unirem esforços e serem vocês próprios a conduzir os destinos da praça da vossa terra?
PM: Somos um grupo de amigos aficionados. A Festa dos Toiros faz parte da nossa vida e da nossa amizade. Sentimos que a maior Praça de Portugal, que ainda por cima é a “nossa” praça, não podia continuar num ciclo de degradação e quase sem abrir portas. Depois de reflectirmos, achámos que reuníamos competências e condições para assumir esta missão e propusemos à Santa Casa explorar a Monumental de Santarém e tentar revitalizá-la.
NATURALES: A vossa associação é sem fins lucrativos, algo quase inédito, no que toca ao meio empresarial taurino. Isso significa, a vossa afición e a Monumental de Santarém, acima de tudo?
PM: Nós não advogamos que o modelo de gestão das Praça de Toiros tenha de ser num modelo sem fins lucrativos. A organização de espectáculos, sejam tauromáquicos ou de outra natureza, é uma actividade económica onde os intervenientes têm toda a legitimidade para procurar a devida remuneração pelo seu trabalho, nomeadamente os empresários que além de trabalharem, arriscam. No entanto, nós não somos empresários, nem o queremos ser. Nós abraçámos uma missão que consideramos necessária face ao momento e estado da “Celestino Graça”. E uma vez que sozinhos não conseguimos levar avante esta missão, precisamos do apoio e da confiança de muita gente. E, neste contexto, o que para nós faz sentido é trabalharmos apenas e só por afición, por amor à Festa e à Praça de Santarém, o que, achamos, nós dá legitimidade para pedirmos aos outros que se juntem a nós nesta missão. De outra forma não teríamos a mesma legitimidade.
NATURALES: Mas o facto de formarem uma própria associação foi porque, enquanto aficionados, também tinham receio ou pouca confiança, noutra qualquer empresa tauromáquica já existente e que eventualmente pudesse ser concessionária da praça de Santarém?
PM: Não nos achamos melhores do que ninguém. Felizmente há empresários que trabalham com tanta qualidade que conseguem encher praças como ainda na temporada passada aconteceu em diversas ocasiões. O que nos fez avançar não foram considerações sobre terceiros mas sim um imperativo de consciência. Tínhamos de fazer a nossa parte para que a “Celestino Graça” voltasse a ser uma Praça Maior. E aqui estamos.
NATURALES: O vosso trabalho tem passado, não só pela montagem dos cartéis, como também na reabilitação da praça que estava muito degradada. Consideram que também é missão de uma ‘empresa’ garantir a mínima apresentação do tauródromo?
PM: Não, não consideramos que isso seja missão das empresas mas sim dos proprietários. No entanto nós estamos aqui para servir e consideramos que ir aos toiros é uma experiência que vai muito para além de ver as actuações dos artistas. Dessa experiência fazem parte as condições que a Praça oferece. E é por isso que nos prontificamos a ajudar a Santa Casa da Misericórdia da nossa terra a colocar em condições a “Celestino Graça” porque esta não está em condições de proporcionar uma boa experiência aos aficionados. Tem sido um trabalho árduo mas fazemo-lo com imensa alegria e orgulho, e ajudados por dezenas de aficionados que a nós se têm juntado, a quem desde já agradecemos do fundo do coração.
NATURALES: Que apoio têm sentido dos agentes locais? Câmara, empresas, comércio… E até dos aficionados de Santarém?
PM: Temos sentido um enorme apoio e uma enorme confiança. Só podemos agradecer pois só temos tido manifestações de incentivo e de ajuda, nomeadamente dos principais parceiros que já temos para esta temporada - a Câmara Municipal, a CAP, o Cnema, a Nersant, o Crédito Agrícola – mas também das 38 empresas que já esgotaram os camarotes para a temporada 2019, e dos mais de 400 abonados que, ainda sem sequer conhecerem os cartéis, quiseram juntar-se a nós adquirindo o seu abono para as 3 corridas.
NATURALES: Os cartéis já foram apresentados e a vossa aposta é em três grandes corridas. Recuperam em Março a tradicional corrida pelas Festas de São José, e devolvem à Feira Nacional da Agricultura e do Ribatejo, uma feira taurina com dois espectáculos. Era assim que tinha que ser?
PM: Estamos aqui para tornar a “Celestino Graça” numa Praça Maior e se perguntar ao nosso coração, nós até gostaríamos de fazer mais. Mas também temos de fazer uso da razão e isto foi o que nos pareceu possível: dar toiros nas Festas de São José, que embora talvez sejam algo desconhecidas da afición mais distante, são um grande momento da cidade de Santarém, e dar 2 espectáculos durante a Feira do Ribatejo, uma Feira que tem 9 dias merece pelo menos 2 espectáculos. Agora, não podemos embandeirar em arco. Santarém vem de momentos muito difíceis, a população local está desabituada de ir aos toiros e a própria afición também já não colocava Santarém na sua lista de “obrigações”. Há que mudar isso porque só com público e com a presença em massa da afición será possível recuperar a maior Praça do nosso país.
NATURALES: Qual foi a vossa linha condutora na construção dos cartéis?
PM: Fazer o melhor possível, encontrar toiros com o trapio que uma Praça da dimensão de Santarém exige, e montar cartéis que pudessem cativar os aficionados. Foi isto que tentámos fazer.
NATURALES: Estão algumas das Figuras do momento do Toureio a Cavalo, contudo, duas delas repetem (António Telles a 17/03 e 10/06 e Francisco Palha a 17/03 e 16/06). O que faltou a outros nomes para serem considerados nos vossos cartéis?
PM: Não faltou nada. De todos com quem falámos, ninguém nos disse que “não”, ninguém impôs condições que não pudéssemos considerar. Só vamos dar 3 corridas este ano, decidimos não fazer nenhuma corrida de 6 cavaleiros e por isso há toureiros, inclusivamente figuras do toureio, que tinham todas as condições para estar nestes cartéis mas que não estão porque em apenas 3 corridas não podem estar todos. Os 2 que repetem, fazem-nos porque, na nossa opinião, fizeram em 2018 (o António Ribeiro Telles não só em 2018, mas ao longo de uma enorme carreira) méritos que o justificam. Repetem por isso e não por demérito de ninguém.
NATURALES: Cunhal Patrício, Sommer d’Andrade e Veiga Teixeira, vocês não brincam em serviço. Era importante para a Associação “Praça Maior” que esta ‘nova vida’ da “Celestino Graça” passasse também pela presença do toiro de verdade?
PM: Infelizmente têm desaparecido algumas ganadarias históricas, mas felizmente o campo bravo português ainda está cheio de boas ganadarias, levadas por magníficos ganaderos. Nós trazemos 3 destas ganadarias porque como aficionados gostamos delas, e porque ali encontrámos toiros com o trapio e a apresentação que Santarém merece e que a sua dimensão exige. Esperamos que saiam bravos, que tragam emoção às bancadas e proporcionem grandes triunfos aos toureiros e aos forcados.
NATURALES: Em termos de Grupos de Forcados estão três dos grandes: Santarém, Vila Franca e Montemor. O vosso Grupo pega nas três corridas, a 10 de Junho inclusive pega em solitário. Este é também o voto de confiança que os Amadores de Santarém necessitam: o apoio da praça da sua terra e o renascer da afición local?
PM: O Grupo de Santarém é uma das principais razões que nos levaram a assumir esta missão, porque o Grupo de Santarém foi quem mais sofreu nestes últimos anos ao haver tão poucas corridas em Santarém e tão poucos toiros para pegar. Agora, o Grupo de Santarém não precisa de votos de confiança, o que precisa é de corridas onde possa mostrar o seu valor, o seu saber, a sua valentia e a sua arte. É disso que os Grupos de verdade precisam. E os Grupos de verdade estão a passar um mau bocado nestes tempos que correm porque infelizmente parece que aos Forcados pede-se mais que sejam agências de autocarros e venda de bilhetes (coisas que são inaceitáveis para os Grupos a sério) do que que aceitem desafios exigentes, que se ponham diante dos toiros dando vantagens, citando com o toiro de frente, carregando sem andar com os pés para trás, ajudando dando o peito e sem fugas, rabejando com classe. Para nós é uma alegria que venham a Santarém pegar 3 Grupos de verdade e muito especialmente o “nosso” Grupo de Santarém, que é o Grupo da terra.
NATURALES: A Praça de Toiros de Santarém é a de maior lotação em Portugal, por isso, mais difícil de encher! Mas um dos grandes atractivos que a vossa associação apresenta, além dos cartéis, são os preços mais reduzidos a quem quiser comprar com antecedência o seu bilhete. De que valores estamos a falar em concreto?
PM: Santarém pela sua dimensão permite apresentar um preçário com preços muito atractivos. Nós criámos um tarifário que começa nos 7,50 € e no qual há mais de 5.600 lugares com preços abaixo dos 14,00 €. E além disso, para promover a compra com antecedência, de forma a que os aficionados coloquem as nossas corridas nas suas agendas, criámos um sistema de desconto por compra antecipada, com descontos de 15% e 10%. Ou seja, é possível comprar bilhetes para ir aos toiros a Santarém a partir dos 6,40 € se se comprar com antecedência.
NATURALES: E até que datas os aficionados podem conseguir comprar esses bilhetes?
PM: Os descontos por compra antecipada são de 15% para compras até 1 mês antes de cada corrida e de 10% entre 1 mês e 15 dias antes de cada corrida. Para Março os aficionados podem comprar com 15% de desconto face ao tarifário geral até dia 17 de Fevereiro, e com 10% de desconto entre 18 de Fevereiro e 3 de Março. E podem fazer esta compra desde já, quer online, em www.pracamaior.pt, quer fisicamente nos postos da Ticketline e no Posto de Turismo de Santarém.
NATURALES: Além disso, criaram também 3 tipos de abonos com condições e vantagens diferentes: abono Fundador, o Monumental e o Identidade. No que se distinguem?
PM: Distinguem-se pela localização na Praça e pelas diferentes vantagens que concedem. O abono fundador é um abono duplo (2 bilhetes para cada corrida) para a Sombra Baixa (filas 1 a 4) e concede uma série de vantagens adicionais como são 2 livre-trânsito para a Feira Nacional da Agricultura (uma vantagem incrível e de elevado valor monetário), a exclusividade na escolha dos triunfadores da temporada em Santarém e presença gratuita na cerimónia de entrega dos troféus e ainda a participação gratuita numa visita à ganadaria Veiga Teixeira que iremos organizar. Custa 200 €. Já os abonos Monumental e Identidade são abonos individuais (1 bilhete para cada uma das 3 corridas) e são respectivamente para a Sombra Baixa Superior (filas 5 a 7) e Sombra Geral Inferior (filas 8 a 13). Além dos bilhetes concedem ainda direito a 2 entradas para a Feira Nacional da Agricultura. Custam respectivamente 72 e 60 euros o que significa um desconto de 20% face ao tarifário geral.
NATURALES: E até quando podem ser adquiridos?
PM: Os abonos podem ser adquiridos até dia 10 de Março mas quanto aos Abonos Fundadores, estão quase esgotados. Quem os quiser adquirir tem de se despachar, podendo fazê-lo através do nosso site (www.pracamaior.pt) ou enviando mail para geral@pracamaior.pt.
NATURALES: Diogo Palha, Diogo Sepúlveda, Francisco Empis, João Cabaço, João Pedro Seixas Luís, João Torres Vaz Freire, Joaquim Pedro Sepúlveda Torres e Pedro Seabra, são os oito elementos que compõem a “Praça Maior”, e todos foram forcados nos Amadores de Santarém... Esta é mais uma pega que enfrentam?
PM: É um “toiro” muito diferente. E para pegar este “toiro” não chegamos só nós 8. Precisamos de toda a afición. Precisamos de ser pelo menos 11.500 que é a lotação actual da Praça de Santarém. Precisamos de todos para fazer da “Celestino Graça” uma Praça Maior e para, a partir da maior Praça do país, dizermos bem alto, que a Festa dos Toiros está viva, que a Festa dos Toiros é cultura, que a Festa dos Toiros é liberdade, que a Festa dos Toiros faz parte da identidade do nosso povo e que não é um espectáculo do passado mas sim um espectáculo com futuro.
NATURALES: E se a Temporada 2019 correr bem. Vai ser para repetir e ir novamente à cara do toiro em 2020?
PM: O nosso contrato com a Santa Casa da Misericórdia de Santarém define as condições nas quais existe uma renovação. Se alcançarmos essas condições ponderaremos se vamos continuar. O tempo agora não é de pensar em 2020 mas sim de trabalhar para mobilizar toda a afición para vir a Santarém no próximo dia 17 de Março.
Fotografias: Pedro Batalha