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    Crónica de Amieira: "Na “mais rija do Alentejo” vencem Rouxinol Jr. e Amadores de Beja"



    Realizou-se na tarde deste sábado, a tradicional corrida de toiros apelidada nos cartazes como “a mais rija do Alentejo”, e que ao terceiro fim-de-semana de Setembro acontece na Praça de Toiros da Amieira.

    Se o dito é verdade ou não, não sei, mas que na Amieira a Festa dos Toiros, no seu estado mais puro, leva a que o público seja rijo de comentar e de não perdoar alguma coisa mal feita na arena, nisso confirmo, são rijos!

    Menos “rijos” foram os toiros saídos à praça, cinco de São Marcos e um sobrero de António Charrua, de pouca força, a acusarem o calor que se fazia sentir, contudo bem apresentados no geral tendo em conta a praça em questão, excepto o quinto, mais pequeno. No entanto, alguns deles quase que impróprios para as pegas, dado que tinham a córnea fechada o que, obviamente, dificultava a vida aos forcados. Em comportamento saíam todos com muita pata mas cravado o primeiro comprido, estava o gás gasto. Revelaram-se mansos mas nobres, cómodos, um ou outro mais reservadote, sendo mais enraçado o lidado em sexto lugar.

    Nas lides equestres, o veterano Rui Salvador andou solvente nas suas duas actuações que resultaram similares de conteúdo. Frente ao primeiro, houve ofício na brega e no preparar das sortes, perante um toiro que pouco perseguiu após os ferros, com a actuação a resultar esforçada. No segundo do seu lote, viu-se mais a gosto, com uma lide em crescendo e a chegar mais às bancadas.

    Manuel Telles Bastos praticamente só no primeiro do seu lote se pôde mostrar. No seu registo clássico, destacou-se pelas boas abordagens e pela temperança que coloca em tudo, contudo faltou quase sempre toiro nas reuniões. Ainda assim, uma actuação limpa e correcta. Já no que foi quinto, mais pequeno e de escassa força, juntaram-se porventura ao calor, os excessivos capotazos, o que condicionou a rês e Telles Bastos mais pouco fez a não ser cravar três curtos e abreviar, até porque lá está, as bancadas fizeram-se logo ouvir.

    Luís Rouxinol Jr. teve pela frente como primeiro do lote, um toiro cuja córnea baixa e fechada possivelmente lhe estaria a dificultar a visão, com investidas mais incertas e que teve também tendência para descair para tábuas. O jovem cavaleiro entendeu esses sinais e tentou lidá-lo mais em curto, com uma lide eficiente, culminada com um bom par de bandarilhas, pese embora as limitações que a rês impunha e onde por vezes houve ânsia do ginete no querer e mostrar o que sabe, válidas de quem, sendo jovem, entra na arena disposto a “entregar” tudo. Mas foi no último da tarde, que essa entrega teve melhor efeito. Montando o “Girassol” aplicou uma brega ligada, muito cingida e sem se deixar tocar, denotando em praça o seu apurado sentido de lide. Cravou a ferragem de forma correcta e com decisão, entusiasmou o conclave e ficou arrecadado o triunfo.

    Nas pegas nem sempre foi fácil a vida dos jovens forcados dadas as características dos toiros mas principalmente, das suas córneas. Se o Forcado é um elemento chave na nossa corrida de toiros, há-que cuidar nesse sentido também o toiro que se quer em praça.

    Os três Grupos estiveram muito equilibrados em termos de ofício em praça mas possivelmente, digo eu, a sexta pega marcou a decisão dos jurados, no sentido de escolher o Melhor Grupo.

    Pelos Amadores de São Manços pegou José Capela, que num primeiro intento o toiro levantou alta a cara na reunião e não se fechou, validando à segunda tentativa com bom ofício do primeiro ajuda; e Pedro Galhardo consumou à primeira, a fechar-se à barbela e a protagonizar uma pega em que o toiro deu uma “volta de campana”.

    Pelos Amadores de Monsaraz, Mauro Carrilho teve pela frente um toiro que chegou esgotadíssimo à pega, e por isso custoso de se fazer arrancar, remediou com uma pega a sesgo e ajudas carregadíssimas à primeira; e Paulo Caradoso efectivou à primeira e sem problemas. Despediu-se nesta tarde o forcado Rui Paias, que coadjuvou como primeiro ajuda nas duas pegas.

    Do Grupo de Beja, José Tiago Nunes, sofreu dois violentos derrotes nos primeiros intentos, consumando de forma rija à terceira; e Vasco Palma, fechou-se à barbela no último da tarde, efectivando uma boa pega e tecnicamente bem feita.

    No final houve unanimidade por parte dos senhores jurados, Melhor Grupo em praça os Amadores de Beja; Melhor Lide, a última da tarde, da autoria de Luís Rouxinol Jr. que pelo segundo ano consecutivo vence este prémio nesta praça.

    Numa tarde de muito calor, em que as bancadas da sombra estavam compostas e as de sol mais destapadas, dirigiu a corrida Tiago Tavares, correcto dentro da exigência da praça, contudo a distrair-se da volta do forcado ao quinto toiro. O delegado mostrou os dois lenços a cavaleiro e forcado, tendo o de tricórnio, de dentro da trincheira, feito gesto de que “se avançasse” sem ir ao ruedo. Tiago Tavares recolheu o lenço branco, manteve o do forcado mas por pouco tempo… E sem qualquer aviso, um avanço da banda ou até do próprio director ou forcado em causa, não houve volta para ninguém. Se o cavaleiro não queria, o forcado merecia…

    Ressalvar dois dos brindes prestados naquela tarde, o primeiro efectuado por José Capela dos Amadores de São Manços à família do jovem forcado Rui Freixa, que dá o nome ao prémio em disputa de melhor grupo, e cuja última pega aconteceu naquela praça em 2014, tendo falecido dias depois vítima de acidente de viação. O outro brinde, o de Rouxinol Jr. ao microfone da praça, em memória do forcado Fernando Quintella, falecido precisamente naquele dia há um ano devido a colhida na Praça da Moita.

    Destacar ainda o labor e a valentia da dupla de campinos, os irmãos Cabaço, que recolheram os toiros a cavalo, e que por isso também foram merecedores de volta à arena após a recolha do último toiro da corrida.




    Por: Patrícia Sardinha