Mourão: Um festival de "regalo"

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Houve novilho de regalo no que foi o segundo Festival Taurino inserido nas Festas em Honra de Nossa Senhora das Candeias em Mourão. 

Mas de regalo se pode dizer que também foi o interessante festejo que o Dr. Joaquim Grave montou, todo ele a pé, tal a importância e o resultado do mesmo.

Na praça, uma lotação a rondar os ¾ de casa, o que já seria expectável tendo em conta que o funeral do empresário António Manuel Cardoso “Néné”, falecido na passada quinta-feira, se realizou à mesma hora, e era compreensível que muitos aficionados e agentes da nossa Festa lá quisessem estar presentes.

Ainda assim, respirou-se um ambiente de praça de primeira: selecto e puro.

Lidaram-se novilhos de Murteira Grave, bem apresentados para a altura do ano e para o tipo de festejo, que revelaram no geral pouca força mas vontade de investir, sendo por isso ferramentas essenciais para o resultado final do espectáculo.

Cuqui de Utrera abriu a fria tarde e passou discreto frente a um novilho distraído, que rebricava por vezes na muleta, e ao que o toureiro se prestou a passes isolados, sem o obrigar a baixar a cara. No final das seis anunciadas actuações, e para deleite dos que aguentaram esperar, houve oferta do sobrero, mais pequeno mas bonito de capa e codicioso, que permitiu que o toureiro de Utrera pudesse desfrutar de um toureio mais artista.

Curro Díaz levou a Mourão a classe do seu ofício, frente a um novilho que foi cumpridor e pronto de investida. O matador soube ministrar-lhe os tempos suficientes para o deixar respirar, dando-lhe espaço, e construiu uma faena de muito agrado das bancadas.

Manuel Jesús “El Cid” foi autor da faena mais completa, frente a mais um novilho que se revelou de pouca força mas que ainda assim teve durabilidade e algum sentido. Cid lidou-o essencialmente pela esquerda, com suavidade, logrando os melhores momentos da tarde. Uma actuação de arte e muita entrega por parte do espanhol, valendo-lhe os aplausos das bancadas, o direito a 2 voltas à arena.

José Garrido nunca chegou a romper a sua actuação que, ainda que com momentos de toureio sério, resultou apática.  

O português Manuel Dias Gomes andou vistoso e elegante de capote, para com a muleta manter um toureio ligado, com tandas largas, frente a um novilho repetidor de investida.

O peruano Joaquín Galdós esteve por cima do seu oponente, demonstrando firmeza perante um novilho que investiu sempre mas com pouca clareza. O toureiro evidenciou um toureio variado e soube construir uma faena sólida de argumentos.

Salientar ainda a presença dos bandarilheiros lusos, Cláudio Miguel e João Ferreira, destacados na arte de bandarilhar de entre os outros alternantes.

Dirigiu o festejo o Sr. Agostinho Borges, assessorado pelo Dr. Matias Guilherme, resultando o espectáculo com ritmo e interesse, e no qual após as cortesias se procedeu a um sentido minuto de silêncio em memória de João Nunes Patinhas e de António Manuel Cardoso “Néné”, ambos falecidos no dia 1 de Fevereiro.



Regalo: Presentemimo com que se brinda a alguém.
"regalo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/regalo [consultado em 04-02-2018].



Por. Patrícia Sardinha