A
novilhada, que na passada quinta-feira se realizou na Praça de Toiros do Campo
Pequeno, foi prova de que é na juventude que reside a maior esperança da
continuidade da nossa Festa.
Dizer
que houve grande resultado artístico desse festejo, não seria abonar a favor da
verdade, mas o que realmente dali se extraiu, é a forma fresca, disposta e com
raça, com que os mais novos se entregam à profissão.
Também
positivo foi ver uma Praça de Toiros muito bem composta, tendo em conta edições
anteriores deste tipo de espectáculo, e um ambiente extraordinário de incentivo
por parte das bancadas.
Na
parte equestre, guardou-se o melhor para o fim.
A
jovem Cláudia Almeida abriu praça, frente ao novilho de Fernandes de Castro, com
398 kg, frente ao qual andou desembaraçada. Descurou a brega, ficou aliviadota
a ferragem, mas chegou às bancadas com um toureio populista que rematou com um
par de bandarilhas.
Francisco
Núncio acusou muita verdura para um compromisso destes. Frente ao novilho de Santa
Maria, com 360 kg, o jovem cavaleiro, demonstrou muita vontade mas pouco
entendimento. Consentiu vários toques, valendo-lhe a pouca força do animal que
contudo serviu, e nem as montadas estiveram sempre de acordo com o ginete. Uma
actuação precipitada e sem registo.
Francisco
Correia Lopes foi a ‘esperança’ da noite. Ainda que não tivesse começado de
melhor maneira, com o primeiro comprido de má colocação, teve a partir daí uma
actuação em crescendo. Frente ao novilho da ganadaria do Eng. Luís Rocha, com
389 kg, e de excelentes condições, o jovem cavaleiro demonstrou um toureio ‘à
antiga’. Acusou sentido de lide, teve boas intenções no desenho das sortes, partindo
recto, ainda que por vezes pecando na excessiva velocidade com que a reunião se
efectivava. Esteve correcto na colocação dos ferros, sendo verdadeiramente bom
o segundo curto, a que se seguiram mais dois de muito boa nota, e aproveitou as
valências do novilho, numa actuação que deixou água na boca.
Nas
pegas, em solitário os Amadores de Alter, pelos braços de João Tita, que esfectivou
à terceira uma pega rija, em que aguentou muito sozinho; também Marco Pires
consumou sem problemas à terceira; e João Galhofas, à primeira, com o toiro a
baixar-lhe a cara no momento da reunião, mas a consumar.
Na
parte ‘de luces’, também a ‘sobremesa’ foi o que mais esperança nos deu.
João
Martins, teve pela frente o novilho de David Ribeiro Telles, com 380 kg, mansote,
sem permitir muita transmissão, onde sobressaiu o ofício e a entrega do jovem toureiro,
e uma série ligada pela direita. Nas bandarilhas, foi dele o melhor par da
noite, o seu segundo.
Sérgio
Nunes também não teve sorte no sorteio, frente a um novilho de Canas Vigouroux,
com 395 kg, de pouca transmissão e incerteza de investida. O jovem toureiro, andou
vistoso e arrimado de capote, para também ser ele o protagonista no tércio de
bandarilhas. Com a muleta, andou esforçado e só a espaços deu ar de sua graça.
A
jovem Paula Martins, tem também a sua graça mas por ser menina, só que na
frente do novilho a raça e a valentia da toureira, não escolhem sexos, e foi
dela a actuação mais sentida da terna apeada. Teve pela frente um bom novilho
de Murteira Grave, bem apresentado e também o mais pesado, com 400 kg, frente
ao qual demonstrou classe, raça e muitos argumentos, com um toureio que
transmite e se sente. E nem o desaire de uma voltareta lhe quebrou a
disposição.
Dirigiu o sr. João Cantinho, assessorado pelo veterinário Jorge Moreira
da Silva, um espectáculo que durante as cortesias fez minuto de silêncio pelo ganadero D. João Passanha, falecido nesse dia, e em memória também do matador José Falcão e do cavaleiro José Varela Crujo.
E
terminado que está, haja esperança…para que uns melhorem e outros, venham a
confirmar que podem ser grandes no futuro!