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    Hoje em Madrid: Em nome do Pai, e que me perdoe José Marí Manzanares...


    Madrid, 1 de Junho. 26ª de Abono, de San Isidro. 'No hay billetes'. A mítica 'Corrida de Beneficencia', a mais importante da temporada (sentido intemporal). Um cartel composto por três figuras distintas: Sebástian Castella, toureiro querido em Madrid, triunfador do passado San Isidro, figura incontestável do toureio de montes, no quarto 'paseíllo' em Madrid este ano; José María Manzanares, figura tapada pelo tremendismo de seu malogrado pai. Toureiro de tardes esporádicas, de arte e valor conhecido, mas de sentimento e exposição quando a alma manda, o toiro ajuda e o toureio nasce, como hoje: Alberto López Simón, ainda em confirmação da figura que dele se espera, com ganas e vontade de 'comer o albero', com um toureio a ganhar madurez.

    Mas hoje, e alternado um pouco a expressão original 'Padre que le parió...', José María Manzanares não foi só a encarnação do enormíssimo José Marí Manzanares padre, 'sino' um hino à arte e valor seco do que é tourear. De capote, as verónicas foram de sonho, a 'ralentí' e com profundidade, o quite por 'chicuelinas' foi justíssimo, elegante e de fino corte. Mas, e que me perdoe José Marí, que Deus o tenha em descanso, a faena de muleta do continuador da geração de toureiros 'alicantinos', foi de bradar aos céus, de 'poner los pelos en punta', de deixar a alma aberta e vulnerável aos desígnios do momento. Que temple, que 'despacio', que muleta relaxada em 'naturales' completamente desmaiados e de um perfume seco e inolvidável. A estocada, a receber, foi de lei, e as duas orelhas caíram. O mérito foi compartido com um grande 'Dalia' da ganadaria de Victoriano del Río, que merecia volta ao ruedo, não só pela sua potabilidade, como também pela homogeneidade denotada pela restante corrida. Uma tarde que ficará na memória...

    Sebastián Castella, com um lote distinto, não chegou a expressar o sentimento que faltou às suas duas faenas para lograr emocionar a afición madrileña. Silenciado no primeiro, e ovacionado no segundo.

    Alberto López Simón é um jovem com valor, e que certamente alcançará um posto de salutar no leque das figuras actuais. A sua primeira actuação é meritória, com um toiro sério e encastado, mas com fundo e toureabilidade. Logrou boas séries com a mão direita, improvisou e com uma estocada inteira mas 'tendida', foram-lhe atribuídas duas orelhas, que deveriam ter sido uma, mas de peso. No último voltou a andar voluntarioso, mas o animal não lhe permitiu uma exposição como o anterior. Escutou ovação.

    A corrida de Victoriano del Río, de apresentação regular (um pouco justa), resultou 'pareja', com toiros a permitir o luzimento dos toureiros, mas a imprimir uma tónica de poder e transmissão que foram fulcrais para novo sucesso da divisa de Guadalix de la Sierra. Longe do comercial, ficou a dever-se uma volta ao ruedo, a 'Dalia', lidado em quinto lugar.

    A Porta Grande de Madrid foi hoje pequena para a dimensão que impôs José María ao coso 'venteño' e para o orgulho com que seu pai, José Marí, deve ter vislumbrado tamanha lição de toureio.