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    Crónica de Lisboa: "Respect"

    Na passada quinta-feira, ao intervalo daquela que foi a 3ª corrida de abono deste ano em Lisboa, saltou à arena de “espontâneo” e como um autêntico criminoso, o já popular activista anti-taurino holandês, Peter Jansenn.

    Para além do ar de completo alucinado, trazia nas costas a frase “Respect for Animals” (Respeito pelos Animais), sendo acolhido com o repúdio merecido por parte das bancadas, de quem, a começar, não tem respeito pelo seu semelhante assim como, não tem respeito por quem, pagante do seu bilhete, livre de opinião e escolha, decidiu assistir a um espectáculo legal e integrante da Cultura.

    Quiçá o acto tenha sido ‘programado’ pela azia da derrota nessa mesma tarde, dos três projetos-lei apresentados pelos partidos ‘animalistas’ na Assembleia da República. 

    Mas a verdade é que o acto de Jansenn, apesar de ofensivo e ilegal, não pode nem deve ser o cerne de um espectáculo que levou à deslocação de milhares que encheram o Campo Pequeno.

    Contudo, há algo no activista que faz sentido, a palavra “Respeito”! Respeito por parte de gente como ele, mas respeito também por parte do que nos é proporcionado enquanto espectáculo e que merecemos enquanto aficionados.

    Dizer que a corrida ficou abaixo das minhas expectativas, é irrelevante, até porque alguma coisa já seria expectável.

    Não vi o Pablo de outras actuações, andou apagado o Moura Jr. e Lea Vicens deixou muito a desejar.

    O curro da ganadaria Santa Maria, de pouca cara e no limiar da apresentação, foi no geral sem força e raça, transmitindo pouco e muitas vezes nem servindo para o que se predispõe o rejoneio.

    Lea Vicens foi a carta bem escolhida para que assim, e mais uma vez, não abrisse praça o rejoneador navarro. A francesa veio a Lisboa ‘confirmar alternativa’, e pese embora a elegância e as boas maneiras na equitação, fruto da escola que teve com D. Ángel Peralta, escasseou de argumentos convincentes no que ao toureio diz respeito. Frente ao primeiro, não impôs mando, nem a voz lhe ouvimos, estando irregular na ferragem, que entremeava com pormenores de ‘doma vaquera’ ao agrado do público. Cravou sete curtos, dos quais o quinto foi o único aceitável, e escutou música após o sexto. Critérios! No último da noite, andou mais empenhada na lide, frente a um toiro que também tinha outras condições, nobre e voluntarioso. Voltou a estar irregular na colocação dos ferros e habilidosa nos remates com os adornos da equitação.

    Pablo Hermoso de Mendoza foi quem mais chegou às bancadas. Tem cavalos de grandes qualidades e a classe de quem faz parecer que montar a cavalo é como andar numa nuvem, tal a leveza e a simplicidade que transmite, contrariamente a muitos outros cavaleiros das nossas praças, que fazem comparar um cavalo a uma motorizada, dada a rusticidade com que montam e levam as mãos nas rédeas. Contudo, ficou aquém de outras passagens, com os pormenores do rejoneio a resultarem cadenciados, e de onde mais fizeram eco as famosas ‘hermosinas’. No seu primeiro, um toiro de pouca transmissão, que perseguia a passo, valeu mais a ligação imposta pelo rejoneador da montada ao toiro e a harmonia da sua brega, do que a concretização dos ferros, sendo cingido o quinto curto. Resultou do agrado das bancadas a primeira actuação de Pablo. No quarto da noite, andou mais reticente e com menos segurança frente a um toiro de pouca força, reservado e aos arreões, concretizando depois nos curtos com pormenores nos remates, como os ladeios, as hermosinas e isso bastou aos pagantes.

    João Moura Jr. limitou-se a cumprir frente ao primeiro do seu lote, uma rês distraída, desinteressada, reservada, e pelo qual nem sempre resultou cingida a ferragem da ordem com um toureio de distâncias. No quinto da noite, teve qualidade a cravagem dos compridos, para nos curtos acabar por consentir algumas passagens em falso, mediante sortes em que por vezes faltou vencer o pitón ao toiro, tendo ainda sofrido um aperto contra as tábuas. Cumpriu mas com descrição.

    Mais dureza e transmissão se sentiu nas pegas, com os dois Grupos em Praça a demonstrarem ofício e empenho. Em praça estiveram dois grupos cujos cabos se despediram da capital, Amorim Ribeiro Lopes e Vasco Pinto.

    Pelos de Coruche, foi mesmo o actual cabo, Amorim, quem deu o mote, concretizando à primeira uma pega em que o toiro se arrancou pronto, e efectivou correctamente; João Peseiro consumou à terceira numa pega com emoção, a aguentar o derrote alto do toiro e a viagem até tábuas; António Tomás também por três vezes suportou a violência do oponente, concretizando com ajudas.

    Pelos Amadores de Alcochete, Vasco Pinto recebeu o toiro que se arrancou com alegria, levando-o na viagem com a cabeça baixa e consumando à primeira; Fernando Quintela executou com eficácia à segunda, depois de no primeiro intento ter sofrido violente derrote; e João Machacaz cumpriu bem à primeira com uma pega rija.

    Dirigiu a corrida o sr. João Cantinho, com alguma benevolência, assessorado pelo veterinário Dr. Jorge Moreira da Silva.