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    Crónica da Corrida de Toiros em Santarém: "EXEMPLARES"


    Na tarde da passada sexta-feira, 10 de Junho, a Monumental ‘Celestino Graça’ reuniu aficionados de todos os lados para a tradicional corrida por esta data.

    Infelizmente a praça não encheu, como vi por exemplo acontecer na primeira vez que lá fui há precisamente 22 anos. Para mais, este ano a ‘feira’ estava reduzida a um espectáculo, e tinha o acréscimo de marcar uma página na história dos Forcados da terra, preços acessíveis, um cartel com interesse, uma despedida e meia casa (o que já poderá ser muito tendo em conta a lotação da praça). Ainda assim, soube-nos a pouco…

    Valeu por toda a festa que se viveu nessa tarde em torno dos Amadores de Santarém, com o cabo Diogo Sepúlveda, a passar o testemunho ao agora cabo, João Grave.

    Tive o privilégio de poder conhecer o Diogo e o João, por quem já nutria admiração pelo desempenho que têm tido honrando a jaqueta dos Amadores de Santarém, mas que assim sendo, passei também a admirar pelos homens que são: simpáticos, discretos, humildes…

    E a humildade com que Diogo Sepúlveda, após a sua pega e passagem de testemunho, deu passo a passo, e sem se erguer aos ombros dos colegas, numa volta emocionada à arena, foi a mesma com que depois, assistiu a todo o resto de corrida atrás de um burladero.

    De igual modo, a humildade com que João Grave recebeu das mãos de Diogo a jaqueta para assumir o comando do Grupo, foi a mesma com que depois de ter efectivado um pegão, se colocou por diante dos colegas, escolhendo um a um, quem se seguiria na ida à cara de cada toiro, despojado de pretensiosismos mas com um sentido de liderança.  

    Esta foi também a humildade com que todos os elementos deste Grupo centenário, honraram a sua História, as suas jaquetas, e resultaram nos verdadeiros triunfadores da Corrida, com grandes pegas, grandes ajudas...foram exemplares!

    A última pega será quiçá a mais difícil de todas mas a firmeza, a elegância e a tranquilidade com que Diogo Sepúlveda se predispôs para executar a sua, foram ingredientes para o resultado da mesma. Foi ter com o toiro quase de uma ponta a outra da praça, primeiro devagar, um passo após outro, para depois insistir com mais arrimo. E quase escorregou no areal num último ímpeto de incitar a investida do toiro, que fixo, se arrancou com alegria. Diogo recuou, a rês ainda ensarilhou ligeiramente, o forcado deitou-lhe os braços, fechou-se à barbela, aguentou o derrote e a mudança de rota do toiro, para pouco depois ter o seu Grupo ali, pronto a ajudar e a consumar.

    Após a volta da praxe com o cavaleiro de turno, agradeceu emocionado do centro da arena a ovação tributada pelas bancadas em pé! Chamou com descrição o seu substituto, João Grave. E enquanto despia a jaqueta, foi deixando umas palavras ao futuro cabo. O que lhe disse não sabemos mas sentiu-se sentimento naquela passagem de jaqueta de mãos. No final, o abraço sentido, a volta à praça acompanhado pelo Grupo e um agradecimento no centro da arena com um beijo à jaqueta que ao longo destes anos honrou envergar.

    João Grave fez o seu primeiro brinde como cabo ao seu antecessor. O respeito e admiração notou-se nos gestos. E depois… Depois foi enorme no abraço que deu ao toiro que teve pela frente, que derrotou, que despejou o primeiro ajuda, e João Grave a aguentar sozinho, até à chegada dos restantes elementos que consumaram com eficácia. Uma enorme pega na sua estreia como cabo.

    Depois dos cabos, o antigo e o actual, ‘imitaram-nos’ com distinção todos os outros elementos que nessa tarde foram solistas na cara do toiro.

    Luís Sepúlveda viu o seu toiro arrancar-se pronto e reuniu com decisão à primeira; João Brito esteve valoroso na tarda investida da rês, que depois se arrancou com pata, consumando muito bem à primeira uma boa pega, eficazmente coadjuvada; Lourenço Ribeiro não concretizou bem a reunião no seu primeiro intento, para depois à segunda, e com o primeiro ajuda mais em cima, conseguir efectivar; fechou a tarde, António Goes, que à córnea consumou mais uma grande pega pelos Amadores de Santarém.

    Das lides equestres daquela tarde ficam apenas pormenores.

    De Luís Rouxinol, a cumprir nessa tarde e naquela mesma praça, 29 anos de alternativa, ficam-nos as intenções frente ao primeiro, animal tardo de investida e com o qual nunca rompeu actuação, destacando-se com os três bons compridos que cravou. No seu segundo, andou mais a gosto, e cravou aquele que foi a meu ver, o melhor ferro da corrida, o seu terceiro curto, cingido e como mandam as regras.

    Rui Fernandes foi o mais destacado da corrida com duas actuações similares. Mostrou logo que vinha em tarde de muita disposição frente ao seu primeiro, animal reservadote e de pouca transmissão, frente ao qual cumpriu. No quinto da tarde, mais voluntarioso, Fernandes assentou actuação em dar vantagens ao toiro, encurtando depois o cavaleiro as distâncias, e com a rês por algumas vezes a arrancar-se a passo ao cite, chegando às bancadas com o impacto das batidas com que deixou a ferragem.

    João Telles Jr. lidou o terceiro da corrida, animal com alguma limitação física, mais notória no inicio da função, sendo reservado, e frente ao qual teve uma actuação de mais a menos. No último, um colaborante toiro de Passanha, Telles Jr. insistiu nos cites de largo, partindo depois com velocidade para deixar a ferragem da ordem, sem contudo, ter actuação consistente.

    Lidaram-se toiros da ganadaria Passanha, bem apresentados no geral, sem excessos de carnes, alguns mais reservados mas sem complicarem, sendo mais colaborantes os lidados na segunda parte do festejo.

    Dirigiu a corrida o sr. Manuel Gama assessorado pelo veterinário José Luís Cruz, numa tarde que foi sem dúvida, dos Forcados de Santarém!






    Patrícia Sardinha