Parece despontar em força mais um ano de atividade tauromáquica em Portugal. Após um defeso de escassa lembrança, os primeiros meses de temporada foram ‘agraciados’ bela bendita água (tão essencial para dar a primavera longa e exuberante que vislumbramos no campo), pelas condições climatéricas, e, incomensuravelmente, pelo vasto número de corridas que se viram anular. Mau presságio, tecnicamente impossível de antever ou adivinhar (nem as tecnologias e informações têm uma fiabilidade efetiva), e, inegavelmente, um dos mais parcos e fracos em interesse, início de temporada dos últimos anos. Mais que uma revelação dos tempos, mais que nova mostra da vitalícia e assombrosa crise, mais que nunca, estamos com carências a vários níveis, com lacunas tão danificadas que parecem irreparáveis, com tão pouca esperança que… Não arrisco em prognósticos. A catadupa da emoção e do interesse tem, urgentemente (!), de proclamar uma posição que se evidencie, e, que faça o preâmbulo entre a vulgaridade e monotonia do quotidiano, e o espetáculo, económica e artisticamente, desejável. Começámos tarde e a más horas.
Mourão, eternamente Mourão, voltou a ser um sucesso, e a sua ‘mini-feira’, que este ano estreou, voltou a trazer a Portugal alguns nomes sonantes do toureio mundial, logrando um sucesso que, ano após ano, não deixa de ser um ‘flop’ para a restante temporada. A esperança, as ganas e o sonho que se cria em Mourão, esfumam-se com os primeiros cartéis a sair, com os primeiros ‘triunfinhos’ do burgo e com a triste queda na realidade. Sejamos francos, está na hora! Sem contabilizar alguns (poucos) cartéis que são raras (íssimas) exceções neste oásis taurino, não há nenhum (ou muito pouco) interesse e nível qualitativo na nossa festa atual. E atenção, pois a culpa é coletiva, e quem cá anda por mal, mal traz à festa. E mal já nós estamos.
O ‘NATURALES’ celebra na corrente temporada 15 anos. Uma data redonda, um número que é muito mais que isso. O modelo-base e principal guia das plataformas taurinas na internet, que para além do mais antigo, é um dos ‘sobreviventes’ (para não dizer o único) a um conceito fiel e digno à verdade, honesto e verdadeiro para com os seus leitores, não carecendo de amizades ou estadias. Independentemente de cartazes, logótipos e publicidade (e porque a atenção dá-se a quem merece), há um e somente um ponto de referência que outorga a esta publicação um patamar honroso e meritório neste mundo: seriedade. E essa, não dá para adulterar…
Pedro Guerreiro