Foto-reportagem Mourão
E MOURÃO FOI PRAÇA CHEIA…
O tradicional Festival Taurino de Mourão que acontece sempre a 1 de Fevereiro, por ocasião das Festas em Honra da Padroeira Nª Sra das Candeias, e que dá início à temporada taurina portuguesa decorreu num ambiente de festa e muito frio. Ainda que acontecesse a uma terça-feira, muitos foram os que se deslocaram até à vila alentejana para assistir ao primeiro acontecimento taurino do ano.
Com um cartel misto e ao contrário do que vinha sendo hábito nesta praça, este ano as figuras foram todas nacionais. Os novilhos pertencentes ao Eng. Luís Rocha serviram no geral, sem levantarem grandes problemas e sendo até bastante colaboradores. Já de apresentação destoaram os lidados em segundo e quarto lugar.
Joaquim Bastinhas veio a Mourão sem grandes ambições nem alaridos, numa actuação asseada. Entusiasmou com o Queimadoro com quem ladeou e se recortou na cara do novilho. Cumpriu com a ferragem e quando o público pedia mais (o par), Bastinhas deu por terminada a lide.
Tito Semedo não teve em Mourão o triunfo que prenunciava. Sentiu dificuldade em fixar a rês, abria demasiado as sortes e disso resultavam as passagens em falso e os ferros desajustados. Houve boas intenções por parte do cavaleiro, mas disso não passaram.
Marcos Tenório foi o que mais deu de si neste festival e ainda bem. É jovem, tem ainda um longo caminho, mas a nossa Festa precisa da afirmação destes novos valores. E não é por ser o primeiro festival, numa praça de 3ª, que se deve descurar o empenho e o respeito pelos aficionados. Marcos entendeu isso e quiçá augurando outras ‘inaugurações’ de temporadas em praças de maior peso, deu nas vistas em Mourão. Frente a um novilho que se adiantava, Marcos quase sempre aguentou e deixou que fosse a rês que se arrancasse. Destaco o segundo ferro curto, indo de frente acima do novilho e cravando de alto a baixo. Ainda sofreu um percalço com uma quase queda, o que acontece aos melhores, mas o restante labor do jovem ginete superaram os acidentes de percurso.
Os Amadores de Monsaraz não tiveram grandes problemas nesta tarde com pegas concretizadas ao primeiro intento por Hugo Torres, Fábio Tirapicos e David Rodrigues.
No que toca ao toureio a pé, o matador Luís Vital ‘Procuna’ teve pela frente um ‘sobrero’ de pouca apresentação que não lhe permitiu grande luzimento. Evidenciou-se mais nas bandarilhas, onde é ímpar, mas com a muleta, e também por culpa das características do novilho, escasseou de atitude resumindo-se a sua faena a alguns muletazos de boa nota.
João Augusto Moura, pelo terceiro ano consecutivo em Mourão, teve pela frente o novilho mais colaborador da parte apeada e que por sinal, era o que em sorteio, teria tocado a Manuel Dias Gomes. Mas como estamos em Portugal e ainda para mais numa praça de terceira, foi o deixar andar. E se de capote, João Augusto mal se viu, com a muleta aproveitou-se para se exibir, andando disposto e variado frente a um novilho que por vezes se revelava brusco na investida. Um bocadinho mais de temple e pés fixos e a faena teria mais para ficar na retina.
Manuel Dias Gomes foi o mais vistoso de capote. Com a muleta evidenciou classe e boas maneiras. Faltou talvez acoplar-se mais, mas o novilho também não facilitou, procurando-o e virando-se a cada muletazo. Mas Manuel é sem dúvida das maiores promessas do nosso toureio a pé nacional e isso foi bem patente, porque nestas coisas de se ser toureiro não deviam importar os apelidos e a técnica mas sim o que se leva dentro e isso Manuel tem sem dúvida.