Por: Vítor Besugo
FORCADOS
HOJE: Diogo Sepúlveda (Grupo de Forcados Amadores de Santarém)
Depois dos Amadores de Alcochete, Montemor, Cascais e Vila Franca, terminamos hoje uma série de mini-entrevistas aos últimos românticos da festa. O NATURALES colocou cinco perguntas aos cabos dos cinco primeiros Grupos de Forcados do "Escalafón" de 2010.
"A Palavra...aos Forcados!"
Diogo Maria Borges Nobre Sepúlveda, assumiu o comando do Grupo de Forcados Amadores de Santarém no dia 14 de Junho de 2008, e tem a responsabilidade de comandar o Grupo mais antigo da arte de pegar toiros, e assumiu o lema " O GFAS rumo ao Centenário" . No ano de 2010 este grupo marcou presença em 24 espectáculos com 81 toiros pegados e Diogo Sepúlveda contou com 38 forcados. O cabo dos Amadores de Santarém, respondeu às 5 questões que o NATURALES lhe colocou.
"Durante os 95 anos do Grupo de Santarém passaram mais de 500 forcados, e durante 95 anos nunca deixámos de pegar nenhum toiro"
1. Que balanço faz da temporada 2010 para o vosso grupo?
A época de 2010 foi uma época extremamente importante para o Grupo, na medida em que foi acrescida da responsabilidade de termos comemorado 95 anos de ininterrupta actividade.Como tal, foi mais uma época onde o Grupo de Santarém esteve presente nas principais praças do país tais como: Santarém, Campo Pequeno, Évora, Montijo, Almeirim, Nazaré, Portalegre, Abíul, Moura, Cartaxo…
Realizámos um total de 24 corridas, o que creio ser um número ideal, e pegámos um total de 81 toiros, o que faz uma média de 3,38 toiros/corrida.
O Grupo de Santarém vive uma época de mudança, onde forcados mais velhos dão lugar a outros mais novos. Mediante isto creio que foi uma época bastante positiva, com um maior destaque para os muitos forcados novos a demonstrar que o futuro próximo do Grupo está bastante bem assegurado.
2. Quais considera os vossos maiores triunfos?Por carregarmos uma História grande e plena de triunfos na nossa jaqueta, por sabermos que durante os 95 anos do Grupo de Santarém passaram mais de 500 forcados, por sabermos que durante 95 anos nunca deixámos de pegar nenhum toiro, sabemos que a exigência e a responsabilidade das nossas actuações são muito elevadas. Neste sentido e sendo muito exigente, creio que foi uma época boa mas que não houve nenhum triunfo redondo. Tivemos muitas excepcionais pegas e ajudas, da mesma forma que tivemos bastantes lesões que nos prejudicaram durante o ano.
3. Infelizmente os forcados sofrem na pele a dureza dos toiros, houve lesões graves de forcados do vosso grupo? Se sim, de que tipo e como se encontram os forcados?
Foi, sem dúvida, uma época negativa no que toca a lesões. Se não vejamos:
21 de Março / Santarém - António Gomes Pereira – Luxação do ombro.
10 de Junho / Santarém - Rui Cabral – Ruptura de ligamentos no joelho.
14 de Junho / Santarém - Diogo Sepúlveda – Luxação da cabeça do umbro e da omoplata.
15 de Julho / Campo Pequeno - António Jesus – Ruptura de ligamentos no joelho e luxação dos ossos da órbita no olho.
17 de Julho / Nazaré - Manuel Murteira – Ruptura total do músculo do peito.
30 de Julho / Montijo - Gonçalo Veloso – Luxação do ombro.
7 de Agosto / Abíul - João Torres – fractura de duas vértebras e Ricardo Francisco – pneumotorax.
8 de Agosto / Celorico da Beira - José Carrilho – Luxação do cotovelo.
17 de Agosto / Arruda dos Vinhos - João Brito – fractura do externo e Manuel Roque Lopes – Luxação no ombro.
18 de Setembro / Santarém - Pedro Soares – fractura de costelas
25 de Setembro / Montijo - António Imaginário – Pneumotorax.
Numa maneira geral praticamente todos se encontram bem. Apenas o Rui Cabral e o João Torres continuam em recuperação. Não podemos deixar de agradecer ao nosso amigo Dr. Manuel Passarinho por toda a disponibilidade em nos ajudar a recuperar. São momentos muito difíceis o recuperar de uma lesão e voltar em força. É necessário não só um trabalho físico para recuperar a lesão, mas é muito importante também uma boa recuperação psicológica para se poder voltar em grande.
4. Como vê o momento actual da forcadagem nacional?
Creio que cada vez mais se pega bem em muitos grupos. No entanto, cada vez menos se valorizam a atitude de cada grupo, a presença/postura em praça, a arte com que se pegam os toiros, as vantagens que dão aos toiros, entre muitas outras coisas. Numa altura em que é mais valorizado quem “se agarra ou não” aos toiros, seria importante começar-se (de
uma maneira geral) a dar importância a muitos destes parâmetros. Creio ser importante falar das ditas “vantagens”. Qualquer pega que seja, é necessário darem-se dois tipos de vantagens para a pega ter mais brio e dificuldade, que são: a vantagem do forcado ao toiro ou seja, o forcado iniciar o cite de FRENTE PARA O TOIRO, não com o toiro virado para as tábuas, nos tércios; e a vantagem/distância dos ajudas ao forcado da cara. Creio que há muitos poucos grupos a fazerem isto. No que diz respeito a “bastidores”, vivemos numa época onde muitos grupos se preocupam em comprar/vender bilhetes, arranjar patrocínios… em vez de se preocuparem em pegar os toiros com arte e valor. Creio ser um reflexo do excesso de Grupos. Eu sei que todos os Grupos começam do ano zero e que todos têm direito a fazer um grupo, mas só espero que estes Grupos cresçam com valores para serem transportados para a vida.
5. Desejos para 2011?
Espero que esta crise que o país atravessa não venha afectar em demasiado a Festa dos Toiros em Portugal; que seja uma época com gente nova nas praças de toiros, pois são estes que garantem o futuro da festa em Portugal e que seja uma época com triunfos redondos em todos os aspectos: número de corridas; bilheteira; artistas e divulgação da corrida de toiros na nossa sociedade. Um bom ano de 2011 para todos.