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    Artigo de Opinião

    Dos profissionais aos amadores…da escrita
    Por: Patrícia Sardinha



    Desde que me iniciei na escrita taurina, já lá vão uns 9 anos, que uma das tarefas que sempre me deu mais gozo, foi escrever artigos de opinião. Ultimamente e por falta de tempo, tenho escasseado nessa função. Hoje ganhei contra o relógio e fazendo jus a uma frase que li recentemente, qualquer coisa como, “permito-me a falar de toiros, porque eu um dia já quis ser toureiro”, também eu pela mesma razão e ainda que infelizmente não tenha ultrapassado a barreira do ‘ser toureira em sonhos’, me permito e me atrevo a falar deste mundo dos toiros que não sendo perfeito, é aquele que a mim mais me satisfaz e apaixona.

    Oscilei algum tempo sobre que tema abordar no meu regresso a estas lides. Pendi para um balanço de temporada, mas a que propósito? Foi mais uma como tantas outras. Depois ainda pensei falar nos já habituais em início de defeso ‘prémios aos triunfadores’, mas para quê? Salvo raras excepções, são sempre os mesmos vencedores. Às vezes famílias inteiras arrecadam para uma só casa os troféus em todas as categorias e a falta de critério e excesso de amizade, deixam muito a desejar sobre o real valor destes prémios. Mas quando menos esperava, eis que me cai um tema no âmago e aquele onde, sem qualquer tipo de insolência, creio que me posso incluir, a imprensa taurina actual.
    Do mesmo modo que no início do século XX, as pegas estavam sobretudo a cargo de Grupos de Forcados Profissionais, que cobravam pela sua participação nas corridas sendo estes depois ultrapassados pelo aparecimento dos grupos Amadores, não organizados e que pegavam gratuitamente, também o periodismo taurino tem vindo a ser dominado pelos amadores, pessoas sem formação jornalística e pouco eruditos tauromaquicamente.

    A liberdade de imprensa (apesar de alguns se queixarem da falta dela), a evolução dos meios e dos tempos, vieram, com o aparecimento da Internet, permitir que surgisse uma nova vaga de ‘críticos’ e uma panóplia de sites e blogues de informação taurina. Podem descansar os alheios, que não venho aqui fazer avaliação dos ditos. Cada um sabe de si e infelizmente não há ninguém com capacidade, valor e moral para fazer juízo da ‘concorrência’.

    Os muitos sítios de informação taurina disponibilizados na ‘rede’, dão na generalidade, força à máxima “quantidade raramente é sinónimo de qualidade”. No entanto, não se pense que existem hoje em dia, mais meios de comunicação com informação taurina que antigamente. O que mudou foram os locais onde essa informação é disponibilizada mas também o intervalo de idades dos ditos críticos, assim como o grau de exigência e cultura dos mesmos. Longe vão os tempos em que exuberavam na imprensa escrita nacional e regional, páginas e páginas dedicadas à Tauromaquia, onde os afamados críticos eram homens, com alguma idade mas com uma rica cultura taurina. Do mesmo modo abundavam livros referência sobre toureio. Actualmente é pobre e pouco pedagógica a literatura taurina portuguesa, reflexo do estado da Festa onde não abundam registos históricos e artísticos contemporâneos, assim como do carecimento de sabedoria de quem escreve mas também de quem lê, que prefere leituras mais light.

    Pessoalmente, é-me indiferente se os que escrevem são ou não profissionais. O que realmente me interessa é que quem escreva, seja verdadeiramente aficionado. E ser um verdadeiro aficionado não é ser, necessariamente, aquele que percorre as praças todas ao longo da temporada, pedinchando uma senha de trincheira ou um convite de bancada, nem tão pouco o que (sorte a dele) consegue viver financeiramente deste meio (como se distingue a fronteira entre o real amor aos toiros e o viver dos toiros por necessidade financeira?). Para mim um crítico aficionado, é aquele que vive como pode e quando pode, de um amor incondicional à Festa Brava, cingindo-se à verdade e à sua consciência, sem falsas demagogias, e a quem se pede, no mínimo, para além obviamente de uma boa escrita de português, os conhecimentos básicos para saber daquilo que escreve e fala. Infelizmente nem sempre estas características se verificam, nem tão pouco são um problema exclusivo dos sites taurinos, mas sim de todos os órgãos de comunicação especializados sejam eles virtuais, escritos ou até radiofónicos.

    O futuro da Festa incorre de vários ataques, uns por parte dos que por ela são totalmente contra, outros, e talvez os mais graves, por parte daqueles que dela fazem parte. Enquanto no passado, ser-se aficionado, ir aos toiros, saber e entender a tauromaquia era a regra, hoje em dia, ser aficionado é a excepção e quase que temos que pedir permissão e desculpas à sociedade geral para se assistir a uma corrida de toiros. O que denota a falta de cultura dessas pessoas que subvalorizam a tradição taurina. É por isso que urge a necessidade de união entre todos os sectores, mas também de clarificação. Ou somos pela Festa ou contra ela. E muito do estado da Tauromaquia, do entendimento da mesma por parte das massas (público), passa pela comunicação social, que infelizmente, perde demasiado tempo a impingir falsos triunfos ou então, casos mais raros, a arrasar tudo e todos apenas beneficiando os ‘seus’, em vez de se dedicar a doutrinar os aficionados leitores com a verdade, mas também com a História e a Cultura Tauromáquica. E a Festa é um ciclo vicioso, má informação gera maus aficionados, que por si se contentam com mau toureio.

    Por isso, para mim, sejam críticos profissionais ou amadores, mais ou menos entendidos, o principal é ser-se pela Festa dos Toiros com verdade, pois a mensagem da Tauromaquia é demasiado valiosa para ser banalizada com uma informação pouco credível, sem rigor, tendenciosa (e todos sem excepção o são), mas pior que tudo, sem afición.
    Fotos: P. S.