Corrida das Casas do Benfica (11 de Setembro de 2010)
PALHAS DE LUXO NA ARENA D'ÉVORA
Crónica
Por Prof. Sebastião Valente (Cortesia Planície Taurina)
Por Prof. Sebastião Valente (Cortesia Planície Taurina)
Decorreu no passado Sábado, 11 pelas 21 h 30 m na Arena de Évora a Primeira Grande Corrida das Casas do Benfica do Alentejo.
Aqueles que por aficion ou clubismo preencheram cerca de meia casa tiveram o privilégio de assistir a uma grande corrida de touros.
As nossas primeiras palavras são parabéns para o Ganadeiro Senhor João Folque de Mendonça que enviou da Herdade da Adema para a Catedral do Forcado um curro de toiros merecedor dos nossos maiores encómios.
Com idade peso e trapio transportaram para aquela Praça a emoção e seriedade que têm o sortilégio de transformar a Festa de Touros no Espectáculo impar que o nosso país possui e que todos nós quer, gostemos ou não, temos obrigação de preservar. São touros destes que dignificam de sobremaneira este património único.
Mestre João Núncio com a sua sabedoria inquestionável deixou para a história muitas frases que ainda hoje se mantêm actuais e que não nos cansamos de repetir quando elas se enquadram na linha daquilo que estamos a relatar. Dizia ele para os colegas muitas vezes: “ PEDE A DEUS QUE NUNCA TE SAIA UM TOURO VERDADEIRAMENTE BRAVO “. Citámos.
Realmente, se os mansos põem por vezes problemas difíceis de resolver, os Verdadeiramente Bravos exigem ter pela frente Toureiros e Forcados com arte, inteligência e raça para os enfrentar. E estes que romperam na Praça de Évora encontraram nas pessoas dos Cavaleiros Luís Rouxinol, João Salgueiro e o praticante Tomás Pinto assim como nos Homens de Évora e S. Manços os atributos necessários para lhes fazer frente e proporcionar o excelente espectáculo a que assistimos.
Luís Rouxinol teve, tanto no seu primeiro (este um primo inter pares) como no segundo duas actuações de alto mérito pela maneira como citou dando primazia às arrancadas dos oponentes, na forma como reuniu e aguentou as recargas violentas que se seguiam à consumação das sortes.
Salgueiro esteve igualmente à altura das circunstâncias tanto na primeira como na segunda actuação com momentos de boa brega, ferros de boa nota e vistosos remates alegrados com uma ou outra pirueta.
O jovem praticante Tomás Pinto não ficou atrás dos veteranos na maneira como soube contornar as situações, bem montado e com grande sentido de lide tanto na preparação das sortes como na sua consumação. Parece-nos estar preparado para altos voos.
Os homens da jaqueta de ramagens a quem coube a missão de terem que se haver com toiros que recolhiam aos currais sem sequer terem aberto a boca e chegavam ao momento da reunião com um poder e velocidade incríveis tiveram o estoicismo necessário para os levar de vencida. Assim, pelo Grupo de Évora comandado por Benardo Patinhas, estiveram na cara João Pedro Oliveira que consumou à segunda tentativa, depois de dobrar o seu colega Vasco Fernandes que saiu lesionado na forte batida do touro contra a trincheira, Manuel Rovisco e Ricardo Casas Novas ambos ao primeiro intento e em pegas de boa nota.
Pelo Grupo dos Amadores de S. Manços capitaneados por Joaquim Branco e que voltavam a Évora depois de vinte e três anos de ausência, foram solistas em boas pegas todas à primeira o próprio Cabo Joaquim Branco, Nuno Leão e Pedro Fonseca.
No final o Maioral da Ganadaria foi convidado a acompanhar o Cavaleiro e o Forcado na volta à arena agradecendo os aplausos que lhe foram muito justamente dirigidos.
Dirigiu a corrida, que foi abrilhantada pela banda de Alcochete, o Senhor Agostinho Borges, assessorado pelo Dr. Matias Guilherme, sendo o cornetim de serviço o Senhor José Henriques. A embolação esteve a cargo de José Paulo.