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    Reportagem da Corrida no Montijo

    Montijo, 28 de Agosto de 2010

    Crónica
    Por Luís Rodelo


    A praça de toiros Amadeu Augusto dos Santos abriu portas para a corrida de toiros da Cruz Vermelha Portuguesa. Perante meia casa saíram à praça os cavaleiros António Ribeiro Telles, Manuel Ribeiro Telles Bastos, Duarte Pinto e Tomás Pinto. Pegaram os grupos de forcados amadores da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, Amadores do Montijo e os Amadores do Pinhal Novo, frente a um pesado curro de mais de 600kg da ganadaria espanhola Arucci.

    Nesta corrida encontrava-se em disputa os troféus Cruz Vermelha para a melhor lide e para a melhor pega.
    A abrir praça, o primeiro exemplar com 675kg foi lidado a duo pelos cavaleiros da Torrinha António Ribeiro Telles e Manuel Ribeiro Telles Bastos. Foi um toiro que saiu distraído e desinteressado nas montadas, até à cravagem dos primeiros ferros. Veio a mais com a lide, era pronto a investir mas faltou por vezes emoção nas sortes. António Telles esteve correcto: soube entender o seu oponente, cravando bons e valorosos ferros a entrar recto no toiro e cravando ao estribo. Manuel Telles Bastos cravou bons ferros, sabendo aproveitar as dobras deixadas por António para deixar a sua ferragem, faltando por vezes toiro para os ferros pudessem resultar mais vibrantes.

    A primeira pega da noite coube ao grupo da Tertúlia Tauromáquica do Montijo: na primeira tentativa o cabo foi para a cara do mais pesado da noite mas não se conseguiu fechar e acupular ao toiro; na segunda tentativa emendou, fechou-se bem e consumou a pega perante um exemplar que empurrou mais do que derrotou no forcado.

    O segundo da noite foi lidado pelo cavaleiro Duarte Pinto: acusou na balança 650kg, saiu a praça com um comportamento parecido ao seu irmão de camada, algo distraído, mirando o tendido, trotão. Na ferragem curta empregou-se mais, mérito também para o jovem cavaleiro de alternativa que andou em cima do toiro, ligado, interessando sempre o seu oponente na montada. Foi um toiro exigente, necessitava que o entendessem e pisassem os seus terrenos. Quando sentia o ferro carregava no cavalo, proporcionando bons remates. Foi a esta lide que foi atribuído o prémio melhor lide.

    Na pega deste exemplar salta a arena os amadores do Montijo: na primeira tentativa o toiro mete a cara baixa não deixando o forcado se fechar; na segunda não aguentou o derrote para cima do toiro. Consumou a terceira com ajudas carregadas.

    O terceiro exemplar de Arucci com 660kg coube a Tomás Pinto: foi um toiro que acusou bastante o primeiro ferro de castigo, era tardo de investida e pedia que o cavaleiro andasse ligado com ele. Após a cravagem dos ferros carregava e tinha "som" na investida, pena que não fosse mais codicioso na cravagem dos ferros. Tomás Pinto teve bons momentos de brega, soube estar por cima do toiro e dar a lide mais adequada a este terceiro exemplar.

    Para pegar o terceiro Arucci saltou a praça os amadores do Pinhal Novo, que após quatro tentativas com o toiro a derrotar com força não o conseguiram levar de vencido, foi mandado para a "pega de volta" (cernelha), onde os campinos estiveram bastante bem ao encabrestar por varias vezes o toiro, mas onde os forcados não conseguiram entrar no toiro, acabando por recolher "vivo" aos curros.

    A segunda parte começou com a lide de António Telles, frente ao mais leve da corrida com 620kg. Após cravar três compridos, entra na lide dos curtos com um ligeiro susto com o toiro a carregar e a encostar a montada a tábuas, por sorte não passou nada. Foi um toiro com algum sentido nas tábuas procurando o seu refúgio, ao qual o cavaleiro da Torrinha soube traze-lo para os médios, cravando bons ferros e sofrendo por vezes os arreões de manso dados pelo toiro. Sempre com a sua toreiria habitual e com a classe habitual, culminou a lide com dois ferros de palmo, num deles com o tricórnio na mão das rédeas e o ferro de palmo na outra. Andando bem, soube entender um toiro complicado.

    A quarta pega da noite coube ao grupo da Tertúlia do Montijo, sendo pena não se ter consumado a primeira tentativa, pois praticamente com a pega consumada o grupo não aguentou a força do toiro. Corrigiram e à segunda levaram de vencido este quarto da ordem.

    O quinto da noite com 630kg foi lidado pelo cavaleiro Manuel Telles Bastos que desde cedo revelou a sua mansidão: procurando o refúgio dos terrenos de tábuas, saía solto após os ferros desinteressando-se completamente da montada e procurava tábuas. Obrigou o cavaleiro a um maior esforço, pois constantemente tinha de o retirar daqueles terrenos. Bastos soube perceber o tipo de toiro que tinha pela frente, obrigando o seu oponente a ter que investir na montada, pois tinha de pisar os seus terrenos para o colocar para as sortes. Finalizou com um ferro curto vistoso, com o toiro a empregar-se e a por a cara alta, passando a poucos centímetros da casaca.

    A quinta da pega foi a única da noite consumada a primeira tentativa, onde o forcado da cara esteve correcto com o toiro, fechando-se quer de braços, quer de pernas com o toiro a derrotar mas o grupo soube pará-lo, dando por consumada a pega que viria a ser a pega vencedora do troféu.

    O sexto da noite com 670kg foi lidado a duo pelos cavaleiros Duarte e Tomás Pinto. Foi um toiro com uma saída alegre, mas que revelou como a maior parte dos seus irmãos de camada alguma falta de codícia, não trazendo grande emoção às sortes. Deixou-se lidar, proporcionando alguns ferros de bom nível, mas exigiu grande esforço dos cavaleiros para que este correspondesse da melhor forma.

    Para a pega deste exemplar voltou o grupo do Pinhal Novo, que esta noite não teve uma noite fácil: após defraudar o grupos nas várias tentativas iniciais, o director de corrida mandou o toiro para a "volta" (cernelha), mas o grupo estava disposto a pegá-lo de caras, ao que o director de corrida mandou recolher o toiro. Foi já com a porta dos curros aberta, cabrestos e campinos na arena e após mais de meia dúzia de tentativas e cerca de uma dezena de forcados que estes pegaram o toiro, mas refira-se que já depois de ter sido dada a ordem para regressar aos curros.


    Em breve reprtagem fotográfica de Pedro Batalha