A primeira Corrida do século XXI no Canada
Texto e Fotos: António Salvador
A ganadaria Sol e Toiros escreveu a letras de ouro mais uma página da festa brava entre nós, ao tornar histórico o dia 14 de Agosto, 2010, a realizar a primeira corrida de toiros na sua nova praça,e a primeira na sua história,e a primeira no século 21, a última corrida corrida que se realizou em terra Canadiana, foi a 21 de Agosto de 1999 em Montreal no estádio Olimpico com uma assistência de 10000 espectadores,as primeiras a serem realizadas foi em Maio do ano de 1973 no forum ( antiga casa dos Canadianos equipa de hoquei no gelo ), depois foi a vez de José Borges em Listoel ( Ontario ) onde organizou várias corridas de toiros e touradas à corda dai para cá a Ganadaria (Olé Toiro Inc ) em Junho de 2003 tentou organizar duas corridas de toiros,em Bramptom ( Ontário ), mas a Sociedade protectora dos animais cancelou as duas touradas, e agora a ganadaria (Sol e Toiros ) , realizou no passado sábado esta corrida que teve como cartel os Cavaleiros Tiago e João Pamplona e o matador de toiros Antonio João Ferreira ( Tojó ) os forcados do Canada que fizeram a sua primeira apresentação oficial com Toiros das Ganadarias Manuel de Sousa da California e Joaquim Dinis do Colorado, que foi abrilhantada pela Banda de Musica Ecos Taurinos.
Falando agora do passado sábado... Tudo isso se deve à vontade férrea dos organizadores, Élio Leal e Fernando Gonçalves, decididos a vencer todos os obstáculos à realização de corridas de toiros entre nós. Só graças a uma “aficion” muito grande destes ganadeiros e proprietários da empresa os aficcionados puderam voltar aviver o entusiasmo da festa brava neste país. O dia esteve propício para oespectáculo, não sendo excessivamente quente e sem o sol abrasador que tem sido característica quase constante das últimas semanas. Também não havia vento, o que era ideal para o toureio apeado.
Logo pela manhã os espectadores começavam a chegar em grande número à quinta da Sol e Toiros, onde a corrida se iria realizar. Com o aproximar da hora da corrida, podia-se ver nas pessoas um crescente entusiasmo. A apadrinhar este evento especial esteve entre nós um grupo de ganadeiros da Califórnia, onde a festa brava está melhor implantada no continente norte-americano. A comitiva visitante incluía Eziquiel Correia, José Silveira "Preto", Eduardo Silveira, Erie Bettencourt, Dinis Nunes, Steve Selph, Frank Silva, José Nunes e António Morais, assim como os ganadeiros Jorge e Dorothy Martins, Manuel de Sousa filho e Artur Cabral.Esteve também presente a assistir a esta corrida Ministro do Trabalho do Ontário, o luso-canadiano PeterFonseca, que ficou sentadoao lado do director de corridas António Perinú.
As 15h00 em ponto iniciaram-se as cortesias, A entrada do primeiro touro na arena fez-se depois, com grande aparato: lançando-se numa corrida, o animal saltou a trincheira, A entrada do primeiro touro na arena fez-se depois, com grande aparato: lançando-senuma corrida, o animal saltou a trincheira, onde, a partir do segundo ferro, escutou sempre música. No final de cada toiro, o cavaleiro deu a volta à arena mas só no segundo foi acompanhado do forcado da cara, uma vez que só este havia conseguido pegar a respectiva rês. Com as pegas a cargo do recém- formado Grupo de Forcados Amadores do Canadá, o primeiro destes toiros foi dado a pegar a Armando Sampaio, que tentou por várias vezes mas não conseguiu concretizar a pega por falta de ajuda oportuna. O segundo foi pegado com sucesso pelo forcado Nelson Mendes que, numa brilhante pega, “enganchou-se” com perfeição entre a cornadura do animal.
Para o segundo cavaleiro em praça, João Pamplona, o primeiro dos seus dois touros permitiu-lhe começar por cravar dois ferros compridos. O cavaleiro mudou então de montada para os curtos e toureou ao som de música, muito aplaudido. No final deu a volta à arena sozinho já que o grupo de forcados, numa atitude inacreditável, se recusou a pegar o touro. O segundo toiro de João Pamplona foi uma rês inconstante, impossível de tourear a cavalo. O animal começou por saltar a trincheira e após o muito porfiar do cavaleiro teve de voltar aos curros já que do cavalo não queria nada, embora entrasse bem no capote. No “sobrero” (suplente), João Pamplona recebeu-o com dois compridos, mudou de montada e nos “ferros” curtos já ao som de música, novamente foi muito aplaudido. O forcado de cara para esta rês foi Matthew Cabral, que só conseguiu pegar o toiro à terceira tentativa, muito porque nas primeira duas – e tal como já havia acontecido anteriormente– lhe faltaram as ajudas. No final, cavaleiro e forcado deram a volta à arena.
No toureiro apeado, o matador português António João Ferreira “Tójó” viria a escutar grandes ovações, graças à excelente actuação, deu voltas arena nos seus dois toiros e foi aos médios. O jovem, que revelou ser um excelente “muletero”, recebeu o seu primeiro touro por verónicas, desenhando depois “chicuelinas” rematadas com “revolera”. No tércio de bandarilhas cravou três pares, todos a quarteio e um deles à meia volta. Na faena de muleta, o diestro no centro da arena, lugar dos toureiros de coração grande, toureia por “derechazos” e mais “derechazos”, alguns a fechar o círculo, rematados com passes de peito. Pela esquerda, ao natural, o matador é agarrado sem consequências pois o toiro metia-se e dava “tarrascadas” pelo lado esquerdo. Tójó toureia então pela direita, fazendo no final desplantes de joelhos, frente ao toiro. No segundo recebeu-o com um afarolado, depois por verónicas, fazendo então um tércio de bandarilhas em tudo semelhante ao primeiro. Na muleta, o toureiro viu que o animal não passava por ambos os lados e só depois de muito porfiar conseguiu sacar alguns “rerechazos”, mas o animal “apagava-se” e requereu muito esforço para conseguir ligar faena.
Destaque-se que todos os artistas brindaram os empresários- ganadeiros Élio Leal e Fernando Gonçalves nas suas actuações. A comporem o cartaz desta histórica corrida de toiros no Canadá registaram-se ainda as actuações do bandarilheiro do matador Tójó, Rodolfo Barquinha, assim como dos peões de brega dos cavaleiros, nomeadamente José Leonardo,Jorge Silva e Diogo Coelho. A corrida foi um sucesso, quer em afluência, quer como espectáculo taurino, tendo apenas como mancha a recusa do grupo de forcados em pegar o segundo toiro da tarde