
En todo caso, el IGAC, inicialmente ha perjudicado notablemente a Paulo D´Azambuja... pero si lo vemos friamente, a costa de la injusticia perpetrada, el cavaleiro está teniendo una publicidad gratuita, alcanzando una popularidad que no habría conseguido ni cuajando el novillo con el que estaba anunciado en la plaza de Azambuja...
-Está triste pela lesão de um dos seus cavalos favoritos? Quanto tempo terá que estar em repouso o animal?
Paulo : Claro que fico triste, mas são coisas que acontecem, lesionou-se na boxe depois de o ter montado quando se levantava após se ter espojado, o Zito é um Cavalo magnífico muito toureado pois era do Rui Salvador, com ele posso praticar um toureio de emoção, mas é assim, nada podemos fazer que não seja o recuperar bem, para estar na máxima força para a próxima temporada, pois para esta temporada não estará apto além de em princípio não ter mais actuações pois a temporada está no fim. Mas confio muito nos outros cavalos da minha quadra e vou na máxima força ...
-As oportunidades não abundam para os que começam, infelizmente. Se não há oportunidades, não é possível demonstrar a valia que um tenha...¿sente às vezes desespero ante este panorama?
Paulo : Fico muito triste que as regras não sejam iguais para todos, eu trabalho todos os dias e muito ... fico triste que não me dêm oportunidades, hoje em dia maior parte das oportunidades não são pelo mérito mas sim por capacidade financeira, eu não posso comprar oportunidades se calhar por isso este ano só toureie em Azambuja e na Moita, mas o que importa é trabalhar para triunfar no próximo espectáculo, é para isso que trabalho sempre, e mesmo dentro de um mundo complicado sei que posso triunfar, e vou triunfar.
-Sua família lhe apóia abertamente. O Paulo pratica continuamente com seus cavalos, recebe lições de equitação e alta escola, recebe conselhos de algum cavaleiro consagrado...pouco a pouco -apesar sua juventude- Paulo evoluiu a melhor no seu toureio...que pede aos empresários?
Paulo : o que posso pedir eu aos empresários ? apenas oportunidades ... tou mais maduro, evoluí ao longo dos anos, é obvio que ainda tenho que fazer um longo caminho para continuar a aprender ... mas só peço oportunidades como aquela que agora me deram em Azambuja, hoje em dia quem não é de dinastia tem a vida dificultada, as pessoas não imaginam o que já passei, mas continuo aqui com vontade para continuar a lutar, e com a ajuda da minha familia, da minha equipa do meu apoderado Carlos Amorim, do Rui Salvador e do Eng. João Lynce vou conseguir ultrapassar esta fase de menor actuações e maior desânimo, e aqui quero agradecer ao Rui Salvador as oportunidades que me tem dado este ano para actuar em eventos organizados por ele na sua Quinta, tem sido muito importante para mim e para os cavalos.
-O Paulo necessita sair o mais rápido possível desse primeiro degrau onde se encontra. Tem condições para isso, mas necessita oportunidades...estas são muito poucas, para o Paulo e para outros que começam. Só os chamados jovens "de dinastia" têm mais ocos por onde colocar a cabeça... Acha que deveriam montar-se mais novilladas, mais espetáculos com os que começam...? Não acha que isto seria bom para cavaleiros como você, e também para popularizar a Tauromaquia em vilas menores que não podem aspirar a cartazes de renome?
Paulo : Eu até acho que existem novilhadas e festivais em bom número, o problema é que toureiam sempre os mesmos, depois até acho que as corridas de toiros podiam incluir um amador, e veja que foi assim que surgiram duas figuras que muito admiro o João Moura Jr. e o João Moura Caetano ... mas para eles tudo foi fácil, os empresários encaixaram-os em corridas de toiros e o resultado está a vista, são neste momento para mim as máximas figuras do toureio equestre do presente e do futuro a par com o João Moura Pai e Rui Salvador, comigo, andei anos para me deixarem tourear numa corrida, aconteceu no ano passado, era sempre a desculpa do regulamento mas depois em variedades taurinas tive que lidar os toiros que os profissionais não toureavam com mais de 600kg ... se em variedades taurinas pude tourear toiros de 5 anos com 600 kg porque não pude em Agosto de 2005 em Arruda dos Vinhos tourear um novilho de 3 anos com no máximo 420 Kg incluido na corrida do 17 de Agosto ? é isto que não percebo. Tou convencido que se toureio nessa corrida ao lado do Luis Rouxinol, João Salgueiro e João Moura Caetano tudo poderia ter sido diferente após esse dia ... mas não me deixaram nem como variedades taurinas após a corrida ... os responsáveis do IGAC disseram que tinha que haver uma diferença de 5 horas entre espectáculos.
-Não sendo especialmente custoso montar novilladas ou espectáculos de oportunidades aos novos...Se os cavaleiros jovens não cobram mais que as despesas da camioneta com os cavalos, o principal montante só seriam os touros... qué poderia fazer-se para que este tipo de espectáculos deixasse de ser uma anedota e passasse a ser algo freqüente?
Paulo : Essa é uma boa questão, eu quando actuo e as empresas nos dão uma ajuda para as despesas não chega para pagar as despesas todas, pois é preciso que as pessoas percebam que é preciso pagar gasóleo e gasolina para camião e carro, portagens, motorista, cocheiro, bandarilheiros e comida e muitas das vezes é preciso comprar um bilhete para a minha mãe me ver actuar, eu até compreendo a situação e por isso se o mal for dividido por ambas as partes enfim ... ajudamo-nos uns aos outros, o problema é que alguns empresários querem que suportemos todas as despesas ... e ai é que eu não concordo. Eles aos de dinastia não fazem isso e como há sempre alguém que suporta tudo então toureiam sempre esses, enfim tenho que aceitar isso e nada mais, por isso ás vezes esses espectáculos não têm a importancia que deviam, nem lhes dão a importancia que deviam, e isso e mau para o futuro da festa pois se não semearmos agora, o que irão os empresários colher no futuro ?
-A Festa em Portugal está pedindo a gritos uma profunda renovação. Certos modelos de toureio estão anquilosados, outros se deslizam em demasia para o circense e faltam figuras de verdade que entrem em concorrência real com aqueles -não muitos- que estão acima de uma meia muito vulgar... Acha que nos jovens como o Paulo, nos novos, há matéria-prima para que chegue um novo tempo?
Paulo : Há gente nova com capacidade de, cada um ao seu estilo competir de forma saudável e renovar é preciso o equilibrio a montar os cartéis, eu acho que faço parte desse grupo, pois no dia que eu perceber que serei mais um no molho deixo de tourear para não estorvar ninguém, mas ninguém pode ter dúvidas da renovação e veja temos vários exemplos neste momento o João Moura Jr., o João Moura Caetano, o Marcos Tenório, o Manuel Lupi, o Paulo Jorge Santos, o Carreiras o Francisco Palha, o Tomás Pinto, João Salgueiro da Costa e mais ... Eu também claro (Risos). Mas atenção para renovar a festa com novos valores é preciso que os mais velhos toureiem connosco para aprendermos com eles, tem que haver um equilibrio e acima de tudo variedade na montagem dos cartéis, tanto para nós mais novos como também para os mais antigos de alternativa.
-Como se veio preparando este ano, com quem trabalhou, a quem está agradecido...?
Paulo : Apesar de este ano ter actuado muito pouco, o Rui Salvador na sua Quinta deu-me muitas oportunidades, estou-lhe muito agradecido pois foi muito importante, tenho que agradecer também o apoio de toda a minha equipa, á minha familia ao meu apoderado José Carlos Amorim pois tem feito tudo o que estava ao seu alcance para a temporada ser diferente, ele tomou as opções certas perante os cenários que lhe colocaram, para mim o que ele decidir está bem decidido. Quero agradecer também o apoio do Presidente da Câmara de Azambuja DrºJoaquim Ramos e do seu acessor e Presidente da Junta de Aveiras de Baixo, Silvino Lúcio, que apesar de este ano infelizmente não ter toureado muito nunca deixaram de acreditar em mim, são dois grandes amigos.
- Vendo as dificuldades que existem, por que insiste em ser toureiro?. Imaginava quando começou que isto era tão duro...?
Paulo : São as dificuldades que me fazem lutar, não escondo que andei desanimado até saber que ía a Azambuja, mas são estas dificuldades que me dão muita força, depois saberei dar valor a determinadas coisas que se calhar não dava, desde 2003 quando comecei, foram mais de 100 actuações e neste percurso que não tem sido nada fácil tenho tido a felicidade de ter pessoas que acreditaram em mim, é por elas e por mim que vou lutar até não ter mais forças, não posso nem quero defraudar aqueles que em mim ao longo de 6 temporadas sempre me apoiaram, por isso vou continuar na guerra de corpo e alma.
- Tem confiança plena nas suas forças : se tivesse assegurados na próxima temporada inicialmente oito ou dez espectáculos sérios, com dois touros em cada atuação, tem a certeza de que -então- Paulo de Azambuja ia ser imparável?. Espera que algum empresário ou apoderado entenda que está pedindo uma oportunidade de verdade, um mínimo a partir do qual as coisas virão rodadas...?
Paulo : Eu apoderado já tenho, e acredite que tenho muito orgulho no apoderado que tenho, o Sr. Amorim e mais que isso, é um amigo da familia, eu respeito muito os meus colegas e penso que ninguém é imparável, mas penso que com actuações mais regulares e não precisava de ser com dois toiros as coisas seriam diferentes e poderia ser uma mais valia para as empresas, claro que com 2 toiros podemos mostrar muito mais toureio, mais variado e não tenha dúvidas que as pessoas ficariam surpreendidas pois tou muito bem montado ... mas eu já nem peço oportunidades com 2 toiros ja fico contente com 1 toiro, pois não consigo explicar o que senti esta temporada ao ficar em casa e ver os outros a tourear ... custou-me muito ... mas é assim a vida, cá estou a trabalhar para aproveitar as oportunidades que me derem no futuro, e quero aqui deixar bem claro que não deixarei ficar ninguém que me dê oportunidade mal visto, isso pode ter a certeza ... nem que tenha que morrer na arena. - Uma entrevista de EUGÉNIO EIROA