Opinião: “E agora? O que vem lá?”
A Temporada Taurina 2019 terminou. Paz à sua alma.
Por mais que se goste da Festa
dos Toiros, a estação já começa a pedir recato. O “sol, toiros e moscas” com os
dias frios e chuvosos que já se vivem, por agora não faz sentido e na verdade, tudo
tem o devido tempo e um defeso sabe sempre bem, mais não seja para se ganhar
saudades desse ambiente único que se vive em tarde de corrida numa Praça de
Toiros.
Serão três meses certinhos – até
que Mourão dê o mote a 1 de Fevereiro – para se ‘limpar a cabeça’, quiçá até para
os mais afoitos serão três meses para “cultivarem” a sua afición em livros
taurinos, em interessantes colóquios que por aí surjam e renovarem conhecimentos,
pois isto de ser “aficionado” de bancada, de copo na mão e a posar para a
fotografia do social, no Inverno não rende tanto.
É também tempo para os artistas
recuperarem o fôlego, afinarem as máquinas, ‘aprenderem’ truques novos, com
vista a que lhes corra bem a Temporada 2020.
Não tarda, mas não tarda mesmo
nada, choverão prémios de todos os lados, com triunfadores para todos os
gostos, nem que se inventem categorias para que ninguém fique desolado…
Entretanto, a Praça de Toiros de
maior importância nacional, o Campo Pequeno em Lisboa, vive uma nova fase da
sua vida, e com ela, vivemos todos nós, aficionados, pendentes do que dali
poderá vir. Será esta anunciada “venda” positiva para Lisboa em particular e
para a Tauromaquia em geral? Quantos espectáculos taurinos se prevêem nas
próximas temporadas em Lisboa? Já não temos programa de toiros na tv
generalista, agora que será do Campo Pequeno TV com esta venda? Dúvidas…tantas!
Acredito, mas acredito mesmo, que
a Dra. Paula Mattamouros Resende, que em 2014 chegou ao Campo Pequeno como sua
gestora de insolvência, e surpreendentemente se tornou numa apaixonada pelas
corridas de toiros, tenha “dedo” e cuidado neste processo de concessão da Praça,
salvaguardando algo em que a própria acabou por se envolver tanto.
Por isso, tenho fé que a venda
não venha a ser em vão mas já diz o ditado “cautela e caldos de galinha”… E
será preciso que se faça do novel “dono”, a nova “Paula Mattamouros” do Campo
Pequeno.
Entretanto, o novo (velho)
Governo já ditou das suas, apresentando no seu programa para esta legislatura,
o aumentar da idade mínima para assistência a festejos taurinos. Nada como começar
cedo a “dar mama” aos verdes, aos bloquistas e aos “pan’s”, pois num parlamento
não maioritário, convém ter a oposição fundamentalista do seu lado.
Num país em que há urgências
pediátricas fechadas por falta de médicos; em que continuam a ser abandonadas,
maltratadas e abusadas crianças de todas as idades; em que tudo se vê na
televisão seja a que hora for; em que aos 14 anos se pode mudar de sexo se
assim bem entenderem; em que há um gravíssimo desnorte de valores e respeito…é
num país destes que a preocupação maior do governo é “proteger” as crianças do
meio taurino, sobrepondo-se à vontade e liberdade das mesmas, bem como à
escolha dos seus pais.
Não cumpriremos, é o que se pede;
#osmeusfilhosvão deverá ser o pregão!
Mas enquanto nada se define, nem
a venda, nem a imposição… resta-nos sonhar que 1 de Fevereiro de 2020 chegue e
nos renove a esperança e a afición numa nova Temporada.
Patrícia Sardinha