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    Crónica de Santarém: “Meus Senhores, Objectivo concretizado”


    Poderia ter inúmeras formas de começar este meu escrito sobre a corrida de domingo, dia 16 de Junho na Monumental Celestino Graça, porém, não seria justo.

    Cumpre antes de tudo, dar novamente mérito a este grupo de amigos que formou uma associação - Praça Maior - e que por sua vez, devolveram aos aficionados o prazer das grandes tardes de Santarém.

    Não sei se derivado a acompanhar bastante grupos de forcados ou a conviver com velha guarda da tauromaquia, mas, tenho uma visão da mesma muito romântica, acredito, que nesse grupo de amigos, pela forma como colocaram toda a conjuntura da Monumental Celestino Graça, há muitos como eu. E a verdade é que resulta, a festa se for pensada para ter ambiente, para dar emoção, para deixar memórias, o público adere!

    Feita esta introdução, justificada pelos cerca de 25 mil espectadores que a Monumental Celestino Graça albergou nos três espectáculos desta temporada, falemos deste festejo em concreto.

    Adivinhava-se uma forte tarde de toiros, um cartel de competição, albergando os 3 cavaleiros da mesma “geração”, mas, com escolas de toureio distintas, factor que, só por si, garantiria diversidade de toureio e uma natural e saudável “picardia”, falo de João Moura Jr, João Ribeiro Telles e Francisco Palha. Se pelos toureiros o certame já prometia, pela secção das Jaquetas não se ficava atrás, completando o cartel os Amadores de Santarém e os Amadores de Montemor. Por fim, mas não de todo menos importante, um curro de toiros Veiga Teixeira, que desperta e leva à praça o aficionado mais tourista.

    Começado o dito cujo certame, mais uma extraordinária casa, ¾ de casa forte, o típico clima escalabitano, sol e vento, claro está mas ninguém arreda pé.

    Falemos então de João Moura Jr., a quem lhe calharam os mais pesadotes deste curro, 600 kg e 605 kg, respectivamente, e por isso, foram toiros que vieram de mais a menos e demonstraram um pouco menos de mobilidade, ainda assim, o segundo mais disponível que o primeiro, mas a servir.
    Quanto a toureio propriamente dito, no primeiro toiro não conseguiu demonstrar grande coisa, nota para a sorte gaiola e para dois bons curtos, que conduziram a uma primeira lide agradável, mas de longe com história, perante um Veiga Teixeira reservado mas a cumprir.
    No seu segundo toiro, o ginete de Monforte arrimou-se perante o público de Santarém, desenhando uma lide bonita, brindando os presentes com as “mourinas”, que empolgaram. O toiro muito mais colaborante que o primeiro, Moura Jr. desenhou uma lide competente e de mestria, com bregas ajustadas e ferros de boa nota.

    João Ribeiro Telles está a passar um momento de forma tremendo, acompanhado de uma quadra competentíssima, e estes dois ingredientes juntos, normalmente dão sucesso e triunfo, e assim foi. O cavaleiro coruchense entrou em Santarém disposto a puxar os galões, perante os exemplares Veiga Teixeira com 595 kg e 545 kg respectivamente. Na primeira lide andou regular perante um toiro bem rematado e com presença mas que veio a menos. No seu segundo toiro, a música foi outra, com destaque nos curtos, onde a cargo do Ilusionista, João Ribeiro Telles desenhou uma lide a citar de largo, com temple, rematando com uma acertada e ajustada batida ao piton contrário e ferrando de alto a baixo e ao estribo.

    Para Francisco Palha esta era a sua primeira actuação após a lesão no ombro contraída em Salvaterra, e vinha conforme nos habitou, cheio de ganas de triunfo mas com uma humildade notável, para enfrentar os dois toiros Veiga Teixeira de 580 kg e 575 kg. Quanto às lides, e já começa a ser imagem de marca, recebeu o toiro em porta gaiola, após ter brindado apeado à equipa que ajudou a recuperar da lesão, cravando bem a sorte de compridos. Nos curtos andou bem, com reuniões com emoção e a cravar de alto a baixo, nos terrenos proibidos, novidade? Nenhuma, o Francisco Palha é um toureiro de raça e que dá gosto ver em praça, tendo levado a melhor perante um toiro cooperante, mas que veio de mais a menos. Na sua segunda lide, o toureiro não teve “a gosto”, apesar de nos compridos ter andado bem, nos curtos demorou a entender-se com o toiro, acabando por consentir algumas passagens em falso, que, perante a casta da ganadaria Veiga Teixeira, com o toiro a encurtar-lhe caminhos, tendo mesmo levado ligeiro toque na montada. Ainda assim, destaca-se uma lide com ferros curtos de boa nota.

    Por fim, mas não menos importante, dar conta das actuações da rapaziada da jaqueta, sendo que, pelos Amadores de Santarém pegaram António Taurino, consumando a pega na sua 3ª tentativa perante um toiro que vinha a bater e a procurar despejar o forcado, Francisco Graciosa ao primeiro intento e por último Lourenço Ribeiro, também ao primeiro intento.
    Pelos Amadores de Montemor, pegaram o forcado João da Câmara, numa rija primeira tentativa, Francisco Bissaia Barreto também ao primeiro intento, e por fim, Francisco Borges, ao segundo intento, mas que, consuma numa pega rijíssima e que acaba com a monumental de Santarém de pé.

    Dirigiu a corrida o sr. Lourenço Luzio, coerente e assertivo no geral, nota apenas para a falta de sensibilidade perante o imponente curro de Veiga Teixeira e o quinto toiro de estrondo, que deveria levar desde logo o ganadero à praça, mas, são opiniões. Assistiu o inteligente o veterinário Dr. José Luís Cruz.

    Esta é a crónica da última da temporada em Santarém em que os verdadeiros triunfadores são, tal qual disse ao começar, os empresários que conseguiram mesmo contra os velhos do Restelo, reerguer a praça de Santarém.

    Por fim, deixar apenas uma breve nota, foi de um desrespeito tremendo, a vaia ao ministro da agricultura, os aficionados, tem que perceber que não se atrai moscas com vinagre. Se a presença foi meramente arte do politicamente correto? Até pode ter sido, mas caramba, politicamente correto é ser contra a Tauromaquia, ter um membro do governo que vem a uma corrida, ainda para mais, com o impacto desta tarde em Santarém, só temos que agradecer e usar isso a nosso favor, e o que se passou foi feio, muito muito feio, mas enfim.


    Francisco Potier Dias