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    Crónica de Évora: "Se foram justos vencedores? Sim foram…mas também podiam ter sido outros"


    Como manda a tradição em Évora, o Concurso de Ganadarias deu o “pontapé de saída” na temporada da Arena d´Évora, na edição número 60 do mais antigo e prestigiado Concurso de Ganadarias de Portugal.

    Em praça três maestros dos mais velhos ainda em actividade, António Ribeiro Telles, Rui Salvador e Luís Rouxinol.

    As pegas ficaram a cargo dos “vizinhos e rivais” Amadores de Montemor e Évora.

    A concurso estavam as divisas de Veiga Teixeira (vencedora do concurso de ganadarias em Salvaterra de Magos), Branco Núncio, Pinto Barreiros, Fernandes de Castro, Murteira Grave e Passanha que regressavam a Évora após um período de interregno.

    Abriu praça António Telles diante um Veiga Teixeira bem apresentado e bravo de investidas bruscas. Iniciou a lide com algum desacerto na colocação da ferragem. Nos curtos a lide teve bons momentos com dois bons ferros iniciais, pese embora com duas passagens em falso, diante um toiro que tentava colher o cavaleiro do cimo da montada. Em virtude de uma investida nos posteriores da montada, António Telles teve que trocar de cavalo com evidentes ferimentos, embora sem consequências de maior. Retomou a lide em bom nível colocando mais dois bons ferros.

    O segundo do seu lote pertencia à divisa de Passanha. Numa lide em que a investida do toiro foi de menos a mais. António recebeu bem o toiro com dois compridos. Nos curtos a lide custou a chegar ao publico, não por falta de mérito do cavaleiro, mas pela pouca transmissão que passou para as bancadas, no entanto nos últimos ferros subiu de tom com sortes frontais rematadas ao piton direito do toiro com este a perseguir a não desligar do cavalo.

    Rui Salvador que ainda chegou a equacionar-se a sua ausência do Concurso de Ganadarias de Évora devido ao agravamento de uma lesão antiga, andou em bom plano no seu primeiro bom toiro com investida nobre da ganadaria Ernesto de Castro. Iniciou a lide dobrando-se bem com o toiro colocando dois compridos, sendo o segundo algo descaído. Na série de curtos a lide teve o melhor de Rui Salvador. Bem montado e a gosto Salvador cravou de frente, adornando a lide com passagens justas na cara do toiro, pisando terrenos de compromisso. No final, o público reconheceu e retribuiu com fortes aplausos o esforço do cavaleiro que aparentemente não acusou a lesão contraída.

    A segundo lide do maestro de Tomar esteve uns furos bem abaixo da primeira. Diz-se que geralmente os toiros Pinto Barreiros dão triunfo garantido mas desta vez não foi o caso. Morfologicamente dentro do tipo da ganadaria, em comportamento totalmente fora do tipo, com um comportamento reservado a não dar transmissão à lide. A prestação até começou animada, com Rui Salvador a receber bem o toiro e a levá-lo pela trincheira após toque de saída dos curros. Cravou três compridos correctos. Nos curtos a lide foi a menos e o cavaleiro embora esforçado, limitou-se a cravar a ferragem da ordem.

    Luís Rouxinol fechava a terna dos cavaleiros e acabou por ser o mais destacado com duas lides mais homogéneas. Na sua primeira lide coube-lhe em sorte um Murteira Grave, bem apresentado e bravo de comportamento. De saída alegre, o astado da Galeana perseguiu o cavalo de Rouxinol em terrenos de fora sem praticamente passar nos capotes, com o cavaleiro a aguentar a sua investida em duas voltas ao ruedo. Iniciou a série dos curtos com ferros com ligeiras batidas ao piton contrário com forte derrote no segundo. Ao notar que o toiro estava a ir a menos, a partir do terceiro ferro, optou por sortes frontais bem executadas rematadas por dentro, adornadas com piruetas. Rematou a lide com um bom ferro de palmo.

    Na sua segunda lide Rouxinol lidou um bonito e pesado toiro de Branco Núncio. Cumprida a ferragem comprida, o cavaleiro de Pegões saiu com o Douro para a série dos curtos. E uma das grandes vantagens de se possuir um cavalo de tanta qualidade é imprimir emoção a lides em que o oponente pouco tem para oferecer. Luís Rouxinol levou emoção às bancadas com ladeios justos e sortes frontais, com o toiro a “deixar-se lidar”. Rematou a lides com dois palmos e um par de bandarilhas para gáudio das bancadas.

    Quanto à forcadagem a tarde foi de triunfo e muito trabalho. Ambos os grupos tiveram à altura das responsabilidades, mostrando estar aptos para grandes compromissos que os esperam durante a temporada.

    Por Montemor pegaram Francisco Borges à primeira, dobrando Bernardo Dentinho após duas duras tentativas que o remeteram para o hospital. Pegaram ainda Manuel ramalho à segunda (uma grande pega) e Vasco Carolino à primeira.

    Por Évora as pegas estiveram a cargo de Miguel Direito à primeira, João Maria Caeiro à segunda (grande pega) e Ricardo Sousa à primeira.

    No final o Troféu Apresentação foi para a ganadaria Branco Núncio e o Troféu Bravura para a ganadaria Murteira Grave. 

    Se foram justos vencedores? Sim foram… mas também podiam ter sido outros. Atendendo que a votação foi feita por pessoas de bem e conhecedoras do toiro bravo há que aceitar a decisão.


    Luís Gamito