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    Ricardo Cardoso (GFAMonsaraz): "A defesa desta figura que é o Forcado Amador foi bem conseguida por esta formação"


    2019 será um ano especial para eles. Cumprem 15 anos de existência, um percurso que têm sabido construir degrau a degrau, mantendo-se ao nível dos Grupos mais antigos e afamados. Este ano, serão também eles que inauguram a temporada taurina em Portugal, a pegar já no próximo dia 1 de Fevereiro em Mourão. Motivos mais do que suficientes para conversarmos com o cabo, Ricardo Cardoso, sobre os Amadores de Monsaraz.





    NATURALES: Comemoram esta temporada 15 anos de existência. Como descreveria o percurso do Grupo até aqui?
    Ricardo Cardoso: O GFAMZ nasceu de um grupo de grandes amigos, essencialmente oriundos da freguesia de Monsaraz, e que partilhavam o mesmo gosto de pegar toiros. Passavam muito tempo juntos, tinham ligações bastante fortes, o que de alguma forma ajudou muito a conseguirem formar e a dar inicio ao GFAMZ. Passados 15 anos, posso fazer um balanço positivo, pisámos algumas das praças mais importantes do País, fizemos digressões além fronteiras e julgo que a defesa desta figura que é o forcado amador foi bem conseguida por esta formação o que nos deixa bastante orgulhosos.

    NATURALES: Geralmente, surgem muitos grupos de povoações pequenas que depois andam 1 ou 2 temporadas e acabam por não singrar. Vocês pelo contrário têm sabido manter-se estes 15 anos. Porque acha que isso acontece?
    RC: Sem dúvida que a ajuda do grande senhor e ganadero, Eng. Luís Rocha e do seu maioral Carlos Fernandes, que têm sido essenciais para dar início ao que seria uma grande batalha. Foram eles que nos transmitiram os valores pelos quais se rege um Grupo de Forcados e essencialmente nos ensinaram a andar na nossa Festa de forma humilde. Julgo que, para além da força de vontade dos fundadores do grupo, da união entre eles, do espírito de sacrifício e do companheirismo, estes dois senhores foram pilares fundamentais para assegurarem a estrutura do Grupo e nos encaminharem, de tal forma, que passados 15 anos já contamos com uma pequena história.

    NATURALES: O Ricardo é o terceiro cabo do Grupo. Era algo que ambicionava desde que entrou para o Grupo?
    RC: Apesar de ter acompanhado desde o inicio, só entrei no Grupo dois anos depois dele ter iniciado. O meu objectivo foi sempre seguir as pisadas de alguns que já tinham alguma experiência nesta arte de pegar toiros, para um dia poder ser como eles e nunca pensei em vir a ser cabo. Em 2014, o nosso cabo David Rodrigues, decidiu passar o testemunho. Nessa altura, e em conversa com alguns elementos mais velhos, comecei a perceber que eu podia ser uma das escolhas deles para comandar o grupo. Foi o que acabou por acontecer e eu acabei por aceitar este desafio.

    NATURALES: Com quantos elementos contam os amadores de Monsaraz actualmente?
    RC: Neste momento o GFAMZ conta com 33 elementos.

    NATURALES: São jovens de Monsaraz e de Reguengos?
    RC: O grupo é constituído essencialmente por jovens do concelho de Reguengos de Monsaraz, sendo que alguns vivem na freguesia de Monsaraz e outros vêm de outras localidades.


    NATURALES: E é fácil renovar o Grupo? 
    RC: Felizmente todos os anos entra rapaziada nova. Há anos em que aparecem mais, outros anos menos. O facto do grupo estar em renovação nos últimos anos, é algo que é uma realidade. Não direi que esteja a ser fácil, mas temos vindo a adaptar-nos e com certeza que iremos dar continuidade a estes 15 que já passaram.

    NATURALES: Como cabo o que o faz aceitar um jovem no seu Grupo e depois em praça, que características privilegia para escolher quem vai à cara do toiro?
    RC: Por norma, os jovens aparecem aos treinos a quererem ser forcados no nosso grupo. Outros são miúdos que ja nos acompanham e que querem vir a ser forcados. Nos recebemos e acolhemos a rapaziada nova e depois com o passar do tempo e consoante eles se vão adaptando/integrando, faço uma selecção baseada essencialmente nos treinos. Aquilo que eu privilegio nos forcados que vão para a cara do toiro, é a serenidade e a calma com que eles encaram a pega e depois as qualidades/habilidades que cada um tem, consoante as características do toiro.

    NATURALES: Que momento mais difícil já viveu desde que faz parte dos amadores de Monsaraz?
    RC: Sem dúvida que o momento que mais me marcou pelos piores motivos foi a lesão do forcado Armando Martins. O Armando fez uma fractura exposta da tíbia e do perónio quando tentava a pega de caras a um toiro da ganadaria José Luis Pereda, na praça de toiros da Amieira, no dia 15 de Setembro de 2012. Foi uma fase difícil porque vivi sempre uma grande amizade com o Armando e tive sempre por dentro da situação. Este forcado teve em risco de lhe ser amputada a perna. Ele próprio sabia que seria uma situação delicada, mas nunca achou que poderia ser uma situação extrema. Felizmente recuperou, apesar de algumas mazelas que o vão acompanhar para sempre, e ainda voltou a pegar toiros pelo seu grupo.

    NATURALES: Pelo contrário, qual o momento mais bonito?
    RC: São vários os bons momentos que temos passados juntos. É difícil enumerar o mais bonito, mas vou arriscar dizer que foi no dia 15 Agosto de 2014. Digo que foi esta tarde por vários motivos. O GFAMZ comemorou 10 anos de existência, eu passei a cabo nesse dia, foi a primeira vez que o grupo se encerrou com seis toiros, fardaram-se antigos e actuais. Portanto, foi um dia carregado de emoções e que vai ficar marcado para sempre.

    NATURALES: Já aqui referiu o ganadero Eng. Luís Rocha um grande apoio e amigo, sempre disponível para vos facultar espaço aos treinos. Tem sido realmente uma peça importante no vosso Grupo?
    RC: Sim, como referi anteriormente, o Sr. Eng. Luis Rocha tem sido muito mais que um amigo para o GFAMZ. Desde o primeiro dia que tem as portas da sua casa abertas para nós, para além de estar sempre presente.


    NATURALES: A Praça de Toiros de Reguengos de Monsaraz, sede de concelho ao qual pertencem, nem sempre consegue conquistar enchentes de público como antigamente, pese embora os cartéis de qualidade montados. Porque acha que isso acontece? Estará a diminuir afición em Reguengos?
    RC: A afición em Reguengos de Monsaraz não está a diminuir até porque é uma zona onde existem muitos aficionados. O facto de a praça não encher eu julgo que tem a ver com o que se passa em outras praças do nosso País. Os proprietários destes imóveis pedem aos empresários rendas elevadas para a exploração dos mesmos, o que faz com que o preço dos bilhetes sofra um aumento e isso torna se insustentável para muitos. Alem disso, a conjuntura económica e financeira que o País atravessa não é a mais favorável.

    NATURALES: Considera que os Grupos de Forcados são importantes na promoção e divulgação local da Festa dos Toiros?
    RC: Sim, sem dúvida. Somos o único grupo de forcados do concelho. Organizamos alguns eventos tauromáquicos, participamos em corridas de toiros e nos últimos anos temos promovido eventos que revertem para acções de carácter solidário.

    NATURALES: Em 2019 irá haver alguma comemoração especial pelos 15 anos de existência? 
    RC: A comemoração dos 15 anos do GFAMZ está principalmente agendada para o dia 15 de Agosto, na praça de toiros de Reguengos de Monsaraz, onde iremos pegar em solitário.

    NATURALES: São o primeiro Grupo a pegar na Temporada 2019 em Portugal, a acontecer no dia ‪1 de Fevereiro‬ em Mourão. Ainda que seja só uma pega, é uma honra para o Grupo?
    RC: Neste ano comemorativo do grupo será um ótimo começo nesta temporada 2019. É para nós uma grande honra ter a possibilidade de iniciar a temporada num festival com a tradição e com o carisma como o de Mourão.

    NATURALES: Uma semana depois, voltarão às pegas na aldeia da Granja, onde partilharão cartel com os Amadores de S. Manços e Póvoa de S. Miguel. Sente-se uma rivalidade maior entre Grupos por serem de localidades próximas?
    RC: Penso que a rivalidade entre os grupos de forcados existe e sempre existiu, sendo mais acentuada nos grupos que estão próximos. Da nossa parte será sempre de forma saudável, visto que lutamos todos pelo mesmo objetivo.


    NATURALES: Até quando estará à frente dos destinos do Grupo?
    RC: Isso é uma pergunta difícil de responder. O GFAMZ está atravessar uma fase de renovação e eu sinto que a minha missão só estará cumprida quando sentir solidez e confiança suficiente por parte dos elementos mais novos. Nessa altura, então pensarei em passar o destino do grupo.

    NATURALES: O que espera desta temporada de 2019 para os amadores de Monsaraz?
    RC: Este ano já começamos a treinar e vamos continuar a trabalhar de forma a que tudo nos possa correr bem e para que, acima de tudo, dignifiquemos sempre o Forcado Amador. Continuamos com a mesma ilusão e com os nossos sonhos e objectivos bem definidos. Iniciamos o ano com dois festivais e três corridas agendadas. Está também em cima da mesa a possibilidade do GFAMZ organizar uma corrida de toiros em local e data a divulgar oportunamente.