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    Crónica Concurso Ganadarias em Alcochete: "Praça cheia para homenagear Néné"


    Praça cheia em Alcochete para render homenagem ao António Manuel Cardoso, eterno Néné. 

    Uma justa homenagem, onde marcaram presença inúmeros Alcochetenses e publico em geral devoto da Festa Brava. A par da homenagem a Néné tratava-se da 1ª Corrida da Feira Taurina de Alcochete com um aliciante Concurso de Ganadarias.

    Em praça uma terna de cavaleiros que continuam a dar cartas. António Ribeiro Telles, Vítor Ribeiro e Francisco Palha. As pegas ficaram a cargo dos Amadores de Alcochete.

    A concurso estavam exemplares das ganadarias Condessa de Sobral, António Silva, Ascensão Vaz, Vale Sorraia, São Torcato e Canas Vigouroux.

    Antes das cortesias foi prestado um minuto de silêncio em memória de Néné e lido pelo grande taurino Francisco Morgado, um texto alusivo ao homenageado da tarde.

    Abriu praça António Telles diante de um toiro da ganadaria Vale Sorraia, um produto da casa Ribeiro Telles, com 510Kg dentro do tipo da ganadaria. Um toiro complicado que o ginete da Torrinha deu a volta por cima, apesar das dificuldades. António Telles continua a ser um toureiro de eleição para toiros complicados. Iniciou a função com dois compridos de boa nota, ao terceiro o cavalo levou um derrote muito violento, mas felizmente sem consequências de maior. A serie dos curtos não começou de feição com um ferro “pescado” a não ficar no toiro, no entanto, António ajustou os terrenos e emendou a mão colocando bons ferros, perante um toiro com muito sentido nos terrenos dos curros e que custava a fixar-se na montada. Uma lide de grande esforço e maestria.

    Na segunda lide António Telles recebeu um São Torcato de 520Kg. Demonstrou ser um toiro também complicado, cortando caminhos e galopando quase sempre emparelhado ao cavalo, com investidas bruscas nos terrenos de fora. A serie dos compridos iniciou-se com um ferro traseiro e outro algo descaído. Nos curtos o cavaleiro veio a mais e iniciou com um grande ferro ao estribo, daí em diante a lide andou emotiva, destacando-se ainda o terceiro curto que levantou praça.

    Vítor Ribeiro, que quanto a mim foi o mais discreto da terna, coube-lhe iniciar a sua actuação lidando uma estampa de toiro de António Silva com 600Kg, que se deixou lidar. Vítor recebeu bem o toiro andando correcto nos compridos, nos curtos a lide veio a mais a partir do terceiro ferro, deixando bom ambiente em praça. 

    O ditado diz que não há quinto que seja mau, mas desta vez não passou apenas de um ditado. Coube a Vítor Ribeiro lidar um Ascensão Vaz de 550Kg, que teve uma saída alegre, mas que veio a menos nos curtos, tirando brilho à actuação, embora o cavaleiro lhe pisar terrenos de compromisso, o toiro simplesmente ficava parado após a cravagem do ferro, não contribuindo certamente para o desejo de triunfo numa tarde tão especial.

    Fechava a terna de cavaleiros o jovem sensação da temporada Francisco Palha. É daqueles cavaleiros que leva a emoção às bancadas, desafiando o perigo a cada ferro, pisando terrenos de enorme compromisso, não olhando às possíveis consequências, querendo estar bem perante o publico, não defraudando expectativas.

    Francisco abriu a função diante um toiro de Condessa de Sobral, que apesar da apresentação deixar a desejar para um concurso de tamanha importância, em relação a bravura acabou por cumprir, sem deslumbrar, mas já dizia alguma vez alguém que se alguns toiros ganham troféus de bravura, em muito se deve a quem os lida e quanto a mim, este foi um desses casos.

    Francisco Palha sacou tudo o que o toiro tinha para dar. Iniciou a lide com dois ferros compridos a abrir. Nos curtos foi uma lide correctíssima, ao terceiro curto com o toiro a descair para a tábuas, o cavaleiro foi buscar o toiro e colocou em sorte sem recurso a bandarilheiros para cravar um grande ferro, terminou com a cravagem de um último ferro citando de praça a praça e partindo para “cima do toiro” cravou ao estribo, rematando num “palmo de terreno”, junto à trincheira.

    Deixando bom ambiente na primeira lide, a expectativa era enorme e Francisco Palha não defraudou o público. Coube fechar a corrida lidando um bonito toiro Canas Vigouroux de 610Kg, que se mostrou de reservado de investida. O cavaleiro andou correcto nos compridos e teve que trabalhar muito nos curtos. O toiro custava a fixar-se e o cavaleiro teve que ter a perspicácia para a colocação dos ferros no exacto momento e com o toiro a investir de a cara levantada para colher o cavaleiro de cima da montada. Fechou praça com um enorme ferro montando a sua égua estrela levantando toda uma praça das bancadas.

    Quanto à forcadagem a tarde era de um misto de alegria, tristeza e despedidas. Os Amadores de Alcochete tiveram num plano superior com uma excelente actuação. Abriu praça António Cardoso, filho do Néné, com uma excelente pega após um fortíssimo derrote inicial. Nuno Santana, cabo dos Amadores de Alcochete, deu o exemplo e foi para a cara do “Silva" de 600 Kg, realizando mais uma grande pega. A terceira pega foi de cernelha, no entanto, não teve o devido brilho porque o toiro não encabrestava devidamente, sendo fixo com recurso a aos capotes. Pegaram ainda Manuel Pinto à primeira e João Machacaz à segunda. De realçar a coesão do grupo e a grande qualidade dos ajudas, com várias e justas chamadas à praça.

    No final o toiro António Silva recebeu o galardão de Apresentação e Condessa de Sobral bravura, de realçar que o júri era composto pelos respectivos ganaderos.


    Por: Luís Gamito