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    Crónica da Corrida de Oportunidade: “Foi fruta a mais”


    A temporada torista da Praça de Toiros do Campo Pequeno viu finalmente este ano um curro digno de se enquadrar nesse registo. 

    Os toiros de Veiga Teixeira, bem apresentados, foram no geral animais com casta, com transmissão, a pedirem contas e que lhes fossem lá acima, sendo portanto, fruta a mais para a ‘bagagem’ dos cavaleiros intervenientes. 

    Não que nenhum deles não fosse merecedor desta oportunidade. Não que nenhum deles não possa ter pela frente toiros destas condições. Mas sim porque, tendo em conta a ‘rodagem’ da maioria dos cavaleiros anunciados nesta corrida, que equivale a pouca ou nenhuma pelo menos até à data nesta temporada, e também às limitações de algumas das suas montadas, nem sempre seria fácil para estes cavaleiros terem argumentos suficientes para se depararem com um tipo de toiro que pede acima de tudo, experiência. 

    De todo o modo, só o facto de se verem anunciados com reses desta afamada ganadaria na primeira praça do país, conferiu de antemão a estes artistas, o valor que falta a muita Figura que lá se apresenta, que exige o toiro, e exige-o ‘fácil’… 

    Fica também, o gesto da empresa em concretizar uma “corrida de oportunidade” a cavaleiros que poucas vezes a têm. Que possa ser futuramente repetida esta “dádiva” nas próximas temporadas, e que a mesma não seja vista como uma “esmola” mas como um acto de justiça, repetindo não só aqueles que triunfam na arena do Campo Pequeno mas também fora dela… 

    Pelo que, para se ir ao Campo Pequeno, é preciso querer e pedir mas também merecer! 

    E por isso, na passada quinta-feira em Lisboa, houve sempre mais toiro que toureiro, e muito pouco de artístico para recordar… 

    Gonçalo Fernandes abriu turno dado que confirmou nessa noite a alternativa. Pela frente um bom toiro, com mobilidade, transmissão e com o qual denotou boas noções e conceito de lide. Esperou-o à porta gaiola para o levar empregue em boa brega. Veio a menos o desempenho após o primeiro curto mas ficaram as boas intenções, principalmente com os três compridos de boa nota que cravou. Mais rodagem e teríamos certamente um cavaleiro de mais qualidades. 

    O mais ‘velho’ de alternativa, Marco José, viu o sorteio ditar-lhe o toiro que mais exigia cuidados. Desinteressado, a descair para tábuas, sendo os peões de brega uma ‘muleta’ muito presente no início da lide. Mas foi quando o cavaleiro tomou conta do ofício, que conseguiu inverter as tendências da rês, dando-lhe a cara e a cumprir de forma modesta a sua passagem por Lisboa. 

    Gilberto Filipe era dos seis o que mais “rodagem” trazia e por isso, sobre ele recaía uma expectativa maior. Por oponente, um toiro que inicialmente andava a passo mas que ganhou outro ritmo com o decorrer da lide. O cavaleiro optou quase sempre por partir ao toiro das tábuas, abrir por vezes demasiado o quarteio e assim cravar a ferragem da ordem. 

    Marcelo Mendes foi quem andou com mais disposição naquela noite e por isso também o que mais chegou às bancadas. Frente a um toiro sério, Marcelo nos compridos andou irregular e nos curtos distinguiu-se pelo terceiro e quarto da ordem, os de reunião mais acoplada, por entre adornos e gestos efusivos de quem se destacou de entre os alternantes. 

    Parreirita Cigano foi cumpridor com os compridos e fez-nos crer numa lide de boas intenções. Contudo nos curtos pecou pela insistência dos quiebros que lhe consentiram demasiadas passagens em falso e toques na montada. 

    A praticante Verónica Cabaço teve pela frente outro bom toiro de Veiga Teixeira, sempre pronto, alegre e fixo na artista, que se mostrou valente quando por vezes na brega, o toiro com pata se emparelhava com a montada, contudo sem aperto de cuidado. Mostrou desembaraço face à carência das montadas e acabou por cumprir com a ferragem. 

    Nas pegas também a "fruta" foi a mais e as ajudas a menos. 

    Destacou-se o Grupo de Amadores do Cartaxo, com duas boas pegas à primeira, coesas e rijas, efectivadas respectivamente por Bernardo Campino e Fábio Beijinho. Já pelos Amadores de Coimbra, Ricardo Matos consumou à segunda e Pedro Silva à terceira; e pelos Amadores de Monsaraz, Carlos Polme e André Mendes, ambos à terceira. 

    Menos de meia de casa preenchida, numa corrida dirigida pelo sr. Manuel Gama, acompanhado por dois dos novos candidatos a “inteligentes”, e onde houve alguma permissão nos tempos mortos, na demora para as pegas, nas voltas a passo de procissão… 

    Volta sim justa, a do ganadero, após a lide do sexto, mas que poderá ser validada pelo comportamento do curro em geral.

    E “fruta” desta pode haver mais mas que haja também mais conteúdo na arena…






    Patrícia Sardinha