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    Adalberto Belerique: "Saio do Grupo TTTerceirense com espírito de missão cumprida"


    Durante o Concurso de Ganadarias da Feira Taurina de S. João em 2001, Adalberto Belerique tomou o lugar de cabo do Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense.

    Dezassete anos depois, irá despedir-se deste papel que tão bem representou, no próximo domingo na praça da sua terra, naquela que será também a corrida comemorativa dos 45 anos do Grupo.

    O NATURALES teve uma breve conversa com o valoroso forcado, em vésperas de despedida.



    ADALBERTO BELERIQUE

    "O melhor de ser Forcado são as amizades que ficarão para a vida"



    NATURALES: É cabo do Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense desde 2001, grupo que completa 45 anos esta temporada, e do qual o Adalberto faz parte desde 1990. Ainda se recorda como chegou ao Grupo?
    ADALBERTO BELERIQUE: Recordo-me mais ou menos. Costumava ir às corridas com os meus pais e tinha uma admiração enorme pelos Forcados. Essa admiração era uma coisa "platónica", supostamente não materializável. No entanto, levado por amigos um dia fui a um treino, e ainda cá estou...

    NATURALES: Quando foi escolhido para cabo, qual foi a sua reacção?
    AB: As coisas aconteceram de uma forma natural, quando assumi a liderança do Grupo, era como que o passo seguinte de um percurso.

    NATURALES: Entretanto, manteve-se 17 anos ao leme dos Amadores da T.T. Terceirense. Como se consegue aguentar tanto tempo sob o comando de um grupo de jovens?
    AB: Com muito sacrifício e espírito de Missão. Traçando sempre metas e objectivos mais ou menos difíceis de atingir, para que as coisas não se tornassem rotineiras.


    NATURALES: E esta é a altura certa para se despedir?
    AB: Sim, sem dúvida! Aliás podia até ter acontecido um pouco antes.

    NATURALES: Como chegou à escolha do João Pedro Ávila como seu sucessor?
    AB: Neste, como numa grande parte dos Grupos, a tradição era o cabo que sai nomear o seu sucessor. Foi assim comigo, bem como com o meu antecessor. No entanto, de forma consciente, achei estar na altura de alterar essa situação. A sociedade está completamente diferente e penso ser mais fácil para quem vai liderar um Grupo hoje em dia ser eleito e não nomeado. Assim, reunimos para a eleição da qual saiu o João Pedro como meu sucessor. O João Pedro é um forcado de eleição e com o apoio de todos continuará certamente a levar o Grupo e por conseguinte a "nossa terra" aos mais altos patamares da tauromaquia.

    NATURALES: Que melhores e piores recordações se levam destes 17 anos?
    AB: Sinceramente não gosto de pensar nos piores momentos, penso que nem se terão passado dentro da praça. Terão certamente a ver com condições financeiras para conseguirmos chegar onde chegámos e andar ao nível que andamos. O facto de vivermos numa ilha faz com que as nossas despesas sejam substancialmente mais elevadas. Quanto aos melhores... não só destes últimos 17, são as Amizades que ficarão para toda a vida! Por outro lado, adoro desafios e penso que a minha liderança ficará certamente marcada por vários que tivemos enfrentar. O melhor de tudo penso que foi sermos capazes de nos superar, crescendo o Grupo com isso, mas acima de tudo, crescendo nós, não só como forcados, mas acima de tudo como pessoas.


    NATURALES: Sendo um grupo de uma ilha, sentem-se muito limitados aos espectáculos que se realizam quer na Terceira como na Graciosa?
    AB: Não, de forma alguma! Temos pegado pelo país todo, nas principais praças, mostrando o nosso valor. Ainda em 2016 fomos eleitos os triunfadores da importante feira de Abiul, Para além disso já tivemos deslocações importantes a países como o México. Deslocamo-nos anualmente também a França. Mas, respondendo directamente à pergunta, sim sentimo-nos limitados, mas em termos de apoios, para podermos fazer todas estas deslocações. Felizmente nos últimos anos temos sido apoiados pela município de Angra, mas não é fácil, pois as despesas com seguros, fardamento, etc, são muito elevadas.

    NATURALES: É difícil integrar os cartéis do Continente ou sente que há abertura por parte dos empresários de cá para vos colocar nas suas praças?
    AB: Não sei se é difícil. Nós temos integrado vários e importantes, mas este é um xadrez cada vez mais complicado e mais baseado em trocas e baldrocas.

    NATURALES: Como vê o actual estado do GFATTT?
    AB: É um Grupo que cada vez que entra em praça tem a preocupação de honrar a sua História, tentando sempre enriquecê-la a cada actuação. O Grupo tem uma quantidade considerável de jovens, que com a experiência dos mais velhos garantem um futuro promissor.


    NATURALES: E o actual estado da Festa?
    AB: Penso que podia ser melhor, mas cabe-nos a todos lutar por ela! Os ataques são cada vez mais recorrentes e até politicamente, quem é contra está a ganhar força. Penso que temos de nos unir e despertar. Creio que devemos investir nas crianças, em passar-lhes este gosto e esta tradição, pois são eles o futuro. Por outro lado, enquanto aficionado, penso que devemos ser cada vez mais exigentes. É fundamental que impere o valor e a meritocracia. Se assim for, voltaremos a ter grandes "confrontos" na arena, em todas as áreas, que certamente não deixarão o publico indiferente.

    NATURALES: Adalberto, no próximo dia 24 de Junho, sai com espírito de missão cumprida?
    AB: Sim, saio...




    SORTE!!



    Texto: Patrícia Sardinha
    Fotografias: DR/cedidas por Adalberto Belerique