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    Crónica de Salvaterra: "Querido Mês de Maio"


    Este ano, o mês de Maio tem-se revelado como um dos meses mais taurinos, não só pelo quantidade razoável de festejos mas também pela sua qualidade. 

    No passado domingo, foi a vez de Salvaterra nos brindar com uma boa tarde de toiros com o seu Concurso de Ganadarias.

    António Telles inaugurou a tarde perante um exemplar da ganadaria Conde de La Maza, com uma lide limpa, de boa nota, mas com o toiro a não querer andar como se esperava. Ainda assim, bem o maestro da Torrinha, de onde se salientam dois curtos de boa nota.

    No sector das ramagens, o centenário grupo de Forcados Amadores de Santarém, pelo forcado António Góis, consumou à 1.ª tentativa. 

    O segundo toiro da tarde, da ganadaria Canas Vigoroux, foi lidado por Francisco Palha, que começou por cravar dois compridos de grande nota. O jovem cavaleiro demonstrou muitas ganas de triunfo nesta sua lide. Arrancou para uma série de curtos impulsionado pela praça e pelas ganas e confiança que lhe deu os primeiros compridos, e bem... que lide, perante um toiro mansote mas cooperante e com arrancadas bonitas.

    A segunda pega da tarde foi concretizada por Pedro Coelho do Grupo Forcados Amadores de Coruche à 2.ª tentativa.

    O rejoneador espanhol Andrés Romero, viu o início da sua actuação ser brindada de assobios devido à escassa apresentação do toiro Miura. O público português merece mais e exige bem mais. Uma vez mais, esta ganadaria demonstra não ser digna de pisar solo português por culpa dos próprios. A actuação não passou de discreta.

    Para pegar este terceiro toiro da tarde, pegou o forcado Fernando Montoya do GFA Santarém à 2.ª tentativa. 

    Para lidar o exemplar de Veiga Teixeira, regressou à arena o maestro António Telles e que lide a este belo exemplar... Toiro cooperante, bravo, bem apresentado... e António Telles aproveitou bem mas bem, e o resto foi arte, humildade e ganas e toureria. Brindou a Ana Batista, cavaleira da terra, ao sobrinho Manuel Telles Bastos e por fim, deu um sentido abraço a seu filho, que após queda do tricórnio do pai se apreçou a saltar arena adentro para lho entregar. Enfim, Tauromaquia é isto, sentimento!

    Para pegar o 4º toiro da corrida, pegou o forcado João Prates à 1 tentativa pelos Amadores de Coruche.

    O toiro de Dolores Aguirre foi devolvido, uma pena diga-se, pois era uma bela estampa de toiro. Francisco Palha acabou por lidar um sobrero da ganadaria Veiga Teixeira. O cavaleiro andou regular perante um toiro que cumpriu.

    Para pegar este toiro, esteve o forcado Rúben Giovetti dos Amadores de Santarém que consumou com consistência à primeira tentativa. 

    Também o toiro da ganadaria António Silva foi devolvido por lesão. Assim sendo, coube a Andrés Romero lidar o segundo sobrero da corrida proveniente da mesma ganadaria, e frente ao qual o rejoneador esteve claramente a menos. Bem sabemos que rejoneio não é o mesmo que toureio a cavalo à portuguesa, mas... Há coisas e coisas, é isto não foi uma boa lide. 

    O toiro serviu mas o rejoneador não acompanhou... Afinal, entender os toiros portugueses não é fácil, não é?

    Encerrou a corrida, pelos Amadores de Coruche, o forcado António Tomás com uma pega consumada à primeira tentativa e com umas grandes 1.ªs e 2.ªs ajudas. 

    No final, prémio Apresentação e Bravura ao toiro de Veiga Teixeira.

    Feita que está a breve descrição, ou resumo da parte artística do festejo, não poderei deixar de opinar sobre os outros meandros. Uma casa praticamente cheia em Salvaterra, um claro triunfo da empresa que rejuvenesceu esta praça. 

    Mas, não vale tudo em terra de “ninguém”, o número que se assistiu aquando do anúncio dos pesos dos toiros, foi descabido, desajustado e quase que um tanto quanto a roçar o brejeiro. Não é disto que a Tauromaquia necessita nem tão pouco procura, bem sei que, por vezes certos recantos desta, parecem lutas de machos desenfreados, mas, não vale a pena irmos tão longe, afinal, ontem, estavam senhoras e crianças a ver. 

    Poderia ainda falar do pormenor de fazerem os toiros sair pela porta pequena dos curros... Para o "magro" Miura não houve problemas, mas não há dois toiros iguais já dizem os antigos...

    Resumindo e concluindo, desta tarde fica na retina a bravura do Veiga Teixeira, a maestria, saber e humildade de António Telles na lide desse mesmo toiro, e caramba, como não fazer referência à estampa de toiro que, mesmo não lidado encheu o olho, o de Dolores Aguirre e claro, ainda e não menos importante, redonda actuação dos Amadores de Santarém e Coruche, dois grupos de créditos firmados e que continuam a estar entre os mais solicitados nas ditas grandes. 

    Esta é a história de um Domingo de Toiros em Salvaterra, com Frio mas bordado a Sol.


    Por: Francisco P. Dias