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    Crónica do 15 de Agosto em Reguengos: "Existem tardes bonitas"


    Existem tardes de toiros bonitas e a que se viveu neste 15 de Agosto em Reguengos de Monsaraz foi uma delas.

    Três jovens cavaleiros com tradição nos apelidos, dois grupos de Forcados valentes e um curro de toiros de irrepreensível apresentação e bom comportamento. Melhor que isso foi ver a Praça de Toiros "José Mestre Batista" com cerca de ¾ de gente nas bancadas.

    Lidaram-se toiros de António Charrua bem apresentados, pesados e com trapio. Em comportamento, foram nobres no geral, mais complicado o manso terceiro, que procurou refúgio em tábuas, o encastado quinto e o bom o último, o que mais transmitiu do curro.

    Manuel Telles Bastos não chegou entender-se com o primeiro, animal com 545 kg, que saiu com pata mas não beneficiando a tentativa de sorte gaiola do jovem ginete. Nunca se esgotou o toiro na lide mas reservou-se nas reuniões. O cavaleiro nem sempre lhe pisou os terrenos, pelo que pautou por algumas passagens em falso. Cumpriu mas sem deslumbrar.
    O segundo do seu lote (quinto da tarde por troca de turno com Moura Jr.) foi um toiro com 540 kg, com o qual Telles Bastos andou mais arrimado. A rês não foi clara de investida de início, sonso, mas acabou por se revelar enraçado e com arrancadas inesperadas o que ainda valeu um aperto ao cavaleiro nas tábuas. Manuel não desmoralizou, e garantiu uma actuação em crescendo, em que os dois últimos ferros montando o Rilvas foram os de melhor nota. 

    João Moura Jr. teve em Reguengos duas actuações muito similares de resultados e que denotam o momento consistente que o jovem toureiro atravessa. 
    O seu primeiro toiro acusou na balança 590 kg, tinha a córnea fechada, e foi cómodo o suficiente para o cavaleiro aproveitar para ladear e recortar-se na cara do oponente, que perseguia a passo. Apostou nos cites de largos, partiu ao toiro recto, para de forma templada deixar a ferragem da ordem, ainda que tenha consentido um ou outro toque. Reduziu distâncias e foi bom e ajustado o palmito com que fechou função. Actuação do agrado das bancadas.
    No que foi o segundo do seu lote, com 570 kg, voltou a ser bafejado pela sorte, com mais uma rês nobre de investida mas mais transmissão que a primeira. Moura Jr. foi autor de uma lide assertiva e de bom timbre. Voltou a citar de largo, dando vantagens, para partir ao toiro de forma cadenciada, cravar com decisão e rematar com piruetas na cara do oponente, logrando os fortes aplausos das bancadas.

    O mais jovem da terna, Luís Rouxinol Jr., não teve sorte com o primeiro do seu lote, um toiro com 525 kg, de pouca força, manso, que ganhou querença junto as tábuas, pelo que teve o jovem cavaleiro que redobrar ofício para deixar a ferragem da ordem. Ainda tentou fazer uso das qualidades do Douro para se exibir nos ladeios mas a rês, reservada e metida nas tábuas, não se deixou levar na cantiga do jovem Rouxinol. Ainda assim, cravou quatro curtos de boa nota. 
    O último, e mais pesado da corrida, foi uma rês imponente, alta, com 630 kg, que saiu com sentido, distraído, e a não querer saber do cavalo. Rouxinol Jr. falhou o primeiro comprido, para depois corrigir e deixar dois regulares. Nos curtos, e com o Amoroso, viu o toiro vir a mais, sendo sério, a transmitir e a perseguir, pedindo papéis a quem tivesse pela frente. Rouxinol Jr. portou-se como gente grande, com sentido de lide, partindo recto ao toiro para cravar com acerto e rematar mantendo o oponente ligado. Deixou cinco curtos correctos, mais aliviadote o quarto, e dois palmitos certeiros. A exigência do público de mais um, a que não correspondeu, foi assinatura de uma actuação séria e enraçada.

    Nas pegas, pegou pelos Amadores de São Manços, Jorge Valada à primeira, que reuniu com decisão, aguentou, até grupo conseguir efectivar; José Quintas consumou à segunda, com o toiro a baixar a cara na viagem; e Manuel Vieira que depois de forte derrote no primeiro intento, efectivou à segunda, com o toiro a baixar a cara antes do momento da reunião, sendo o forcado a emendar a sorte.

    Pelo Grupo de Monsaraz pegou André Mendes à primeira, com o grupo coeso a efectivar; Luís Rodrigues também à primeira, numa pega rija e eficaz os restantes elementos da fardação; e Nelson Campaniço muito bem ao primeiro intento, aguentando a investida alegre e pronta do toiro e consumando com decisão. 

    Dirigiu sem problemas o director de corrida, Tiago Tavares, assessorado pelo veterinário Matias Guilherme. Houve ainda uma singela homenagem ao cavaleiro local Rui Rosado pelos 30 anos de alternativa e uma volta ao representante da ganadaria, Gustavo Charrua, após a lide do sexto.

    E se existem tardes bonitas, esta foi uma delas...pois aqui se viu o futuro do toureio a cavalo, e a continuidade das nossas dinastias...