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    Crónica do Montijo: Faltaram toiros, mas não faltou profissionalismo aos artistas...


    Na praça de toiros Amadeu Augusto dos Santos no Montijo, teve lugar a corrida inaugural da Feira Taurina das festas de S. Pedro.

    O cartel era de postim: António Ribeiro Telles, Diego Ventura e João Moura Jr. . Os forcados eram os Amadores do Montijo, cujo cabo é Ricardo Figueiredo e os Amadores de Alcochete sendo o cabo Nuno Santana.
    Todas as pegas foram consumadas à primeira tentativa.

    A casa compôs-se e esteve perto de uma enchente.

    Os toiros eram de Canas Vigoroux, onde corre sangue Simão Malta e Cabral Ascenção, bem apresentados de cara e carnes, todos com mais de 495Kg. A bravura ficou em casa. Criavam crenças com facilidade e tirá-los de lá requeria um trabalho aturados dos artistas. 

    A  António Telles coube abrir praça, frente a um toiro com 535Kg e ferrado com o ano 12. Bem apresentado como os demais. Recebeu-o com dois ferros à tira a abrir, nos curtos de salientar os últimos três (cravou cinco) que chegaram com força ao público, provando, se necessário fosse, que o classicismo também traz emoções.
    No seu segundo, um toiro de igual peso mas ferrado com o ano 13, recebe-o com dois ferros à tira e após mudar de cavalo crava um ferro a quarteio, pondo onde o toiro tirava, seguindo-se uma lide muito trabalhada. Citando de praça a praça, crava com acerto no centro da arena chegando forte ao público, sempre correcto, utilizando só uma mão nas rédeas, sem exageros. Esteve bem António Telles.

    O furacão Ventura veio em seguida: coube-lhe um toiro com 515Kg ferrado com ano 13, jabonero de pelagem, foi-se apagando mas quando arrancava ia com vontade. Diego teve muito trabalho pela frente e não se negou a ele. Estes não eram Murubes mas ele tinha a receita certa para chegar ao público.
    Recebe e dobra-se a preceito, num palmo de arena, depois, mau grado as crenças que o toiro foi criando, conseguiu cravar dois compridos, o segundo de boa nota, ao estribo.
    Nos curtos, o primeiro teve uma reunião um pouco atrapalhada por a investida do toiro não ser clara, contudo nos seguintes, com cites de longe, encurtando distâncias, consegue reuniões que chegam forte ao público. O quarto, com menos som junto dos espectadores é rematado com ladeios muito justos que põem a praça em alvoroço. Remata com três palmitos em sorte de violino mas com o toiro quase parado.
    O quinto toiro da noite com 500Kg e do ano 13, foi bem dobrado e parado, tendo o diestro cravado dois ferros em sortes à tira. Nos curtos começou a função com ferro a quarteio bem preparado e de belo efeito. O segundo é cravado com o toiro quase parado, mas a preparação foi tão emotiva e o enquadramento da sorte foi de tal ordem que o público aplaudiu forte e o toureiro empolgou-se seguindo-se mais três curtos de bonito efeito, especialmente depois do labor que o toiro pedia para sair dos seus terrenos. Rematou com os tradicionais três palmitos em sortes de violino, mas desta vez com o toiro em movimento o que dá outro impacto à sorte.

    A João Moura Jr. coube-lhe lidar um Canas com 495Kg do ano 13, sendo a lide brindada aos Bombeiros presentes, acompanhado pelos aplausos da praça em pé.
     Tal como os seus irmãos de camada, pedia muito trabalho e o lidador bem se esforçou. Bem recebido e parado, cravou duas tiras sem grandes primores. Nos curtos, utilizando a calma e suavidade cravou ferros com aproposito. Termina com um ferro a quiebro, já com o toiro acabado e praticamente parado. Digamos que não havia necessidade, tal como também não havia necessidade de dar uma volta que ninguém lhe atribuiu.
    Fechou a corrida com o mais pesado que se lidou nesta noite de S. Pedro: 565Kg do ano 12.
    Quanto ao comportamento foi semelhante aos restantes, havia que pôr o que ele não tinha; no entanto, nem sempre o esforço é suficiente e dado que este não tinha investida com classe levou a que o ginete lhe cravasse dois ferros à tira a abrir e os curtos fossem de uma preparação muito esforçada; porém, quase sempre faltava toiro na hora da reunião, sendo de destacar os dois últimos em sortes ao piton contrário.

    Abriram a contenda, no que diz respeito às pegas, os Amadores do Montijo.
    A primeira coube a Hélio Lopes.
    O forcado citou de longe e a meia praça o toiro arrancou com uma investida limpa e franca, sem derrotar, entrando pelo grupo que se fechou junto às tábuas. 
    O terceiro da noite teve pela frente João Paulo Damásio. Bem a citar, acabando por o toiro só sair com aviso de um peão se brega, no entanto, arrancou com ganas quando sentiu o forcado, levantou a cara e fugiu ao grupo mas uma boa primeira ajuda levou a que a pega se concretizasse com a recolocação do grupo.
    A pega ao quinto da corrida e última do grupo, nesta noite, coube a Ruben Pratas executar.
    Bem a citar, bem a reunir e bem ajudado. Uma grande pega e uma grande ajuda.
    Pelos Amadores de Alcochete o primeiro a pegar foi Manuel Pinto. Citou como mandam as regras, carregou a sorte mas o jabonero só arrancou quando quis e com uma investida pouco definida. Quando sentiu o forcado levantou a cabeça e atravessou a praça sem derrotar. Junto às tábuas o grupo consumou a pega que fica na retina.
    João Belmonte, que brinda aos Bombeiros veio para pegar o quarto da ordem. Foi difícil fazer arrancar o morlaco, mas quando arrancou a pega concretizou-se sem grande dificuldade.
    João Machacaz foi o escolhido para fechar a noite, no que às pegas diz respeito. 
    O toiro arrancou com uma investida pouco clara mas o forcado fechou-se bem, com valentes braços e as ajudas fizeram o resto. 

    A noite não foi fácil para os forcados, embora o factodas pegas terem sido todas concretizadas à primeira tentativa, dê uma noção errada do que se passou. Muito querer, muita técnica e boas ajudas, foi o que se viu nesta noite de S. Pedro, no Montijo.

    Dirigiu com acerto o delegado técnico Tiago Tavares e assessorado pelo Dr. Carlos Santos.

    Rui Loução