Header Ads

Feito com Visme

  • Últimas

    Crónica: "Tarde de toureio sério em Vila Franca"


    Tarde de toureio sério em Vila Franca, pela tradicional Corrida Mista do Colete Encarnado, este ano também associada ao 15º aniversário do Naturales – Correio da Tauromaquia.

    Bem compostas as bancadas da sombra, mais despidas as postas à “esturreira” do sol, numa tarde de muito calor mas grande ambiente.

    Lidaram-se toiros da ganadaria de David Ribeiro Telles, pesados e bem apresentados, alguns muito bem rematados, sendo em comportamento mais colaborantes os lidados a cavalo.

    O cavaleiro António Telles deu duas lições de bom toureio em Vila Franca, ambas similares de resultados e onde a classe, a sapiência, o conceito de lide, de escolha de terrenos, e as abordagens para cravar e consumar as sortes, foram de nota superior. Primeiro frente a um imponente toiro, com 590 kg, que pese embora o excesso de carnes teve mobilidade toda a lide. Do lidado em quarto lugar, com 560 kg, mais reservadote e a pender para tábuas, tendência que o entendimento do cavaleiro soube contrariar, ficam-nos os ferros montando o Alcochete, principalmente o que foi quarto da ordem, de execução como mandam as regras. Tarde grande para o António, numa corrida com sentimento especial por ser a sua primeira após o falecimento de Mestre David.

    João Moura Jr. estreou-se em grande na Palha Blanco. Numa praça exigente, passou com distinção na que foi a sua primeira actuação frente a um toiro alto, avacado, com 565 kg, com uma lide em crescendo. Eficiente na brega e com os ladeios arrimados, andou com muita disposição, cravando certeiro, ainda que preconizando algumas passagens em falso pelo meio. Já no que foi segundo do seu lote, resultou mais discreta a actuação, frente a um bonito toiro com 530 kg, reservado mas por vezes aos arreões o que fez consentir alguns toques nas montadas. 

    Nas pegas outra tarde de valentia para os Amadores de Vila Franca.

    Abriu a tarde Rui Godinho que consumou com decisão à segunda tentativa; Gonçalo Filipe bem à primeira com o grupo coeso a efectivar; Ricardo Patusco, valente como sempre, despediu-se das arenas com uma grande pega ao primeiro intento; e David Moreira à segunda tentativa, com uma pega rija e o grupo pronto e eficaz.

    Manuel Dias Gomes apresentava-se na praça de Vila Franca como matador de toiros mas a excelência de seriedade do seu lote, impôs respeito a mais para o toureio que é permitido em Portugal. Primeiro tendo em conta que por cá não se tem a sorte de varas, e depois, se tivermos por comparação que ainda há dias, uma das maiores figuras mundiais do toureio, lidou toiros provavelmente escolhidos e “rescolhidos”, e que em trapio ficariam muitos furos abaixo dos que saíram a Manuel em Lisboa. Vale-nos por isso a valentia e a disposição com que este jovem português se predispôs a lidar toiros com 570 e 560 kg, respectivamente, e com o triplo da cara que os saídos à dita figura numa outra praça. Inicialmente, até tinha em sorte tocado um avacado com 500 kg, que desde o primeiro instante denotou ser do mais malvisto possível. Informação possivelmente, que não viajou à velocidade da luz até à ‘presidência’, que apenas o mandou devolver após a tentativa (só ficou meio par) do primeiro par do tércio de bandarilhas. Lidou então o previsto sair em último, toiro com sentido, descomposto na flanela, também descomposta pelo vento, e não se viram mais que alguns passes soltos. Frente ao sobrero, animal sério, um ‘tio’, Manuel andou mais disposto, sendo que qualquer um ficaria de coração nas mãos diante daquele toiro. Ainda se deixou apanhar com aparatosa voltareta mas cresceu o toureiro ao castigo, arrimou-se e logrou alguns pormenores de bom toureio.

    De destacar os bons pares de bandarilhas de Cláudio Miguel e João Ferreira, ambos a saírem a saudar nas vezes que intervieram.

    Dirigiu a corrida Rogério Jóia, sem problemas numa corrida que iniciou com um minuto de silêncio em memória de Mestre David e José Zúquete. 

    Resta o agradecimento da equipa Naturales à empresa que gere a Palha Blanco, na forma como tratou desta ‘parceria’ que associou a corrida do Colete Encarnado ao festejo do nosso 15º aniversário.