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    Crónica de Moura - 'Sem foco...'


    'Sem foco...'


    Em época popular, de Santos e festividades, a Praça de Toiros José Almeida, em Moura, inaugurou oficialmente a sua temporada.

    Após as intempéries que se sentiram durante o início da temporada, e com todos os malefícios que daí se retiram, a calendarização habitual ficou condicionada, e as corridas que se deram 'fora do seu prazo' nem sempre constituíram motivo para a sua celebração.

    Moura, e numa noite agradabilíssima de verão, albergou uma importante lotação (meia casa composta), tendo em conta o jogo de Portugal, que por infortúnio dos azares teve de ir a prolongamento e atrasou ainda mais o espectáculo, (22:42h quando se iniciaram as cortesias),  mas cujo balanço artístico não correspondeu às (poucas) expectativas levantadas, faltando um 'foco' em mais de três longas horas de corrida.

    Lidou-se um curro de Branco Núncio, cumpridor no que concerne a apresentação, mas com diferentes estirpes no que respeita a comportamento. Com acentuada falta de fundo, sobrepondo-se a casta à toureabilidade, o que, e em prol da emoção do espectáculo, também é necessário.

    Luís Rouxinol abriu a apelidada 'Guerra de Esporas', e 'guerra' teve logo com o 'Núncio' que enfrentou, com 570Kg. Na fase inicial revelou-se pronto, mas depressa se rachou e selecionou as tábuas como os seus terrenos. Tentou a sesgo construir lide, mas não logrou uma efectividade assertiva.
    O quarto, com 575Kg, revelou inconstância nas investidas e falta de franqueza nas viagens. Fixou-se nos médios e raramente saiu quando o toureiro mandou, fazendo-o em 'contra-estilo'. A 'Viajante' pisou terrenos de compromisso e arrancou dois curtos de bom nível, com o 'Núncio' já rachado mas a sair com casta. Fechou com um par e palmo montando o 'Antoñete', tendo agradado ao conclave.

    Sónia Matias não logrou uma noite auspiciosa em Moura. O seu primeiro, com 600Kg, 'berreón' e investindo a 'cabezazos' nos capotes, foi um manso com génio e perigo, adiantando-se várias vezes à montada da cavaleira, num labor intermitente e irregular.
    O quinto foi voluntarioso e nobre, tomando por vezes a iniciativa de arrancar-se. Sónia andou mais intencional montando o 'Sultão', com o condão de conectar com as bancada, mas as passagens cobradas careceram de um maior aprumo e correção.

    António Brito Paes voltou a evidenciar progressos, com uma equitação segura e elegante e uma quadra preparada e com notória qualidade. A fechar a primeira parte teve pela frente um abanto, disponível em algumas abordagens mas que nem sempre lhe permitiu explanar o seu toureio, faltando 'chispa' e uma maior predisposição. A encerrar a noite, e longa que ia, teve pela frente um 'Núncio' com falta de fijeza e rectidão, que não foi uma 'irmã de caridade' e não perdoou nos erros. Brito Paes porfiou para chegar a um patamar de salutar mas a lide careceu de constância e regularidade, cobrando um bom curto a fechar, que foi epílogo de sua actuação.

    Nas pegas, e em disputa pelo Troféu Câmara Municipal de Moura, rivalizaram os Grupos de Forcados Amadores de Moura, Póvoa de S. Miguel e Beja, com o troféu a ser entregue à jaqueta da Póvoa.

    Pelo Real de Moura abriu praça Rui Branquinho, que efectivou uma pega correcta e bem consumada ao primeiro intento, com o grupo exemplarmente a fechar; O 'Núncio' lidado em quarto lugar não foi fácil, e ocasionou momentos difíceis para o Grupo da terra. Xavier Cortegano realizou duas tentativas, tendo sido dobrado por Cláudio Pereria, que sofreu violento derrote e foi dobrado pelo Cabo Valter Rico, que fechou seguro no quarto intento.

    Os Amadores da Póvoa venceram o troféu em disputa pelo forcado Fábio Madeira, com um desempenho correcto à primeira tentativa, fechando-se firme com o grupo a responder coeso; Na primeira pega do grupo o forcado Marco Ramalho, colhido perto de tábuas, foi dobrado por Albino Martins, que efectivou desempenho no segundo encontro.

    Pelos Amadores de Beja, Ricardo Castilho logrou dois desempenhos de altíssimo nível. Soberbo no cite, com uma reunião poderosa e um par de braços implacável aguentou vários derrotes, saindo desfeiteado num momento em que faltaram ajudas a fechar. Na segunda tentativa, e igualmente poderoso e firme, voltou a realizar uma tentativa impactante e meritória, com um grande primeira ajuda, tendo o grupo respondido de forma positiva. 
    A Guilherme Santos coube o último toiro da noite, e os erros cometidos nas duas primeiras tentativas foram pagos nos intentos seguintes, com o animal a revelar-se ordinário, bronco e perigoso. Após algumas tentativas frustrantes, Luís Eugénio (na dobra) consumou desempenho com o grupo a conseguir imobilizar o toiro.

    A corrida foi dirigida por Agostinho Borges, faltando um critério mais apertado no que concerne a outorgar voltas e música, fulcral para um espectáculo que começou com um atraso considerável e terminou já quando a exaustão se fazia sentir na bancada.

    Pedro Guerreiro