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    Uma década desde a reabertura do Campo Pequeno - Rui Bento Vasquez: "Aos 10 anos já cheguei..."


    Comemoraram-se no passado dia 16, dez anos sobre a data de reabertura da Praça de Toiros do Campo Pequeno, após as obras de reabilitação do edifício. Uma nova fase, uma nova vida, para um dos mais belos e emblemáticos espaços de Lisboa.

    Dez anos depois, o NATURALES colocou ao principal rosto da organização dos eventos taurinos no Campo Pequeno, Rui Bento Vasquez, algumas questões sobre o que foi esta década, como gestor taurino da primeira praça do país.









    NATURALES: Realiza-se amanhã, a Corrida de Toiros comemorativa dos 10 anos da reabertura da Praça de Toiros do Campo Pequeno. Quando o convidaram para ser o gestor taurino do CP alguma vez lhe passou pela cabeça que iria estar, pelo menos, dez anos nesta posição?
    RUI BENTO VASQUEZ: Naturalmente que não poderia dizer se estaria no cargo 1 ano, 5 ou 10, mas nesse momento estava certo de que a minha maior ou menor permanência no lugar se ficaria a dever a alguns factores que, conjugados, ditariam, por certo a duração da minha continuidade à frente da Direcção de Tauromaquia da SRUCP. Desde logo, a confiança em mim depositada sucessivamente renovada pelas administrações (tanto a dos investidores no projecto, Drs. Goes Ferreira, Henrique Gonçalves Borges e Henrique Pina Borges, como a actual Administradora Judicial, Dr.ª. Paula Resende), fruto dos bons resultados obtidos. Sem pretender ser juiz em causa própria ou narcisista, estou convicto de que ao longo destes 10 anos restitui-se ou ultrapassou-se mesmo o prestigio da primeira praça de toiros do país, reconhecida nacional e internacionalmente, e por onde têm passado as principais figuras mundiais do toureio. As pessoas lideram os projectos enquanto conseguem criar valor para esses mesmos projectos. Esse tem sido o nosso objectivo e um objectivo plenamente alcançado. Aos 10 anos já cheguei, acompanhado pela minha equipa. O Campo Pequeno é um desafio, mas um desafio muito especial: Mais do que um desafio diário, é um desafio horário…

    NATURALES: Que maiores dificuldades sentiu ao longo desta década como gestor da primeira praça do país?
    RBV: Seduz-me pouco falar de dificuldades. Prefiro falar de soluções e de desafios e, nestas matérias específicas, dá-me especial alento cada vez que consigo conciliar posições aparentemente inconciliáveis. O mundo da tauromaquia rege-se por regras e procedimentos muito específicos e existem duas condições muito importantes para buscar consensos, duas condições que aprendi enquanto matador de toiros e que fui aperfeiçoando ao longo da vida: Mão esquerda e jogo de cintura. Conciliar os interesses dos diversos “actores” da cena tauromáquica é difícil, mas não tem sido impossível. Defendo sempre posições em favor da festa e em defesa da dignidade dos seus intervenientes, qualquer que seja o seu estatuto profissional ou condição artística.



    NATURALES: E no que pensa ter contribuído para melhorar, não só no Campo Pequeno mas para a tauromaquia nacional, com o trabalho que tem sido feito nestes 10 anos?
    RBV: Como primeira praça do país, o Campo Pequeno sabe o papel que tem de desempenhar no contexto empresarial do sector tauromáquico, papel esse balizado por procedimentos de rigor e exigência. Num momento em que a tauromaquia é atacada de forma explicita recorrendo a argumentos falaciosos, para não empregar directamente a palavra falsos, recordo, por exemplo, a acção mobilizadora do Campo Pequeno na travagem do projecto inicial do governo em fazer subir o IVA dos espectáculos tauromáquicos de 6% para 23% conseguindo aqui o”mal menor” ou seja, que o agravamento do IVA se ficasse pelos 13%.Mas outras acções, mais ou menos visíveis de defesa da festa, têm sido levadas a cabo com a discreta intervenção desta empresa, em articulação com as estruturas representativas do sector.

    NATURALES: Foram inúmeros os cartéis montados nestes 10 anos de Campo Pequeno. Várias foram as figuras que vieram à nossa catedral do toureio, vários foram os motivos de interesse... Que cartel ficou por montar nestes 10 anos?
    RBV: Há sempre um ou mais cartéis que ficam por montar….Ainda não consegui trazer o José Tomás ao Campo Pequeno….mas também não desisto. Só sei que, quando concretizar esse objectivo, irei estabelecer outro, ainda mais “ligeiramente impossível” para que constitua mais um desafio e mais um factor de diferenciação e afirmação do Campo Pequeno no contexto tauromáquico mundial.



    NATURALES: Que balanço se faz após uma década à frente da principal praça portuguesa?
    RBV: Balanço muito positivo. Por aqui têm passado e obtido êxitos sonantes as maiores figuras mundiais do toureio a cavalo, êxitos esses que repercutem positiva e significativamente nas respectivas carreiras. Idem para o toureio a pé, para os forcados e para as ganadarias. Esses resultados têm ainda repercussão na conquista e de novos aficionados, tanto jovens como turistas que se encantam por esta especificidade da vida e cultura dos portugueses que é o gosto pela tauromaquia, assim como o crescimento do número de abonados. Temos criado vários pólos de interesse à volta da tauromaquia, como sejam a Academia de Toureio, destinada a preparar jovens que queiram abraçar a profissão, ou estimular o conhecimento da arte de tourear por simples aficionados. Inaugurámos o Museu Tauromáquico que tem sido um êxito e, a dias de encerrar o primeiro ano de existência, registou já perto de 15 mil visitantes oriundos de 94 países. Melhorámos o site do Campo Pequeno e criámos a Campo PequenoTV, sendo nós a única praça de toiros no mundo que dispõe de um canal de TV temático. Inovámos dentro da tradição e temos sido recompensados por esse esforço.



    NATURALES: Que 3 momentos destacaria destes dez anos?
    RBV: Gostaria de destacar o espectáculo da reinauguração, a 16 de Maio de 2006. Esplendoroso na sua concepção foi uma demonstração cabal da multifuncionalidade do “Novo Campo Pequeno”. O segundo momento…ainda não aconteceu, ou seja: será a corrida de amanhã, a qual tem para mim, pessoalmente, um enorme significado. Entre estes dois factos ou momentos, como se lhe queira chamar, coloco o extraordinário triunfo de “El Juli”, a 18 de Junho do ano passado, triunfo esse que considero essencial para o rejuvenescer do toureio a pé em Portugal.

    NATURALES: Temos um Rui Bento preparado para mais 10 anos como gestor do CP?
    RBV: Respondo-lhe com um verso de Camões: “…se a tanto me ajudar o engenho e a arte”.