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    Crónica de Évora: Ambiente, ritmo e interesse no 57º Concurso de Ganadarias

    Évora abriu pela primeira vez esta temporada as suas portas para uma das corridas mais queridas dos aficionados, o Concurso de Ganadarias, na sua 57ª edição, fazendo dele o 'mais antigo e de maior prestígio'.

    Contudo, longe vai a tradição de uma praça cheia em dia de concurso, corrida que angariava o aficionado mais conhecedor, vindo muita gente das redondezas e que punham a velhinha praça de Évora à cunha, ampliando o mau estar que proporcionavam as suas bancadas mas de quem ninguém se queixava, pois ter conseguido bilhete, já era uma sorte.

    Este ano, notou-se também a ausência de  uma ou outra ganadaria 'tradicional' neste concurso, mas como "quem não tem cão caça com gato", o espectáculo deu-se, mesmo após adiamento por causa do futebol, resultando a corrida com ambiente, ritmo e muito interesse.

    O júri (não anunciado em praça!!) compôs-se dos próprios ganaderos com reses a concurso, que assim deliberaram entregar os prémios em disputa de Apresentação e Bravura, ao toiro nº 482 da ganadaria Veiga Teixeira.

    Se ao ser dado a conhecer o nome do 'mais apresentado', o público ficou indiferente, o mesmo não se pôde dizer quando anunciado o 'mais bravo', com alguns aficionados a discordarem.

    Na verdade, bravos não os houve, houve dois menos mansos que transmitiram, dois que se deixaram, um 'esperto' e outro 'chato'.

    Ao de Veiga Teixeira, gordo (575 kg) mas de pouca cara, não caiu mal o título da 'Bravura', sendo que foi um animal que se predispôs a investir com raça, arrancando-se ao cite do cavaleiro que teve por diante, fazendo-se sério até romper na investida, foi uma rês exigente, que pedia ofício, e teve-o! E porque os 'bravos' não têm que ser necessariamente os mais 'fáceis' das corridas...ganhou o prémio de melhor toiro da corrida.

    Mas não cairia mal também, se tivesse sido outorgado ao último toiro da noite, o de Pinto Barreiros, (525 kg) bem apresentado, córnea aberta, codicioso, voluntarioso, sempre fixo na montada, ainda que tivesse feito o 'feio' de raspar na arena por algumas vezes.

    O de Cunhal Patrício (525 kg) foi em tipo da ganadaria, pequenote, um toiro cumpridor mas que veio de mais a menos com o decorrer da lide.

    O Branco Núncio (585 kg) de pouca cara, e que se adiantava às montadas, transmitiu pouco nas reuniões e foi algo distraído.

    Da ganadaria Passanha (555 kg) veio o mas complicadote da corrida, um toiro alto, bem apresentado mas que não se empregava nas sortes, reservado, incerto de investida, manso aos arreões...resumindo, um 'chato'.

    O toiro da ganadaria David Ribeiro Telles (630 kg), alto, pesado, badanudo, foi animal nobre, com mobilidade, em tipo e comportamento do encaste murube.

    Nas lides houve empenho por parte dos três artistas.

    Que o diga Luís Rouxinol que deixou elevado o nível do espectáculo com a sua primeira actuação frente ao Veiga Teixeira. Mal foi dado o toque de saída ao toiro, o gesto do 'capotes para dentro', indicou que se preparava uma sorte gaiola. Assim foi! Correcto e eficaz o primeiro comprido (ver vídeo abaixo). Nos curtos, tocou música após o primeiro, e com a estrela 'Viajante', empolgou as bancadas com o valor e o poder da égua, aguentando a curtas distâncias na cara do oponente, que exigia muito coração da 'Viajante' e do toureiro, na espera que num impulso a rês se arrancasse, resultando de grande nota a ferragem. Rematou com um bom palmito e empolgou as bancadas com uma grande lide. Menos sorte teve com o segundo do seu lote, um toiro cujas 'qualidades' foram sacadas com esforço, e consentindo alguns toques no 'Douro', tal a aspereza e instabilidade de investida. Ainda assim, o cavaleiro de Pegões resultou inspirado, destacando-se pelo terceiro curto, a ir por terrenos de dentro. O público, reconhecendo o esforço de Rouxinol, soube ainda exigir-lhe um palmito e o par, aplaudindo-o de pé.

    João Moura Caetano teve primeiro pela frente o toiro de Cunhal Patrício, com o qual andou voluntarioso. Montando o 'Temperamento', o cavaleiro predispôs-se a cites de praça a praça, para depois partir calmo ao toiro, abrir o quarteio e deixar a ferragem no sítio. Esquivou-se dos remates das sortes. Voltou a ter actuação asseada frente ao de David Ribeiro Telles, aproveitando-se da nobreza da investida do toiro para 'brilhar' na brega. Nos curtos, fez uso do 'Xispa', e ainda que voltasse a andar cumpridor na ferragem, faltou 'chispa' à sua actuação. Uma lide que chegou pouco às bancadas pese embora o empenho do cavaleiro e uma ferragem conseguida.

    João Telles Jr. teve que ter olhos bem abertos ao primeiro do seu lote, o de Branco Núncio. Depois de uma passagem em falso, com o 'engano' a mandar o toiro para fora da sorte, Telles Jr. viu o animal adiantar-se à montada no primeiro curto que cravou de boa nota. Ressentiu-se o toiro, que voltou a cortar caminho ao segundo, acabando por transmitir menos na reunião, e perseguindo pouco após a ferragem. Acabando por se 'reservar' o toiro à investida, optou Telles Jr. para rematar actuação com dois violinos. Frente ao último da noite, o de Pinto Barreiros, pôde o jovem cavaleiro da Torrinha tirar mais partido de uma actuação que veio de menos a mais e ganhando ajuste na colocação da ferragem, com sobriedade na brega e escolha dos terrenos. Terminou função, citando de largo, dando vantagens ao toiro e cravando um palmito que chegou às bancadas.

    Nas pegas, viveram-se grandes momentos por parte de dois valorosos Grupos, os de Montemor e os de Évora.

    Pelos Amadores de Montemor, deu início às funções o cabo António Vacas de Carvalho com uma boa pega à primeira tentativa; seguiu-se um pegão de Manuel Ramalho também ao primeiro intento e onde se destacou a boa primeira ajuda de Joaquim Murteira Correia; e fechou a noite por este Grupo, o Francisco Borges, também ele a consumar ao primeiro intento, com uma pega rija.

    Pelos Amadores de Évora pegaram, Dinis Caeiro à primeira e a aguentar fortes derrotes; João Pedro Oliveira consumou muito bem à segunda, depois de no primeiro intento o toiro ter sido violento e ter despejado o Grupo já nas tábuas; e Ricardo Sousa, depois de um primeiro intento em que o toiro arrancou pronto e não conseguiu efectivar, consumou à segunda com mais ofício.

    Dirigiu a agradável corrida e sem problemas, o sr. Agostinho Borges, tendo o espectáculo tido início com 10 minutos de atraso, facto que o público soube contestar.