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    Entrevista a Joaquim Brito Paes: "Eu não me inspiro em nenhum toureiro, inspiro-me sim nas qualidades de todos os toureiros"


    Joaquim Brito Paes é um jovem toureiro, cavaleiro amador, que carrega um apelido com história na Festa.

    O NATURALES quis saber um pouco do que é o seu quotidiano, os seus gostos e a sua predisposição enquanto toureiro. Aproveitando o 'timing' de estar a dias do seu primeiro compromisso deste ano, quisemos saber também quais as suas convicções e expectativas para a corrida de sábado em Beja, cujo seu nome está rodeado de 'colossos' do toureio.

    Um rapaz humilde, dedicado, fiel a si próprio e às suas motivações.


    'O meu toureio é frontal, baseado numa brega eficaz mas ao mesmo tempo vistosa e actual. Eu não me inspiro em nenhum toureiro,  inspiro-me sim nas qualidades de todos os toureiros.'

    Naturales: Inicia a sua temporada de 2016, no próximo sábado em Beja, numa corrida de peso e um cartel de extrema importância. Como se encara um desafio destes, ombrear com Luís Rouxinol, Andy Cartagena e Moura Jr.?
    Joaquim Brito Paes: Sim, é  verdade, inicio a época com uma corrida importante para mim. Sinto-me  naturalmente responsável porque sei que os aficionados estão com os olhos postos em mim,  mas também irão seguramente ajudar e desculpar algum erro porque sou cavaleiro amador e ainda estou pouco rodado.

    N: O Joaquim tem ligações familiares a Beja. Lidará na castiça 'Varela Crujo', local onde a sua família sempre foi admirada e respeitada, um novilho de seu pai. O peso de uma dinastia e de um público que conhece particularmente a família Brito Paes é algo motivador ou cria um maior sentido de responsabilidade?
    JBP: Tenho um carinho especial pela praça de Beja, por dois motivos: primeiro por o meu avô ter tirado a alternativa nesta mesma praça; em segundo por ter sido a minha apresentação em público. Por um lado é motivador porque a nossa família tem grandes ligações à terra de Beja,  por outro lado a responsabilidade aumenta pois tenho um nome a defender. Tenho que agradecer ao meu pai pois foi ele que me cedeu o novilho.

    N: E depois de Beja, já tem previstos mais espectáculos na sua agenda?
    JBP: Está tudo dependente desta corrida de Beja.

    N:  Na passada temporada destacou-se na categoria de cavaleiro amador. Isso deixa-o ainda mais motivado para 2016?
    JBP: Evidentemente que sim. O reconhecimento quer da parte da crítica quer da parte do público é sempre muito motivador.


    'Quanto mais críticas houverem maior será a margem de evolução e progresso'

    N: E a prova de praticante estará para breve?
    JBP: Para já não está nada pensado.

    N: O Joaquim é filho e irmão de cavaleiros, considera isso uma vantagem ou uma desvantagem?
    JBP: Vejo uma grande vantagem. os conhecimentos são naturalmente melhores e maiores, por outro uma desvantagem porque a responsabilidade aumenta.

    N: E qual deles é o seu maior crítico?
    JBP: Quanto mais críticas houverem maior será a margem de evolução e progresso. Tenho que agradecer a toda a minha família e amigos que são eles que fazem as críticas no dia a dia, e são eles  quem me ajudam a crescer neste mundo tão difícil.

    N: Que tipo de toureio gosta de praticar? E quem são os cavaleiros em que se inspira? 
    JBP: O meu toureio é frontal, baseado numa brega eficaz mas ao mesmo tempo vistosa e actual. Eu não me inspiro em nenhum toureiro, inspiro-me sim nas qualidades de todos os toureiros.

    N: E como está de quadra?
    JBP: A quadra é ampla e de qualidade porque o meu irmão põe ao meu dispor todos os seus cavalos,  que estão muito bem arranjados, pois ele é um cavaleiro extraordinário. Falta-me um cavalo que foi importantíssimo na época 2015 e que neste momento está em recuperação.


    N: Para além do toureio que outras ocupações tem?
    JBP: As minhas ocupações estão quase sempre ligadas aos cavalos e daí não vão sair... Gosto muito do campo, gosto muito da caça às lebres de corricão,  e como toda a gente,  gosto de estar  com os meus amigos.

    N: Sendo um jovem ligado ao campo, ao meio rural e ao toiro sente por vezes algumas dificuldades, por exemplo no meio escolar, relativamente à sua profissão de toureiro por parte dos colegas e professores?
    JBP: Cada pessoa tem o seu gosto e o meu é a Tauromaquia. Há professores e colegas que aceitam muito bem a minha opinião, mas claro que também há professores e colegas que não concordam, mas nunca tive nenhum problema...

    N: Como vê as condições para o futuro da Festa enquanto toureiro?
    JBP: Com alguma apreensão. Alguma coisa terá que mudar no panorama tauromáquico e social e nós toureiros temos que nos esforçar ao máximo para conseguir alcançar o estatuto de ídolos.



    Fotografias: Florindo Piteira/Vítor Besugo @NATURALES